A falta de tempo é um dos principais motivos da indecisão de muitos apaixonados por cães na hora de decidir entre ter ou não um mascote em casa. Principalmente se o futuro dono morar em um apartamento e tiver pouco tempo para passear com o bichinho. Dessa necessidade surgiu o serviço de passeador de cães, profissional que nos acostumamos a ver no cinema e que hoje é cada vez mais comum nas grandes cidades. O serviço geralmente tem vínculos com pet shops, mas na era da internet com geolocalização, por que não oferecê-lo online? Essa é a ideia do DogWalk.
A empresa carioca é um dos braços da Aham! Comunicação Interativa, startup digital dos sócios Marcelo Arthur, Leandro Escobar e César Peres. Do escritório de coworking no bairro das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, os três tocam o site da DogWalk, que nasceu inspirado pelo crowdsourcing e hoje já tem mais 1 600 inscritos. Marcelo, diretor comercial da empresa, ressalta o quanto a credibilidade é importante quando o assunto é cachorro: “A confiança das pessoas no serviço é essencial. Por isso, todos os passeadores cadastrado devem ser qualificados por quem já utilizou o serviço”.
O site funciona de forma simples: o usuário se cadastra, procura pelo endereço os passeadores mais próximos disponíveis, avalia seus perfis e entra em contato de acordo com a sua preferência de data e horário. Para os profissionais que oferecem o serviço, há também um espaço para uma descrição de sua forma de trabalho, como formação ou experiências profissionais anteriores, fotos e tabela de valores. “Desde o início sabíamos que os donos deveriam se sentir seguros ao deixar seus animais com alguém, por isso checamos todas as informações do cadastro”, diz Marcelo.
COMO INOVAR NO SATURADO UNIVERSO PET?
Antes de apostar nos amigos de quatro patas, a empresa dos sócios cariocas tinha um outro objetivo: atender aos pais que precisam encontrar babás instantaneamente. Depois de pesquisas sobre o mercado de serviços para crianças, o grupo decidiu que seria arriscado demais montar uma plataforma realmente confiável para que o histórico das babás pudessem ser verificados. “Vimos que os donos de cachorros deveriam confiar no nosso site tanto quanto os pais confiam numa babá, mas já existem muitas agências de babás e competir com elas seria uma dificuldade a mais. Com os passeadores, teríamos mais chance de expandir o negócio”, lembra Marcelo. As coisas funcionam na base da reputação. Se o passeador não faz um bom trabalho, se tem uma má avaliação dos clientes, e se fornece dados falsos ou não apresenta seus antecedentes criminais ou referências, é impedido de trabalhar com o site.
A concorrência da DogWalk, na teoria, seriam as pet shops que já oferecem o serviço de passeios. No entanto, o empresário garante que os donos das lojas não criam dificuldades para a utilização da plataforma, e alguns deles foram de grande ajuda na primeira fase de divulgação. “Eles não se sentem ameaçados, porque nosso serviço também ajuda os profissionais deles, com os perfis e avaliações”, conta.
O que é preciso para ser um passeador bem avaliado? Na opinião dos sócios, o primeiro pré-requisito é amar os animais e transmitir segurança ao dono do cão. Depois, ser pontual e conhecer o mínimo de controles durante o passeio — essencial também para os donos que ainda não praticam as famosas regras de “gurus” como Cesar Millan ou Alexandre Rossi.
Se existem tantos apaixonados por cães, que atendem a essas características, é natural que o DogWalk não só cresça como plataforma como também ajude que cada vez mais pessoas possam oferecer o serviço de passeador. Quando a plataforma ainda estava em fase beta, no início deste ano, o acordo de pagamento era feito diretamente entre o contratando e o passeador. Ambos “se encontravam” pela DogWalk, e depois mantinham contato por email e negociavam valores e formas de pagamento, que costumava girar em torno de 25 reais.
Agora, se for de comum acordo entre as duas partes, o pagamento também pode ser feito online, usando a empresa como intermediadora — a DogWalk fica com uma comissão de 10% do valor, sendo esta a única fonte de receita da operação. A nova funcionalidade deu uma cara mais profissional à empresa, que já conta com passeadores em sete estados brasileiros (Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Santa Catarina, Sergipe, Paraná e Rio Grande do Sul). Conforme os cadastros são expandidos, o mapa da DogWalk ganha novos pontos de referêcia. Os valores também são mais diversos, dependendo do porte do cachorro, experiência do passeador etc.
O sistema de pagamento online ainda ganhou mais uma etapa que contribuiu para o crescimento do site: um relatório sobre o passeio, que deve ser preenchido pelo profissional após a devolução do animal, para só depois receber o dinheiro depositado pelo cliente.
O DESAFIO DE SER SIMPLES
O espírito da Aham! Comunicação Interativa, segundo os próprios sócios, é jovem e sedento por novas formas de explorar a economia criativa. Marcelo fala a respeito:
“Nosso negócio é simples. Queremos facilitar a vida dos donos e oferecer oportunidades para quem quer ganhar uma renda extra passeando com eles. No fim, todo mundo ganha”
Principalmente os cães, que não perdem suas caminhadas diárias. O pouco tempo do projeto mudou completamente a perspectiva dos criadores. Em abril, quando o DogWalk era uma aposta promissora, Marcelo mal sabia quanto a empresa poderia lucrar no primeiro ano. Quatro meses depois, já são esperados 50 mil reais de faturamento, tendo em vista o crescimento rápido de cadastros e demanda do serviço. Paralelamente, ele os dois sócios ainda querem promover campanhas de adoção e “cãominhadas”, estimulando cada vez mais a relação entre os apaixonados por cães, reforçar a importância dos passeios para a saúde dos cães, além de divulgar a DogWalk que, para eles, ainda é um filhote cheio de energia.