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“Plataformas de crowdsourcing como a nossa podem antecipar o aparecimento de epidemias”

Bruno Leuzinger - 4 dez 2015
A dissertação de mestrado de Onício em Saúde Pública deu origem à empresa
Bruno Leuzinger - 4 dez 2015
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A compulsão humana por compartilhar informações pessoais, potencializada hoje por redes sociais e smartphones, pode ser uma poderosa aliada da saúde pública. Essa é a aposta da Epitrack, startup recifense que cria ferramentas participativas para controle de doenças contagiosas. “Segundo estudos publicados na Nature e em outros periódicos científicos relevantes, plataformas de crowdsourcing como a nossa conseguem antecipar em até duas semanas o aparecimento de algum surto ou epidemia”, afirma Onício Leal, de 28 anos, biomédico e sócio fundador da empresa. A Epitrack está entre as quatro finalistas do The Venture Brasil, etapa brasileira da principal competição de empreendedorismo social do planeta.

Por uma triste ironia, Pernambuco enfrenta hoje uma grave crise de saúde, com centenas de casos de microcefalia possivelmente associados ao vírus zika (transmitido pelo Aedes aegypti). Uma situação que a Epitrack pode, talvez, ajudar a evitar que se repita no futuro. A empresa surgiu de um desdobramento de um grupo de pesquisa do Instituto Aggeu Magalhães, unidade pernambucana da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “A minha dissertação de mestrado foi a origem da Epitrack”, diz Onício. Agora doutorando em Saúde Pública, ele fundou a firma em 2013 com Jones Albuquerque, PhD em computação e então seu co-orientador no mestrado. A epidemiologista Juliana Perazzo se tornou sócia em setembro de 2014.

O primeiro teste de fogo da Epitrack ocorreu durante a Copa do Mundo de 2014. Devido ao enorme fluxo de turistas, eventos de grande escala como Copa e Olimpíadas são ocasiões superfavoráveis ao surgimento de epidemias – e a empresa se preparou lançando o app Saúde na Copa. “Foi a primeira plataforma de vigilância participativa em evento de massa no mundo.” Quase 10 mil pessoas baixaram a ferramenta, criada para notificar, em tempo real, sintomas como febre, diarreia, dificuldade respiratória, vermelhidão e dores de cabeça e nas articulações. “Em dois meses, tivemos mais de 47 mil registros.” Os inputs dos usuários alimentavam um mapa que servia para monitorar potenciais focos de doenças.

O Saúde na Copa foi financiado pela Tephinet, uma rede internacional de programas de capacitação de epidemiologistas ligada ao Center for Disease Control (o centro de controle de doenças dos Estados Unidos); os 93 mil dólares que custearam o projeto funcionaram como investimento inicial da Epitrack. O sucesso atraiu a Skoll Global Threats Fund, fundação de Jeffrey Skoll, ex-presidente do eBay. A Epitrack foi incumbida de repaginar o FluNearYou.org, que desde 2011 monitora a proliferação do vírus influenza. “Desenvolvemos uma plataforma nova, a que existia era obsoleta. Eles precisavam escalar, precisavam resolver problemas de bugs.” O FluNearYou.org tem hoje 60 mil usuários ativos nos EUA e no Canadá.

A Skoll Global Threats Fund fica baseada em São Francisco. “Você pode se perguntar: ‘com o Vale do Silício no quintal, por que os caras foram procurar uma startup do Recife?’ Porque o nosso time é um misto de desenvolvedores, designers e epidemiologistas. Conseguimos trafegar muito bem entre a área tecnológica e a área de saúde pública.” A equipe soma 12 pessoas, incluindo os três sócios. Neste ano, o faturamento bruto bateu em R$ 2,3 milhões. Sob encomenda da Skoll Global Threats Fund, a Epitrack elabora atualmente o Guardiões da Saúde, upgrade do Saúde na Copa ajustado para detectar surtos e epidemias de três tipos de síndromes: respiratória, diarreica e exantemática (como sarampo e rubéola).

A plataforma será doada ao Ministério da Saúde. As pessoas poderão logar com Facebook, Twitter e Google (ou via web) e fazer relatórios em tempo real a partir de uma lista de sintomas. O plano, porém, é estimular o uso rotineiro, até por quem não apresenta problemas – nesse caso, ele ou ela terá acesso a um conteúdo de saúde pública. Para engajar usuários, a ferramenta ganhará uma roupagem especial durante as Olimpíadas e um quiz sobre esportes. Para Onício, o grande desafio é alcançar um sucesso parecido com o dos aplicativos de trânsito. “No Waze, todos querem saber onde está o engarrafamento. A ideia do Guardiões da Saúde é informar onde estão as pessoas doentes e onde estão as saudáveis.”

E aí? O que você achou da solução da Epitrack? Não deixe de votar no seu candidato a vencedor do The Venture Brasil, projeto apoiado por Chivas Regal que irá levar a melhor ideia para concorrer a US$ 1 milhão na etapa global. Vote aqui!

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