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ColOff: um case no uso do plástico para ajudar a saúde das pessoas

Bruno Leuzinger - 9 maio 2016
Eliézer e Carolina no Braskem Labs 2015: "supermentoria" e ganhos em visibilidade e no alcance do produto
Bruno Leuzinger - 9 maio 2016
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A história de empreendedorismo do casal Carolina Fagundes e Eliézer Machado Dias está ligada a um drama familiar. Em 2005, a mãe dela, a coreógrafa Ivonice Satie, foi diagnosticada com câncer colorretal em estágio relativamente avançado. O que já estava ruim ficou pior depois que um erro médico levou ao entendimento de que as sessões de rádio e quimioterapia tinham dado resultado. Na verdade, o câncer vinha espalhando-se pelo corpo. Em 2007, não havia muito a fazer além de cuidar da qualidade de sobrevida da paciente.

Em meio à angústia, Carolina começou a pensar em como tornar mais digna e confortável a coleta para os frequentes exames de fezes da mãe, que serviam para monitorar o tumor. Instrumentadora cirúrgica com passagem por importantes hospitais de São Paulo, saiu à cata de kits de coleta no mercado, mas não encontrou nenhuma opção satisfatória. A saída foi improvisar. “Ela comprou um saco estéril, um saco esterilizado desses que vendem em casas cirúrgicas, recortou um círculo numa das paredes, assepsiou o banheiro e revestiu o assento com o saco”, diz Eliézer.

Pense no forro descartável que os banheiros públicos mais limpinhos fornecem para evitar que você encoste o bumbum diretamente sobre o assento do vaso sanitário. A solução que Carolina bolou era quase igual, mas com um único furo na face de cima, deixando a face de baixo intacta para recolher as fezes – garantindo assim a assepsia da coleta e a qualidade da amostra. Antes de falecer, em agosto de 2008, aos 57 anos, Ivonice sugeriu à filha que patenteasse a ideia, que poderia ajudar outras pessoas.

Pegada sustentável

“A Organização Mundial de Saúde recomenda que qualquer pessoa faça o exame de pesquisa de sangue oculto nas fezes a partir dos 50 anos”, diz Eliézer. “O câncer de intestino e colorretal é o segundo que mais mata no Brasil e no mundo. Mas se você descobre o sangue oculto, faz a colonoscopia, biopsia, retira, cauteriza e acabou. É curável em 90% dos casos.”

Convencida a transformar a tristeza em uma “vingança do bem”, Carolina decidiu levar à frente o conselho materno: fazer de sua ideia caseira um produto comercial. Designer gráfico, Eliézer no início apenas atendia aos pedidos de ajuda da esposa. Sugeriu, por exemplo, o projetista que desenvolveu a máquina (“um pequeno dinossauro”) para fabricar o protótipo. Como as demandas eram cada vez mais frequentes, o marido embarcou na empreitada. “Eu fui evangelizado a empreender com ela!”, brinca.

Eliézer encarregou-se do naming e do logotipo, e assim começava a nascer a ColOff, nome da empresa e do produto. Usou sua bagagem com produção de peças gráficas para investigar qual seria a matéria-prima ideal. A resposta, ele descobriu, era o polietileno de alta densidade – um plástico, aliás, que você conhece muito bem. “O ColOff é feito com o mesmo material das sacolinhas de supermercado. A diferença é que hoje usamos o Plástico Verde I’m Green™, da Braskem, o que dá um footprint, uma pegada sustentável muito grande. A cada tonelada fabricada, o polietileno verde captura 2,15 toneladas de gás carbônico.”

O casal conseguiu a validação de um laboratório, que testou o produto internamente. Com isso e o protótipo em mãos, os dois foram bater na porta do Hospital Albert Einstein, em busca de uma parceria comercial. Era o início de 2010, eles nem tinham aberto empresa e cada um seguia em seu respectivo emprego. “Em duas semanas, o Einstein aprovou o produto. A partir daí, o negócio ficou sério”, diz Eliézer. “Saímos a campo prospectando, era um mercado que a gente não conhecia. Aprendemos na unha.” Decididos a se envolver com o ecossistema de inovação, incubaram por dois anos a ColOff no Cietec.

“Em 2015, surgiu essa oportunidade de participar do Braskem Labs.” A experiência no programa de aceleração trouxe ganhos para a ColOff, inclusive em termos de mídia espontânea – algo fundamental para empreendedores iniciantes, que ainda dispõem de pouca ou nenhuma verba de marketing. “Além de uma supermentoria e todo o apoio com a cadeia do plástico, com automação industrial, com relações institucionais e governamentais, o Braskem Labs nos trouxe uma visibilidade muito grande”, diz Eliézer. “No ano passado, acho que saímos em mais de 50 publicações. Isso nos deu um aumento considerável do alcance do produto.”

Negócios na Oceania

Por ser uma reprocessadora de plástico, a empresa consegue manter uma estrutura bem enxuta, com apenas dez funcionários, além do casal; há ainda dez representantes autônomos, que cuidam de vendas. Os clientes são hospitais, laboratórios, grande redes de farmácias e drogarias. No varejo, o produto está disponível na forma de um kit coletor, que inclui pote, espátula, pipeta (para amostras de urina) e uma unidade do ColOff, o forro usado na coleta. O preço varia entre R$ 3,50 e R$ 5. “Mesmo com a crise, estamos vendendo bem”, diz Eliézer. Ele não revela faturamento, mas estima as vendas em 50 mil unidades/mês.

Dois anos atrás, eles começaram a exportar para Austrália e Nova Zelândia. “Estamos em sete grandes redes de nursing home, cada uma delas pode ter de 50 a 500 lares de idosos.” Agora em maio de 2016, a empresa entregará a primeira remessa para os Estados Unidos, destinada a um laboratório do Alabama. Há conversas em andamento com Canadá, Alemanha, Catar, Cingapura – e a possibilidade de expandir exponencialmente os negócios na Austrália, onde uma licitação para um programa nacional de rastreamento do câncer pode turbinar as vendas da empresa. “Se acontecer vai ser muito legal, vamos vender alguns milhões de ColOffs.”

Para os candidatos ao Braskem Labs 2016, Eliézer dá alguns conselhos. “Reserve um tempo razoável para fazer a inscrição de maneira que você fale com a sua audiência. Descreva exatamente qual é a oportunidade, o problema e a solução que você dá com a sua ideia. E, para quem for selecionado, a dica é o título do livro do Howard Schultz, o empreendedor da Starbucks: dedique-se de coração. Você vai sair do Labs com um networking incrível, mas tem que buscar fazer o seu melhor. Então vá de peito aberto. Mesmo que seja preciso manter um pouco os pés no chão, como quem diz ‘não vou esperar nada’, trabalhe para que você alcance tudo.”

***

Atenção, empreendedor! Se a sua empresa quer impactar positivamente o mundo, as inscrições para o Braskem Labs 2016 estão abertas e vão até 15 de maio. Inscreva-se!

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