“O que fiz em 2015. Como vejo 2016” Nossa conversa com Barbara Soalheiro, da Mesa&Cadeira

Isabela Mena - 6 jan 2016Barbara Soalheiro: "Nunca mais vai haver mais dinheiro disponível para gastar à vontade. Nunca mais vai haver tempo para planejar e planejar e planejar"
Barbara Soalheiro: "Nunca mais vai haver mais dinheiro disponível para gastar à vontade. Nunca mais vai haver tempo para planejar e planejar e planejar"
Isabela Mena - 6 jan 2016
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2015 acaba de ficar para trás. Fechou com uma inflação de 10,9%, queda de 3,6% do PIB (Banco Central) e dólar acima dos 4 reais (ante 2,80 de janeiro, quem se lembra?). A crise econômica pegou em cheio os negócios dos pequenos e médios empresários — 77% dos entrevistados de uma pesquisa encomendada pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria de São Paulo ao Datafolha dizem que temem ter de fechar seus negócios. Mas riscos sempre estiveram no cardápio do empreendedor. E nem só números se fazem os balanços do ano.

Por isso, publicamos esta série de conversas com empreendedores, makers, inovadores e criativos para saber como os negócios disruptivos se comportaram em 2015. Com as mesmas 10 perguntas para todos, queremos saber que transformações ocorreram, que aprendizados é possível tirar do ano, que estratégias foram criadas e usadas para superar dificuldades. É hora, sobretudo, de olhar adiante.

Para encerrar a série, falamos com Barbara Soalheiro, 35, fundadora da Mesa&Cadeira. Ela foi eleita uma das 10 profissionais mais inovadoras do mercado pela ProXXIma. Jornalista, foi editora da Superinteressante, diretora da Capricho e editora-chefe da Colors. É autora do livro Como Fazíamos Sem… adotado no Programa Nacional do Livro do Governo Federal.

Se você tivesse que escrever um verbete sobre a atual crise brasileira, como a descreveria?
Eu não escreveria um verbete sobre a crise. Estamos no meio dela, então é sempre mais difícil ter perspectiva. E sem perspectiva a gente acaba repetindo mais nossas crenças do que um entendimento real do que está acontecendo.

Como foi 2015 no seu quintal? Como a crise está afetando o seu negócio?
2015 foi um ano muito bom. Batemos todas as nossas metas e, mais importante, nos divertimos muito trabalhando ao lado de gente que admiramos demais. A gente vem fazendo Mesa sem parar e entregando coisas de uma potência muito grande. O nosso negócio é entregar excelência e 2015 foi o ano em que o mercado entendeu a importância disso.

Com que cenário você está trabalhando para 2016? Que medidas você tomou diante da crise?
Nenhuma medida nova diante da crise. Nossa estrutura é muito flexível, feita para o mundo em que estamos vivendo.

Nunca mais vai haver mais dinheiro disponível para gastar à vontade. Nunca mais vai haver tempo para planejar e planejar e planejar

De certa forma, a Mesa&Cadeira faz ainda mais sentido num tempo de crise, em que você precisa ter soluções realmente eficientes, sem poder contar com uma abundância de recursos.

Crise traz mesmo oportunidades ou se trata apenas de uma ameaça?
Não consigo imaginar uma pessoa que esteja olhando para o futuro e que diga que uma crise é apenas ameaça. Uma crise é uma espécie de F5. Depois que você dá o “refresh”, ninguém garante que você vai encontrar a página como ela estava antes. A crise é exatamente o momento de inventar como vai ser o próximo cenário.

Se você tivesse amanhã 1 milhão de reais para investir, o que faria com esse dinheiro?
Investiria em encontrar pessoas para trabalhar com a gente no time fixo da Mesa&Cadeira. O que a gente faz é bem complexo, porque mistura coisas absurdamente práticas (tudo o que um evento precisa) e coisas absurdamente sensíveis (dirigir profissionais muito experientes e apaixonados para entregar uma qualidade que nem eles sabiam que podiam). Nosso time precisa ser formado por gente que é capaz de entregar essas duas coisas, que talvez pareçam opostas. Não é o perfil mais fácil de achar e se eu pudesse separar 1 milhão para isso, traria muita gente pra testar logo nos primeiros meses de 2016.

Se assumisse a presidência do Brasil em janeiro, no lugar da Dilma, o que faria no seu mandato até 2018?
Não consigo nem imaginar o que é assumir a presidência de um país como o Brasil. A complexidade que deve ser navegar num sistema tão cheio de agendas ocultas, tão cheio de amarras… Algumas pessoas envolvidas com políticas públicas que já participaram de edições da Mesa saíram da semana de trabalho dizendo: temos que fazer isso para o governo! Minha resposta é sempre a mesma: sei que temos. E a hora certa vai chegar. Sinto que, de alguma forma, estamos nos preparando para isso.

O que você faz para se manter motivada em tempos como estes?
Trabalhos de alta qualidade.

O que você faz para motivar quem trabalha com você?
Acho que o time da Mesa&Cadeira é um time que se motiva pelo mesmo que eu: trabalhos de alta qualidade e a possibilidade de criar algo novo junto com gente talentosa e apaixonada.

Quais são os três pontos que mais lhe incomodam no ambiente de negócios brasileiro?
A resposta mais óbvia – burocracia – é também a que mais me incomoda. Confesso que não consegui pensar em outras duas. Acho que o Brasil é um país incrível quando estamos falando de inventar novos caminhos, de colaborar, de criar sem tanta estrutura. Então vejo mais vantagens do que desvantagens.

O que você diria para quem está nos lendo agora e pensando em abrir a sua startup ano que vem?
Daria o conselho que meu amigo e líder de Mesa Anthony Burrill já imprimiu por aí: Trabalhe duro e seja legal com as pessoas.

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