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Ela criou um app que poupa até 60% de água e 30% de energia na irrigação do campo

Fernanda Cury - 9 dez 2016
Mariana, da Agrosmart: vitória sobre outros 500 projetos em concurso da Singularity University
Fernanda Cury - 9 dez 2016
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Filha de um produtor rural, Mariana Vasconcelos já acompanhava, ainda menina, os desafios do dia a dia no campo. A garota que cresceu assistindo a dedicação constantemente de seus familiares com a plantação cresceu, e, depois de formada em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Itajubá/MG (UNIFEI), atuou em diversas áreas ligadas à internet e ao conceito de geração de dados no setor industrial.

Mas em 2014, com apenas 23 anos, ela encontrou uma forma de integrar a área de tecnologia à agricultura e fundou, com os sócios Raphael Pizzi e Thales Nicoleti, a Agrosmart, empresa que monitora as plantações para auxiliar o agricultor em uma melhor tomada de decisão. “Esse interesse surgiu ao detectar a necessidade dos meus pais de melhorar a agricultura. Neste meio as decisões costumam ser tomadas com base na intuição e no conhecimento que foi passado de geração em geração  e até mesmo no comportamento do vizinho. Mas eu percebia a necessidade de ter fatos concretos e de entender melhor o ambiente, para tomar decisões que realmente correspondessem às necessidades da lavoura”, conta.

A Agrosmart

A empresa desenvolveu uma ferramenta cujo principal objetivo é proporcionar uma economia de até 60% no uso da água e 30% no uso da energia necessária para a irrigação de espaços rurais, impactando consideravelmente os lucros e otimizando os recursos naturais. “O aplicativo é capaz de monitorar, por meio de sensores na terra, mais de dez variações ambientais, como chuva e umidade do solo. Em seguida é feito um relatório com recomendações ao agricultor em relação à quantidade de irrigação necessária para sua plantação, além da propensão de pragas e doenças. O sistema ainda oferece mais flexibilidade para o produtor rural, que consegue se manter conectado com sua plantação e, ainda assim, realizar outras tarefas, já que não é necessário estar 100% do tempo no campo”, conta Mariana.

A tecnologia, comercializada desde novembro de 2015, já está presente em várias regiões do Brasil e participa de alguns projetos internacionais. “Para nossos clientes os resultados financeiros estão ligados ao aumento de produtividade e economia de recursos de economia elétrica e de água”.

Superações

Mariana conta que não foi fácil conquistar a confiança do mercado. “Atuamos em uma área que demanda tecnologia, mas que ainda funciona de uma maneira mais tradicional, intuitiva. Foi preciso comprovar que realmente valia a pena investir naquela determinada tecnologia. Além disso, por sermos jovens e trazermos algo novo para o mercado, enfrentamos resistência e tivemos que lidar com o ‘ver para crer’. Nossa estratégia foi entrar na plantação, fazer um piloto e demonstrar a eficiência. Mas isso retarda a implantação final da tecnologia”.

Apesar de ter encontrado certa resistência por ser mulher, a empreendedora acredita que o cenário está mudando. “Vemos muitas mulheres empreendendo e liderando várias corporações. Temos que ser persistentes e mostrar na prática que fazemos as coisas acontecerem. Dessa forma conseguiremos conquistar nosso setor e atrair pessoas que acreditam no nosso propósito, que é mudar a vida no campo”.

Rápida ascensão 

Segundo Mariana, o crescimento acelerado se deve ao fato da empresa atuar em uma área que apresenta desafios relevantes, com temas como a crise hídrica, mudanças climáticas, necessidades de aumento de produção por conta do crescimento populacional. “O mundo inteiro está olhando para esses problemas. Isso atraiu a atenção e hoje somos considerados expert em agricultura digital. Além disso, estamos focados na sustentabilidade e acreditamos que seja possível criar um negócio rentável e, ao mesmo tempo, gerar um impacto positivo tanto no meio ambiente quanto na vida das pessoas. Acho que foi essa preocupação que fez com que a gente atraísse os investidores e o reconhecimento de diversas instituições”.

Outro fator que favoreceu o crescimento da Agrosmart foi o fato de conhecerem profundamente o cliente, já que boa parte da equipe tem familiares que são produtores rurais, e acompanham de perto as necessidades do setor. “Assim, criamos algo simples e com uma abordagem fácil, para falar a linguagem desse produtor”.

Apoio e reconhecimento

“A primeira parte da nossa história foi exatamente a entrada no programa Startup Brasil, que é um programa que une bolsas do CNPQ com o programa de aceleração da Baita, em que escolhemos uma aceleradora”. Essas etapas foram essenciais para a história da Agrosmart, pois o recurso da Startup Brasil permitiu o desenvolvimento de todo o negócio, viabilizando a contratação de pesquisadores experts na área de tecnologia e agronomia, ajudando a criar um produto que tivesse entrada no mercado. Já o processo com a Baita trouxe uma visão de negócio, mostrou como transformar um projeto em algo real. “Através da Baita nos associamos a EsalqTec, uma incubadora da Esalq que é uma das melhores faculdade de ciências agrárias do país. A partir daí tivemos mais acesso à faculdade, aos experimentos para validação do nosso produto e também estar presente na região de Piracicaba, que é referência com AgTech Valley, na qual fazemos parte”.

Mariana e seus sócios participaram, também, do concurso Call To Innovation da Singularity University, no qual são lançados desafios para grandes problemas da humanidade, em busca de projetos inovadores. “Em 2015, o tema foi a crise hídrica e entre 500 projetos fomos os vencedores. Como consequência passamos um período de imersão no Singularity University e fomos convidados para o programa de transferência de tecnologia com a NASA. Essas experiências ampliaram nossos horizontes e permitiu um contato maior com o mercado internacional, o que está possibilitando expandir nossos negócios para fora.

A Agrosmart também participou do Thought For Food, um movimento global de jovens que estão pensando no futuro da agricultura, e conta com um suporte da ONU e de grandes empresas agrícolas que tenham a preocupação de alimentar 9 bilhões de pessoas que estarão no mundo em 2050. “Fomos finalistas desse projeto e passamos um período na Suíça. Parte do nosso time se tornou embaixadora do movimento e nos posicionamos como expert em agricultura digital, o que tem facilitado a aproximação e a parceria com grandes empresas do agronegócio”.

No início de 2016 a Agrosmart recebeu investimento da SP Ventures, um dos melhores fundos de AgTech no mundo, que conta com várias empresas de agro no portfólio. “Assim recebemos recursos para nos estruturar comercialmente e conseguimos levar nossas ideias para a rua. A partir daí começamos a montar uma equipe comercial e passamos a desenvolver canais em várias regiões do Brasil para que conseguir levar essa solução para diversos produtores rurais”.

Mas além de expandir, Mariana pretende investir na criação de novos produtos. “Iniciamos com o manejo inteligente de irrigação, mas já estamos entregando previsão do tempo, imagem de satélite, previsão de praga, sensores para detectar doenças. Estamos ampliando nosso portfólio e o futuro é se consolidar como um Hub de tomada de decisão no campo, além de expandir internacionalmente. Para isso, no próximo ano vamos levar uma nova rodada de investimento, que viabilizará o posicionamento do negócio no mercado e a expansão para o exterior”.

Para saber mais:

Agrosmart: https://www.agrosmart.com.br/ 
O que faz: Desenvolveu a técnica de cultivo inteligente, capaz de monitorar as variações ambientais. Sócio(s): Mariana Vasconcelos, Raphael Pizzi e Thales Nicoleti
Funcionários: 16
Sede:  Campinas- SP
Início das atividades: 2014
Contato: mariana@agrosmart.com.br

 

Esta matéria pode ser encontrada no Itaú Mulher Empreendedora, uma plataforma feita para mulheres que acreditam nos seus sonhos. Não deixe de conferir (e se inspirar)!

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