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Empresas B, ONGs, Negócios de Impacto… Entenda o beabá do empreendedorismo social

Fernanda Cury - 21 jul 2016 Fernanda Cury - 21 jul 2016
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Um termo que tem ganhado muita força é a tal Nova Economia, dentro desse novo ecossistema empreendedor os Negócios sociais ganham cada vez mais força. ONGs, Empreendedorismo Social, Empresas B, Economia Circular! Para entender melhor estas questões, batemos um papo com a Silvia Luz, coordenadora de projetos do Social Good Brasil, uma organização sem fins lucrativos que inspira, conecta e apoia indivíduos e organizações para que tenham aspectos inovadores na solução de problemas sociais como a erradicação da pobreza, o combate à desigualdade e injustiça e a contenção das mudanças climáticas.

Negócios de Impacto

Para Silvia, o principal objetivo dessas empresas é utilizar seu poder de mercado para solucionar algum problema social e ambiental. ”Elas oferecem intencionalmente soluções para a sociedade, é o seu core business. Não se trata de ação de responsabilidade social ou filantropia. De acordo com a Carta de Princípios para Negócios de Impacto no Brasil, desenvolvida pela Força-tarefa de Finanças Sociais, Negócios de Impacto são empreendimentos que têm a missão explícita de gerar impacto socioambiental ao mesmo tempo em que produzem resultado financeiro positivo de forma sustentável”, explica. Neste sentido, é preciso seguir algumas regras, como:

– Explicitar o compromisso com a missão social e ambiental (este deve ser seu objetivo central);

– Identificar sua Teoria de Mudança (como a atividade da empresa irá alcançar o objetivo desejado), monitorando-a e reportando-a publicamente a todos os públicos de relacionamento, periodicamente;

– Atuar com um modelo de operação comercial voltado à sustentabilidade financeira. Isso deve ocorrer, principalmente, por meio de receitas dos produtos e serviços. Caso o resultado financeiro viesse basicamente de doações, o negócio seria na verdade uma ONG, sem fins lucrativos, focada apenas no impacto social ou ambiental.

– Ter compromisso com a governança efetiva, como transparência e participação. Ou seja, deixar claro o funcionamento de processos tanto para stakeholders (acionistas) quanto para a sociedade.

Segundo Silvia, os Negócios de Impacto podem, inicialmente, utilizar recursos filantrópicos ou subsidiados, essenciais para o alcance de seu equilíbrio financeiro de curto e médio prazo. “Entretanto, devem também demonstrar em seus planos de negócios e nos relatórios de resultados subsequentes a capacidade em desenvolver atividades econômicas sustentáveis por meio, por exemplo, da atração de investidores e contratos comerciais de maior porte e duração”.

Organizações Não Governamentais

As ONGs são entidades de interesse social que apresentam como característica em comum a ausência de lucro e o atendimento de fins públicos e sociais. Isso significa que a organização não tem o lucro de suas operações distribuído entre os associados, porém pode almejar retorno financeiro dessas mesmas operações. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, uma ONG pode gerar caixa, contratar funcionários, vender produtos e serviços. A diferença é que esse tipo de constituição contábil, não permite que ela distribua os lucros, o que faz com que todo faturamento gerado pela empresa tenha que ser reinvestido na própria empresa, aumentando o numero de pessoas impactadas por sua atuação, por exemplo. A diretoria estatutária de uma ONG, diferente de uma empresa normal, não pode ser paga, deve trabalhar de forma voluntária.

Empresas B

Tratam-se de empresas que utilizam sua força na solução de problemas sociais e ambientais. “Elas são guiadas por um propósito de bem comum, que gera benefícios para todos os envolvidos (pessoas e meio ambiente) e não apenas para seus acionistas. Ou seja, as Empresas B combinam o lucro com impacto socioambiental positivo, aspirando ser as melhores empresas para o mundo”, explica Silvia. Os requisitos para ser uma Empresa B são:

– Estar constituída como empresa e ter no mínimo 6 meses de faturamento.

– Comprometer-se com a melhoria contínua no: Meio ambiente / Pessoas / Comunidade / Governança / Modelo de negócios.

– Estar disposta a passar pelo processo de certificação, realizado pelo B Lab, que é rigoroso, dinâmico e transparente e alcançar no mínimo 80 pontos.

– Disponibilizar todos os documentos necessários para demonstrar seu impacto, trazendo esse propósito maior para seu Estatuto / Contrato Social.

“Além de melhorar a imagem do negócio, se tornar uma empresa B pode trazer outras vantagens, como a otimização das práticas produtivas e inovadoras. Além disso, passa a fazer parte de uma comunidade global de empresas que possuem sinergia de propósito, atração de investidores e atender a crescente geração de pessoas (clientes mais conscientes) que desejam ir muito além do consumo passivo de ideias e bens, são aspectos muito positivos”.

Empresa B e ONGs: papéis distintos

Segundo Silvia, a principal diferença está ligada à rentabilidade. “A maioria das ONGs ainda depende de doações ou subsídios e o foco principal não está na obtenção de lucro, mas na prestação do serviço. Qualquer arrecadação maior que o uso deve ser revertida para ampliar atendimentos, melhorar a qualidade atual ou novas aplicações com a mesma finalidade. Já as empresas B possuem um modelo de negócios que garante a rentabilidade e não depende de doações ou subsídios. Além disso, as ONGs têm legislação específica e desde que obedeçam aos critérios definidos por leis e decretos, podem ter imunidade ou isenção fiscal. Nas empresas B o lucro, ou seja, a sobra de recursos apurada entre receitas e despesas, pode ser distribuído aos sócios ou mantido dentro do negócio para o seu desenvolvimento. No entanto, toda empresa B necessita tornar pública a sua pontuação obtida na certificação (B Impact Assessment), se comprometer com a recertificação a cada 2 anos e ampliar sua responsabilidade fiduciária – maximizando o cuidado dos investidores, permitindo a internalização dos custos das externalidades.

Cinco dicas para se tornar uma empreendedora de impacto social positivo?

Segundo Carol de Andrade, Diretora executiva Social Good Brasil, é importante:

1. Apaixonar-se pelo problema

Você deve conhecer profundamente seu problema antes de propor uma solução. Quem tem um negócio de impacto social deve focar em melhorar a vida das pessoas e não em fazer sucesso com um produto. “Estude. Entenda o problema e apaixone-se por ele”.

2. Encarnar o público-alvo

Entenda bem as pessoas que se beneficiarão com sua solução. Existem duas ferramentas que podem ser úteis nessa missão: a elaboração de um mapa de empatia, que elenca os sentimentos, dores, ações e objetivos de quem será atingido por seu trabalho, e a criação de personas, um personagem que seja um retrato do seu público-alvo e que ajude o empreendedor a ver o que se passa na cabeça de outras pessoas.

3. Criar um modelo de negócio viável

Apesar de ter o lucro em segundo plano, um negócio de impacto social continua sendo um empreendimento. Portanto, a empresa deve se sustentar sozinha. Não há problema em contar com ajudas externas como o crowdfunding, por exemplo. “É importante pensar em modelos de negócios com fontes de receitas mais amplas. O que importa é que a receita seja recorrente”.

4. Validar suas hipóteses

A empatia é importante para que o empreendedor se coloque no lugar do seu público-alvo. Mas esse exercício de empatia vai apenas formular hipóteses do comportamento e da preferência de quem desfrutará de sua solução. O próximo passo é validá-las. Para isso, converse com seu público. Vá para a rua. “Não fique planejando tudo de dentro do escritório. Construa uma solução junto com seus usuários e não para eles. Esta é a melhor forma de validar seu projeto”.

5. Não ter medo de errar e mudar

Na validação do negócio, você perceberá que o exercício de empatia é eficaz, mas que pode haver erros. Nessa hora, não tenha medo de mudar seu projeto e criar algo diferente. Lembre-se: o objetivo de um negócio de impacto social é solucionar um problema e não desenvolver uma solução. Aliás, mesmo após lançar seu protótipo, correções poderão ser feitas e isso é normal. “A fase inicial de uma startup é puro aprendizado. Não tenha medo de mudar, tente outros caminhos”.

Se pararmos para analisar, vamos perceber que um negócio sempre impacta pessoas. Você já analisou como sua empresa atua em relação aos seus fornecedores, clientes, funcionários ou até mesmo a comunidade que ela esta localizada? Mesmo que você não seja um empreendedor social, vale a pena verificar e rever continuamente os pontos de melhorias nesse cenário. Concorda?

Esta matéria pode ser encontrada no Itaú Mulher Empreendedora, uma plataforma feita para mulheres que acreditam nos seus sonhos. Não deixe de conferir (e se inspirar)!

 

 
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