O Templo, o maior espaço de coworking do Rio, está gerando seu primeiro spin off: o Olabi, um laboratório de inovação e tecnologia que nasce com um slogan forte, “Somos todos makers”, e com três pilares inspiradores, “Experimentação criativa — Inovação de garagem — Redes e projetos de impacto”.
O Templo, fundado em 16 de dezembro de 2012 por Herman Bessler, um dropout do curso de Economia da PUC, e entusiasta da educação não-formal, com 23 anos à época, tem como foco a colaboração e o trabalho em rede, e por Iana Barenboim. O Templo atua em dois endereços no Rio: uma casa na Gávea, com 800 metros quadrados, e um casarão em Botafogo, com 400 metros quadrados.
O Olabi, nascido em abril de 2014, é a materialização de um espaço para makers que a paulistana Gabi Agustini veio desenvolver no Templo em outubro de 2013. Gabi, 30, se tornou sócia na Templo Par, a holding que controla o Templo, e que tem Herman, 25, como sócio majoritário. Os demais sócios são Iana, 23, formada em economia pelo IBMEC, que toma conta das finanças. Ronaldo Porto, 28, formado em design pela UERJ, que cuida do marketing e das parcerias. A própria Gabi, que cuida de Tecnologia e Inovacão. E Isabelle Goldfarb, 27, formada em engenharia de produção pela UFRJ, que toca a operação.
O Templo teve um investimento inicial de 80 mil reais e tem como modelo de negócio o aluguel dos espaços de coworking, oferecendo planos de uso de espaço para empreendedores que podem custar de 750 a 850 reais por mês, e a educação, oferecendo cursos como “Startech – Empreendorismo Digital”, que acontecerá em 18 e 19 de outubro próximo, e que custa 760 reais por 14 horas com Michel Lent e Nicholas Iensen. Além disso, o Templo começará em breve a oferecer cursos in-company e de mentoria para as empresas e seus executivos.
A visão do Olabi é ser um laboratório de eletrônica, robótica e marcenaria, com impressora 3D, cortador à laser e tudo que faz a alegria de um maker. Gabi, que está à frente da iniciativa, afirma que 40 mil reais foram investidos no setup do Olabi, que hoje tem custos fixos mensais de 6 mil reais. No Olabi, Gabi tem participação majoritária e tem como sócios Isabelle Goldfarb e a Templo Par.
“No Olabi, ainda estamos experimentando e tentando entender o nosso modelo de negócio”, diz Gabi. “Estamos considerando membership (programa de assinatura) para uso de máquinas e de espaço, patrocínios, cursos e atividades pagas, serviços de mentoria e serviços para empresas. Temos também um braço sem fins lucrativos, do qual a Fundação Ford já é apoiadora, em um projeto que envolve uma parceria com o Observatório de Favelas, uma pesquisa sobre cultura digital na Amazônia e outras ações que refletem sobre o impacto e as possibilidades de apropriações de novas tecnologias por comunidades periféricas.”
Gabi comenta sobre o espaço do Olabi, de aproximadamente 60 metros quadrados. “É como se fosse uma edícula dentro da nossa casa de Botafogo. Tem uma garagem embaixo, onde fica a parte de marcenaria e outros equipamentos, e a parte de cima, com móveis feitos pelo Formigueiro, um escritório de design parceiro, em projeto de open design que vai ficar aberto no nosso site. Em cima fica o nosso escritório e também rolam cursos e atividades”, diz.
Gabi se formou em jornalismo pela USP, em 2008. Trabalhou no iG, na Editora Abril e no UOL. Mas logo se apaixonou por novas tecnologias e pela cultura de rede. A ponto de escrever um paper para o Ministério da Cultura, “Intersetorialidade, descentralização e acesso à cultura no Brasil”, em 2014. Em junho, Gabi também produziu para o Ministério da Cultura a apresentação “Economia Colaborativa Criativa Conectada e Compartilhada”.
Além disso, Gabi ministra aulas de Cultura, Tecnologia e Novas Mídias no MBA de Gestão Cultural com ênfase em Economia Criativa da FGV, no Rio, de Cultura e Tecnologia no MBA de Produção Cultural e no MBA em Economia e Cidades Criativas da Universidade Cândido Mendes, e de Mudança de Cultura no MBA de Branding Innovation nas Faculdades Rio Branco, também no Rio. De tanto dar aula em cursos de mestrado, Gabi tem a intenção de fazer em breve, com foco em tecnologia e sociedade.
Em 2009, Gabi participou da experiência da Casa de Cultura Digital – iniciativa que começou com duas dezenas de pessoas e que virou um guardachuva para iniciativas de inovação digital desenvolvidas por mais de 100 empreendedores em cidades como São Paulo, Campinas, Belém e Porto Alegre. Gabi ficou na Casa de Cultura Digital até 2012.
Nesse meio tempo, se tornou consultora do Programa Empreendedorismo da Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura, com o qual mantém contratos semestrais de prestação de serviços. E se envolveu em projetos como o Fórum da Cultura Digital Brasileira. Gabi era editora da plataforma Cultura Digital BR e viajou ao Rio, em 2011, para realizar lá o Festival Internacional da Cultura Digital BR. Aquela viagem representaria uma ponte para o seu trabalho em o Templo – que desembocou no Olabi.
Gabi reflete sobre a sua trajetória no empreendedorismo. “Nunca pude abrir mão de grana. Não tinha essa condição. Até poderia ter ido mais rápido se pudesse ficar sem receber por um tempo. Mas eu tinha que me sustentar. Então também fiz coisas mais chatas, como um preço a pagar para ir adiante. Valeu a pena”, diz ela.
O Templo reúne hoje 210 empreendedores. Tem 17 funcionários e faturou em 2013 pouco mais de 1 milhão de reais. O Olabi ainda não tem faturamento previsto. Tem três funcionários e está em fase beta, de lançamento. E, novidade dentro da novidade, o Olabi está organizando um encontro Maker mundial com nome provisório de “Inovação que vem das Pontas – Diálogos Sul-Sul”. Gabi está fechando o plano de captação e pretende realizar o encontro em abril de 2015, no Rio.
Objetivo? “Promover o diálogo entre experiências que lidam com apropriação de novas tecnologias com foco em resolução de problemas locais, de diversas partes do mundo. E ainda mostrar que o discurso da tecnologia pode estar associado a uma perspectiva menos de consumo e mais de produção, e de empoderamento das pessoas para a construção dos seus sonhos”, diz Gabi. “A gente quer inverter um pouco os fluxos no eixo Norte-Sul, dentro do mundo maker”. Uma grande bandeira dentro da bandeira.
Se você é maker, agende-se para participar. Se você é sponsor, agende-se para apoiar. A cultura maker brasileira merece. E agradece.
A indústria da moda está entre as mais poluentes do mundo. Saiba como o Studio Acci ajuda grifes a serem mais sustentáveis produzindo roupas digitais para e-commerces, campanhas de comunicação e desfiles virtuais.
Neto do fundador de uma das mais conhecidas empresas de cadeados do Brasil, Gianpaolo Papaiz não se identificava com os negócios da família. Foi se encontrar em meio a kits de Arduino e lançou no fim de 2019 seu primeiro produto (ou experiência, como prefere): a Alva, uma luminária vendida em peças, para ser montada em casa.
Formada em Engenharia Florestal, Mariana Pavan “pivotou” a carreira e fundou uma empresa que estimula a autonomia, a criatividade e o consumo consciente por meio de workshops de pintura e manutenção elétrica e hidráulica.