O bom desempenho de uma colheita está sujeito a uma série de fatores: composição do solo, mudanças climáticas, incidência de pragas, alteração de relevo – para citar apenas alguns entre tantos. Sempre foi assim. No passado, produtores já consideravam estas variáveis ao realizar testes de acidez em solos amostrados em grade, para corrigir a aplicação de calcário. Graças ao avanço tecnológico, esse e inúmeros ajustes se tornaram realidade – ou foram simplificados – nas últimas décadas.
“Já existem equipamentos capazes de fornecer informações em tempo real sobre o que está acontecendo na fazenda, permitindo uma rápida – e mais adequada – tomada de decisão”, explica José Galli, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Precision Planting, empresa subsidiária da Monsanto. Hoje, um arsenal hi-tech tem ajudado o agricultor a adequar máquinas, monitorar o solo, fazer análise do clima, otimizar a produção e reduzir impactos ambientais. Veja cinco tendências tecnológicas que estão revolucionando o campo:
1. Sensores e monitores de desempenho
São equipamentos capazes de ler e registrar uma série de dados e que podem ser acoplados a outras máquinas, como plantadeiras ou pulverizadores. Um exemplo é o monitor de plantio SeedSense, da Precision Planting, que mostra o desempenho da plantadeira e indica os ajustes necessários na máquina, evitando problemas operacionais e possíveis perdas.
Há outros equipamentos já disponíveis no mercado que otimizam a correção de solo, o processo de plantio e a pulverização das plantações. A tecnologia de sensores e monitores já é, por exemplo, uma realidade para os produtores de soja, milho e algodão da região de Campo Verde, no Mato Grosso. “Os mais utilizados são os sensores para mapeamento de plantio, aplicação de defensivos e colheita”, informa Fabio Mattioni, engenheiro agrônomo e consultor dos produtores da região.
2. Big data ou processamento de dados
São dispositivos para levantamento de dados sobre a lavoura, como limites da área de plantio e amostras de solo. Essas informações são cruzadas com outras, como atualizações do clima, por exemplo. Com isso, os produtores podem receber recomendações precisas para a calibragem de máquinas que atuam desde o plantio até a colheita da cultura.
Para se ter uma ideia, um dos principais problemas que atrasam o desenvolvimento de uma cultura é a deficiência nutricional, como a insuficiência de nitrogênio. A correção desse problema se faz pela simples aplicação do elemento. Entretanto, essa pode ser uma tarefa extremamente desafiadora devido a incerteza de informações.
O Nitrogen Advisor, um software desenvolvido pela Climate Corporation, facilita esse trabalho, pois leva em conta detalhes da gestão agrícola, do solo e da meteorologia para calcular a quantidade de nitrogênio presente na lavoura em diferentes períodos, evitando a sobreposição e o desperdício do insumo.
3. Dispositivos móveis e computadores
Com a gradativa ampliação da conectividade nas zonas rurais, o uso de smartphones e tablets no trabalho tem sido cada vez mais comum. Os primeiros impactos já podem ser sentidos, mas muitas mudanças estão por vir.
Além de facilitar a comunicação, esses dispositivos agilizam a tomada de decisões. Pense no ganho de tempo: com a ajuda dos sensores que captam as informações em campo e dos programas de análise, os gerentes ou proprietários de fazenda poderão visualizar os dados na tela de seus smartphones e tablets – a qualquer hora e em qualquer lugar. O resultado é a melhora no produto final e o aumento da produtividade.
4. Máquinas e equipamentos
Um pequeno acerto na profundidade do semeio ou na distância entre as plantas pode fazer muita diferença na hora da colheita. Eis uma das razões pela qual a engenharia mecânica e eletrônica vive em constante evolução, desenvolvendo máquinas que permitam a melhor execução das operações agrícolas.
Esses equipamentos de ponta permitem entender como todas as tecnologias aqui apresentadas são complementares umas às outras: o monitoramento das lavouras e a análise dos dados levantados determinam o ajuste – e consequente desempenho – das máquinas. Esse investimento em tecnologia de ponta não tem se restringido apenas ao grande produtor. Segundo Niumar Aurélio, coordenador de Soluções em Tecnologia Avançada na Massey Ferguson:
“A cada ano a procura por tecnologia aumenta e migra para máquinas médias e pequenas.”
5. Drones e VANTs (veículos não tripulados)
Segundo Ricardo Inamasu, coordenador da rede de agricultura de precisão da Embrapa, os veículos aéreos portáteis estão dominando o mercado brasileiro de agricultura de precisão. É o “olho do agricultor” turbinado com câmeras especiais que detectam falhas de plantio, elevações no terreno, estresse hídrico e na identificação de pragas. “Esse tipo de indicador ajuda muito a verificar necessidade de intervenções na lavoura”, diz Inamasu.
Com sensores mais precisos, os drones fazem o trabalho de sensoriamento remoto que antes só satélites e aviões tripulados conseguiam tocar. “Esses aparelhos são o sonho de consumo de grande parte dos produtores. Ainda é um investimento alto, mas a curto prazo será uma realidade nos campos brasileiros”, afirma Fabio Mattioni.
Assim como os sensores, os drones funcionam como parte essencial de uma cadeia tecnológica capaz de garantir a excelência das operações nas plantações, garantindo que a agricultura brasileira se torne cada vez mais sustentável e eficiente.