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Com foco e criatividade, ela criou a La Patiss e democratizou o consumo de macarons

Fernanda Cury - 27 out 2017
"Todas as nossas colaboradoras são mulheres, negras e da baixada fluminense", conta Bárbara
Fernanda Cury - 27 out 2017
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Formada em sociologia, Bárbara e Silva Gregório Voelckel lecionou no ensino médio e universidade, e foi pesquisadora na área. Mas acabou abandonando o doutorado no 2º ano e passou a trabalhar como a “faz tudo” na empresa de informática de seu marido. Até que um curso revelou um novo mundo e novas possibilidades. Assim ela se tornou a Bárbara Voelckel e abriu no Rio de Janeiro a sua própria empresa, a La Patiss. Uma das participantes do programa de mentoria do Itaú Mulher Empreendedora, Bárbara compartilha aqui sua história, desafios e aprendizados.

Como surgiu a ideia de empreender e montar a La Patiss?

Eu era completamente apaixonada por macaron, aquele docinho francês à base de biscoito de amêndoas. Era um doce extremamente elitista no Brasil, associado a confeitaria de luxo. Custava um absurdo e pouca gente fazia ou conhecia. Eu sempre fui relativamente boa cozinheira e mesmo assim sempre que tentava fazer macaron em casa era um desastre. Meu marido se sensibilizou com a minha persistência e me deu de presente de aniversário um curso em São Paulo. Fiz o curso e, um dia, minha professora ligou dizendo que tinha uma pessoa que queria comprar macaron no meu bairro (subúrbio do Rio), e perguntou se eu aceitava encomendas. Aceitei e, através dessa cliente, vieram outros. Era só o boca a boca mesmo. Com o crescimento da empresa, minha irmã Aline, que trabalhava na área de saúde e tinha uma carga horária flexível, passou a me ajudar nos dias de folga, e acabou se tornado minha sócia. Logo depois a equipe aumentou, a cozinha do meu apartamento ficou apertada e alugamos uma casa para a empresa.

Como funciona a empresa?

A gente fabrica exclusivamente macarons no nosso pequeno ateliê em Nova Iguaçu. Como não temos loja física entregamos nossos macarons no Rio e Grande Rio através de portador próprio. Vendemos a partir de 20 unidades, para atender a clientes que não sejam de eventos grandes. E disponibilizamos, via parceria, um ponto de retirada na Zona Norte do Rio para os clientes que não querem pagar pela entrega. Temos uma equipe bem enxuta: três pessoas na cozinha, uma no comercial, outra no administrativo e um portador. Além disso, minha irmã, Aline, se tornou minha sócia na empresa.

Quais os diferenciais da La Patiss?

Nossa proposta é desconstruir a imagem de que macaron é um doce inacessível, consumido apenas por quem tem alto poder aquisitivo. A gente entende que é um doce antes de tudo delicioso, e apesar de ter um processo de produção complexo, ele pode e deve ser consumido por todos que gostem. Temos uma presença e um engajamento grande da nossa clientela (principalmente mulheres), nas redes sociais. Todos os pedidos hoje são feitos por Whatsapp, Facebook, Instagram ou telefone. Além disso, a gente trabalha com adaptações e customizações para atender à demanda especial de festas e eventos: fazemos macarons de todas as cores e em formatos diferentes. Todas as nossas colaboradoras são mulheres, negras e da baixada fluminense e, para facilitar o transporte desse nosso time, disponibilizamos um carro da própria empresa.

Como foi no início da sua jornada empreendedora?

Eu tinha muitos medos. O primeiro e maior deles era não ter legitimidade para fazer e vender macarons já que não sou confeiteira de formação. No Rio meus concorrentes tinham sobrenome estrangeiro, enquanto o meu sobrenome é “e Silva Gregório”. Todos os grandes confeiteiros estão localizados nas áreas nobres do Rio, e eu morava no subúrbio, no Andaraí. A primeira coisa que eu fiz foi adotar o sobrenome do meu marido: virei Bárbara Voelckel nos cartões de visita e no site. Depois, me concentrei em parecer o mais profissional possível, mesmo que trabalhando em casa e de forma um pouco improvisada. Tínhamos linha de telefone própria, portador uniformizado, pedidos formalizados através de sistema, nota fiscal para todos os pedidos.

Qual foi seu principal desafio nesse começo?

O mercado de macaron praticamente não existia no Brasil. Não existiam embalagens nem corantes especiais específicos para esse produto. A gente precisava contar com uma rede de amigos que traziam bons insumos quando voltavam de viagens ao exterior. Uma das maiores dificuldades era comprar uma estrutura plástica (conhecida como torre) para arrumar os macarons. Por isso eu tentei convencer dois fabricantes de embalagens no Rio a acreditar no crescimento do mercado e passar a fabricar essas embalagens, mas eles não se interessaram. Depois conversei com um fornecedor de São Paulo, ele acreditou na ideia e somos grandes parceiros até hoje. Atualmente ele fabrica embalagens de transporte, caixas de presente e estruturas para macaron que ele desenvolveu a partir do nossa necessidade tem feito um sucesso imenso. Essa parceria trouxe muitos frutos para ambas as partes.

Alguma estratégia foi deixada de lado durante sua jornada empreendedora? 

Empreender é uma questão de opções mesmo. Às vezes a gente começa um negócio muito intuitivamente e, no processo é preciso abrir mão de pequenos projetos ligados ao negócio. Eu adoraria, por exemplo, ter tempo para investir mais em mídias sociais e marketing. Mas o administrativo financeiro ainda me exige bastante tempo e dedicação. Tenho muitos planos, mas agora preciso priorizar e escolher as estratégias essenciais que vão fazer a empresa crescer sólida.

Em relação à gestão, quais foram e são suas principais dificuldades, e como você lida com elas?

Tive muita dificuldade para delegar, e percebo que, o meu caso, ela está relacionada ao perfeccionismo. Aprendi finalmente que as coisas devem ser bem feitas, mas que a perfeição não existe. Além disso, um aprendizado constante é aprender a delegar a parte operacional, para me dedicar às questões estratégias. Ainda hoje, se não me controlo, acabo realizando uma ou outra tarefa operacional. Outra superação é assumir o controle financeiro da empresa, essa ainda é a parte que me dá menos prazer. A questão é organizar a rotina, todo dia fazer um pouco e não deixar acumular. E lembrar que quanto mais organizada estiver a gestão financeira da sua empresa, mais chances você terá de realizar seus objetivos. Outro obstáculo foi a relação emocional com os funcionários. Tento ser objetiva, compartilhar minhas preocupações antes da tomada de decisão. Por exemplo, a decisão de demitir duas funcionárias foi feita em conjunto: eu, minha irmã e duas funcionárias da cozinha conversamos e optamos pela demissão, pois entendemos que somos antes de tudo uma empresa precisa ser produtiva. Mas acredito que ter sócios da mesma família seja a parte mais delicada. E muito difícil tratar objetivamente os problemas de trabalho quando envolvem familiares. As decisões são sempre mais difíceis. Aquele ditado: não contrate quem não pode demitir é muito válido. O mais importante é tentar tratar todos os problemas da empresa com objetividade, e apenas no local e horário de trabalho.

Quais seus planos para o futuro?

Investir nas vendas em atacado para atender padarias e buffets de outros estados. Este seria um grande diferencial no mercado. Também quero investir num equipamento pra impressão em macarons.

Para saber mais:

La Patiss: www.lapatiss.com.br

Instagram e Facebook: la.patiss

O que faz: Produz macarons tradicionais ou personalizados para festas e eventos de todos os tamanhos e vende coque de macarons (apenas a bolachinha, sem recheio) para padarias e buffet.

Sócios: 2

Funcionários: 6

Sede: Nova Iguaçu

Início das atividades: 7 anos

Investimento inicial: R$ 5 mil

Contato: [email protected]

Esta matéria pode ser encontrada no Itaú Mulher Empreendedora, uma plataforma feita para mulheres que acreditam nos seus sonhos. Não deixe de conferir (e se inspirar)!

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