“Nos últimos meses em que fumei, a tragada vinha sempre acompanhada de dor no peito”

Mario Barra - 27 jan 2017
Wagner não sente saudade do cigarro. "O que me faz não fumar hoje é a lembrança da dor física que senti"
Mario Barra - 27 jan 2017
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A rotina de sedentarismo e o colesterol alto deram dois grandes sustos na vida de Wagner Lucindo. Nos últimos dois anos e meio, o gerente de vendas de 66 anos superou uma cirurgia cardíaca e outra grave complicação circulatória na região do abdômen. Mas os desafios enfrentados serviram a ele como um alerta para abandonar hábitos prejudiciais à saúde e passar a levar uma vida mais saudável.

Durante o ano de 2014, Wagner começou a sentir dores na região do peito e em partes das pernas, mas a princípio não se preocupou muito. “Eu era um pouco turrão para ir ao médico. Vinha notando desconforto ao andar, mas nem imaginava o que era. Às vezes sentia muito cansaço, mesmo durante caminhadas tranquilas pela praia”, afirma Wagner, que costumava desfrutar os fins de semana na cidade de Itanhaém, no litoral paulista.

Fumante inveterado até aquele momento, o comerciante procurou saber como enfrentar as dores e recebeu uma recomendação da cardiologista que o atendeu. “Ela disse que eu precisava parar com o cigarro imediatamente”, recorda. Era algo que Wagner já cogitava, mas ouvir o conselho da médica o fez enxergar a urgência da situação. “Nos últimos meses em que fumei, a tragada já não era prazerosa, ela sempre vinha acompanhada de dor no peito.”

Com a ajuda de medicamentos e o apoio dos médicos, ele conseguiu deixar o hábito para trás. Hoje em dia, Wagner se orgulha de não sentir nenhuma saudade do cigarro. “O que me faz não fumar hoje é a lembrança da dor física que senti. Acabo associando o cigarro àquela sensação horrível que passei.”

Mas os problemas no coração persistiram. Em novembro de 2014, o cansaço e a falta de ar aumentaram, acompanhados por fortes pontadas no peito. Wagner resolveu buscar novamente ajuda médica e precisou passar por uma cirurgia para reparar cinco artérias comprometidas. Após dez dias de internação, Wagner deixou o hospital com a qualidade de vida renovada. “A resistência física melhorou muito nos meses seguintes, a sensação de cansaço diminuiu. Antes eu não conseguia sequer regar o quintal, era como se estivesse carregando um saco de cimento.”

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Exames realizados na mesma época também apontaram que a circulação em outras partes do corpo de Wagner estava comprometida. O caso mais desafiador era um aneurisma na artéria aorta, um aumento causado pelo enfraquecimento das paredes desta via circulatória em um trecho de sua trajetória pela região abdominal. Ao receber o diagnóstico dos médicos, Wagner foi alertado sobre a necessidade de uma nova operação. Ele tentou passar pelo procedimento por duas vezes, mas o acesso à região do aneurisma era muito difícil, com alto risco ao paciente.

Conformado, Wagner viveu os meses seguintes sem que o problema se manifestasse. “Aneurisma na aorta é doença silenciosa, afeta muita gente que não nota o problema. Não existe dor durante muito tempo, só quando algo agudo acontece”, diz. Mas em meados de 2016, a situação se complicou a ponto de Wagner precisar enfrentar mais uma vez o centro cirúrgico. Uma hemorragia o forçou a passar por uma intervenção às pressas. “Foi tudo muito rápido e confuso ao chegar ao hospital. É preciso agir depressa quando o aneurisma rompe”, conta. “Quando acordei, nem acreditava que estava salvo.”

Hoje recuperado da operação, ele vai aos poucos retomando a rotina caseira e as atividades profissionais. “Ainda dói um pouco para caminhar, mas minha qualidade de vida voltou a subir, agora posso fazer as coisas sem o medo na cabeça de algo dar errado”, afirma. Wagner aproveitou a confiança renovada para adotar outra boa mudança de hábito, eliminando o consumo de bebida alcoólica de sua rotina por conta própria. “Eu gostava bastante de uma cervejinha. Não houve nenhuma recomendação médica para isso, mas achei melhor assim para evitar a vontade de fumar. Ainda que eu gostasse, foi algo que precisei fazer para melhorar minha vida.”

Mesmo com os obstáculos dos últimos tempos, Wagner vislumbra mais mudanças para os anos que vêm, novos comportamentos que representem mais do que evitar substâncias nocivas. “Quero voltar a praticar exercícios físicos, trabalhar de forma um pouco mais descontraída, sair mais, fazer mais passeios. Tudo isso é o que quero para mim.”

 

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