Excesso de metas pode prejudicar. A coach Lella Sá recomenda foco para organizar melhor o ano

Mario Barra - 18 jan 2017
Lella sugere no máximo três grandes metas para o ano. "Mais que isso é irreal", diz
Mario Barra - 18 jan 2017
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A chegada do fim do ano nos leva a pensar sobre planos futuros e erros do passado. Muita gente leva consigo desejos, reflexões e promessas até as ondas das praias durante o réveillon, onde esses pensamentos pulam junto, dentro de nossas cabeças. Mas, infelizmente, por muitas vezes eles permanecem ali, sem voltar à margem, boiando sem nunca ser concretizados.

Evitar o afogamento de ideias e ajudar seus clientes a enxergar o farol da próxima ilha é o que motiva a coach Lella Sá. Ela é criadora do Travessia, um programa que auxilia participantes insatisfeitos com a vida a entender o que querem e usar um conjunto de ferramentas para rumar na direção certa – além de aproveitar melhor o seu tempo. A especialista usa um método durante os cursos que também alude à navegação: a metodologia “Bússola Interna”, que ajuda as pessoas a fazer a travessia do sonho à realidade.

A dica que Lella dá a quem quer mudar de vida para o próximo ano é clarear as ideias. “A primeira coisa a se fazer é identificar o que você quer ser nesse futuro próximo. Pensar sobre o que já foi construído, o que já se conquistou. Ninguém parte do zero”, diz a facilitadora. “Depois a pessoa pode colocar, no máximo, três grandes metas para o próximo ano. Mais que isso é irreal.”

Lella explica que são vários os perfis de pessoas que buscam ajuda para encontrar novos rumos. “O que mais as aterroriza é o medo de dar errado, o medo de arriscar. Quando não é isso, quando já existe a coragem, talvez lhes falte a disciplina”, afirma. “Há ainda a possibilidade da pessoa não saber onde quer chegar, mas pelo menos já conhecer o que não quer ser, o que já é uma vantagem.”

Uma prática simples e, a princípio, despretensiosa pode ajudar: a criação de um mural de anotações. Nele são escritas as metas relevantes a serem alcançadas, em geral como fotos e frases que simbolizem o ponto que a pessoa queira alcançar. A anotação ajuda a esboçar um plano para os decididos e serve para as pessoas mais confusas observarem melhor as opções que possuem.

Um dos motes mais utilizados por Lella para incentivar pessoas é “trabalhar com significado”, defendendo, entre outras coisas, que elas saibam separar as paixões dos talentos. Mesmo que todos queiram controlar o barco, nem todos nasceram para ser timoneiros. Saber reconhecer limites é um dos passos para mudar, de acordo com Lella. “Talento é aquilo que fazemos bem, não só o que queremos. É preciso aliar as duas coisas, paixão e talento”, afirma.

E para quem descobriu o que quer, mas não sabe como criar ânimo para começar a remar, Lella acredita que a vontade possa ser exercitada, como se fosse o músculo de um marinheiro. “Compromissos diários, semanais e mensais, ao serem postos, ajudam a pessoa a fortalecer a vontade, criam a sensação de importância e urgência”, explica. “A vontade é uma consequência de pensar e de sentir. Ela vai primeiro à cabeça, depois desce ao coração e, só então, alcança os membros. Não vai ter ação se não tiver a vontade para ligar a mente à paixão.”

Com vontade e rota definidas, também é preciso insistir nas braçadas. “Sair da zona de conforto é a grande questão para quem quer mudar. Depois de você identificar o problema, sentir vontade de mudá-lo e começar a agir, é preciso manter o ritmo”, afirma Lella. “Os compromissos anotados devem ser renovados, a pessoa precisa se sentir sempre em movimento. A disciplina é a chave aqui e ela deve ser entendida como algo libertador.”

Envolvendo outros

E quando os objetivos envolvem outra pessoa? “Quando me perguntam o que fazer para arranjar namorado ou esposa, eu digo ‘vai fazer um curso'”, explica Sá. “Se a pessoa trabalha em um banco, não gosta das pessoas dali e só vai de casa ao trabalho, é impossível que ela encontre alguém.”

Para a especialista, tudo gira em torno da descoberta dos valores que a pessoa carrega consigo, mas que muitas vezes acabam camuflados pelo cotidiano. “Até mesmo para se achar um companheiro, a pessoa precisa enxergar bem aquilo que faz sentido e é importante para ela”, diz. “Só depois disso vem a parte mais prática, frequentar lugares mais alinhados com o que a pessoa goste e pense, onde ela possa encontrar alguém com as mesmas características.”

Mesmo quando a mudança desejada seja individual, Lella aconselha as pessoas a não se isolarem e não temerem buscar ajuda de terceiros. “Busque um grupo de apoio, ou tenha alguém que ajude você”, explica. “É o mesmo mecanismo de incentivo que vemos em todas as partes, desde grupos de corrida no parque até serviços como o A.A. [Alcoólicos Anônimos]. Essas pessoas se incentivam em comunidade.”

 

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