Nem makers, nem empreendedores – e um pouco dos dois: Rider e NOIX estão atrás dos fazedores

Bruno Leuzinger - 2 dez 2016
Da esquerda à direita, Rafael Acioly, Washington Santana, Junior Stive, Camila Vaz, Pedro Zylbersztajn, Fernanda Guizan, Thiago Monçores e Juliana Araújo: uma juventude conectada, resiliente, criativa e inquieta (foto: Thásya Barbosa)
Bruno Leuzinger - 2 dez 2016
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“Ser fazedor é hackear sua própria vida e escolher o prazer no que você faz. É saber a hora de experimentar coisas novas e agir de forma intuitiva e bem-humorada, sem deixar o ‘roteiro’ determinar todas as suas decisões. É escolher momentos para se jogar, se divertir, e se permitir também ao não-arrependimento.”

Quem define é Amnah Asad, uma gaúcha filha de palestino com brasileira que desde cedo correu atrás do que queria. Prometida em casamento para um primo, esquivou-se da perspectiva de uma vida tradicional e construiu uma carreira ligada a marketing e pesquisa de tendências culturais. Por oito anos, ela liderou projetos na LiveAd e Box1824, ganhou prêmios, fez curadoria para o TED@SaoPaulo e, no Rio de Janeiro, onde vive, foi Concept Leader da Flagcx, cuidando de grandes marcas. Lá, Amnah conheceu Lara Azevedo, sua sócia na NOIX (o nome traduz o sotaque chiado do carioca ao dizer “nós”).

A NOIX é parceira de Rider no Projeto Fazedores, que pretende mapear, retratar e divulgar os fazedores, uma galera que está entre os protagonista da economia criativa brasileira, tocando projetos e ideias por todos os cantos do país. “Os fazedores conseguem ocupar a rua e fazer coisas incríveis com pouco, são pessoas que muitas vezes têm vários projetos paralelos, fica até difícil dizer quem ele ou ela ‘é’.”

Esse perfil é indissociável de um modo lifeaholic de levar a vida. Nada a ver com chutar tudo para o alto e abraçar o hedonismo puro e simples. Tudo a ver com balancear o lado pessoal e o profissional, desapegando-se de certezas prévias, inventando novas formas de trabalho e fazendo uso da tecnologia para conectar-se em rede, expandindo o repertório de experiências e criando coletivamente.

Amnah ressalta que os fazedores não se encaixam na narrativa conceitual de makers e empreendedores – daí a necessidade de uma terminologia própria. “A cultura Maker carrega tecnologia e inovação, mas está associada a uma parcela pequena de pessoas com acesso às ferramentas necessárias. A palavra ‘empreendedor’, apesar da conotação ampla, tem mais a ver no imaginário coletivo com novos modelos de negócio, startups – ou seja, uma galera privilegiada e com grana.”

Nesse sentido, valorizar os fazedores é ir além dos modelos americanos e europeus de inovação para entender de verdade como a diversidade e a escassez brasileiras contribuem para a resiliência e a criatividade dessa galera. “Tem muito a ver com a ‘sevirologia’: vai lá, se vira, dá pra fazer. É o ‘jeitinho brasileiro’ sob um olhar mais bonito.”

Disseminar o modo de vida dos fazedores e o espírito lifeaholic é uma das aspirações do Projeto Fazedores, que vem identificando e convocando jovens inquietos de várias áreas do Rio para, junto com as equipes de Rider e NOIX, tomar parte nas jams criativas – uma nova forma de planejar estratégias de marca, incluindo na conversa quem só costuma ser visto como “consumidor”.

“A primeira jam foi uma jornada de co-criação de uma experiência de entretenimento, um festival híbrido e descentralizado que vamos realizar no verão, valorizando e dando voz às diversas zonas do Rio”, diz Mateus Bedin, responsável pelo marketing de Rider. “Na Jam 2, nos juntamos com fazedores da área de moda, design e artes para co-criar uma experiência de produto, que também pretende valorizar essas diferentes regiões da cidade.”

Os dois primeiros encontros ocorreram em uma residência artística no bairro de Santa Teresa e no Coletivo Goma, espaço de empreendedorismo colaborativo na Gamboa, zona portuária do Rio. A dinâmica é marcada pela horizontalidade: “Não tem aquela coisa top-down, não existe hierarquia, é todo mundo criando junto”, diz Amnah. “Acho que isso é muito o futuro do trabalho e das empresas e das marcas e das pessoas. Fazer as coisas juntos.”

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Ficou curioso? Então confira o vídeo-manifesto, acima, e o site do projeto, atualizado constantemente. E fique ligado nos próximos conteúdos para saber mais sobre essa galera que diante de qualquer desafio tem sempre a mesma resposta na ponta da língua: “dá pra fazer”.

 

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