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A NanoMetallis evita o desperdício de alimentos com nanopartículas aplicadas aos polímeros

Betina Neves - 24 out 2018
Raquel e Milton Bugs: doutores em biofísica molecular e empreendedores à frente da NanoMetallis
Betina Neves - 24 out 2018
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A NanoMetallis pensa grande, mas trabalha com algo microscópico. Com uso da nanotecnologia, criou nanopartículas funcionalizadas que oferecem novas propriedades a diversos materiais, dentre eles o plástico. O portfólio da empresa conta com nanopartículas que garantem maior resistência ao material, inibem a ação de bactérias, fungos e raios UV, e ainda conferem uma barreira de oxigênio, vapor de água e efeito hidrofóbico. Muitas destas propriedades têm tudo a ver com a cadeia do plástico e, não à toa, a startup foi uma das aceleradas pelo Braskem Labs Scale 2018.

“Segundo o IPEA, calcula-se que 50% da perda de produtos alimentícios ocorra no manuseio e no transporte. Com uma embalagem mais eficiente você evita danos aos alimentos e assim também o desperdício”, diz Raquel Bugs, fundadora da NanoMetallis.

Uma vez nos mercados, produtos (como queijos, carnes e saladas prontas) embalados com o plástico “aditivado” com as nanopartículas ou embalagens ativas,  durariam mais tempo nas prateleiras dos supermercados — e, depois, na geladeira de casa.

Doutores em biofísica molecular, Raquel e Milton Bugs conheceram a nanotecnologia quando trabalhavam no Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia em Campinas (SP). O casal de cientistas se encantou com as possibilidades que esse campo oferece para resolver problemas do setor produtivo e diminuir o impacto ambiental dos processos.

Na última década, as nanopartículas têm sido adotadas de diversas formas pela indústria — desde incrementar a eficiência de protetores solares até a fabricação de concreto de alto desempenho para construir arranha-céus. No setor alimentício, já são usadas, por exemplo, para aumentar o tempo de conservação de bebidas e alimentos e tornar garrafas de vidro menos propensas à quebra.

O problema identificado pela NanoMetallis é que a grande maioria das nanopartículas produzidas nesses casos é feita a partir da prata. “A prata modifica a cor dos produtos e tem menor estabilidade em relação a nanopartícula de óxido de zinco”, diz Raquel.

A nanopartícula que a NanoMetallis desenvolveu para adicionar ao PVC ou a outros polímeros, por outro lado, tem como matéria-prima o óxido de zinco, substância biocompatível que faz parte na nossa nutrição diária e não é nociva ao meio ambiente.

“De acordo com uma regulação recente da União Europeia, a nanopartícula de óxido de zinco é 500 vezes mais segura do que a de prata quando estamos falando de embalagens em contato com alimentos”, diz Raquel.

A ideia é que a nanopartícula ajude a diminuir infecções alimentares, já que mata 99,99% das bactérias e 99,9% do mofo comum. Além disso, faz com o que o alimento não “grude” na embalagem e saia facilmente sem deixar resíduo, o que contribui para a reciclagem.

“Quando você destina um plástico para reciclagem não significa que de fato vá acontecer: se o plástico estiver muito contaminado com restos de alimentos não tem como reciclar.”

A NanoMetallis começou a tomar forma em 2013, mas se estabeleceu de vez em 2016. Depois de muito trabalho dentro do laboratório para validação e certificação dos resultados, a empresa, agora em busca de investidores, foi acelerada pelo Braskem Labs Scale 2018.

“O programa foi essencial para a autoestima e o direcionamento da empresa. A aplicação da nanotecnologia é muito ampla e a Braskem nos ajudou a focar e entender as necessidades do mercado. Queremos ser transparentes com o consumidor e oferecer uma tecnologia mais segura possível.”

Hoje, as nanopartículas ainda têm uso relativamente comedido e não há no Brasil quem fabrique nanopartícula de óxido de zinco em larga escala. Volume de produção é outro diferencial da NanoMetallis: a startup consegue produzir 100 kg ou mais de nanopartículas em um dia, o que permite expandir muito sua aplicação no mercado.

O plástico deverá ser só uma das áreas de atuação da empresa, que também desenvolveu, por exemplo, um catalisador que modifica a cadeia de produção do biodiesel, alcançando um produto final mais eficiente e sustentável. Estão em fase de pesquisa soluções tão diversas como uma bolsa de sangue que ajuda a prevenir contaminações hospitalares e um solado que aumenta a durabilidade dos sapatos.

“As possibilidades são infinitas. Algumas pretendemos trabalhar nós mesmos; em outros casos, devemos vender o processo de produção, como no caso do biodiesel.”

No momento, o objetivo é focar no desafio de buscar novas parcerias e criar cases relevantes com a aplicação da nova tecnologia em polímeros.

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