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“Queremos ser o Uber da saúde, com colaboradores médicos provendo um serviço melhor”

Bruno Leuzinger - 2 dez 2015
Nascido em Belém, Alécio cursou Ciência da Computação em Porto Alegre e fez doutorado em Frankfurt
Bruno Leuzinger - 2 dez 2015
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A distância mais curta entre dois pontos é uma linha reta. Em alguns casos, porém, encurtar a distância requer uma dose maior de engenhosidade. Esse é o desafio da i9access, empresa gaúcha de setor de telessaúde: lançar mão da tecnologia para conectar, de um lado, médicos especialistas com expertise e acesso a recursos de ponta – e, de outro, clínicas e postos de saúde em regiões periféricas, carentes de profissionais e abarrotados de pacientes que precisam de atendimento. A i9access é uma das quatro finalistas do The Venture Brasil, etapa nacional da maior competição de empreendedorismo social do planeta.

“Temos uma plataforma chamada I Care, que conecta dois pontos: o ponto de coleta de dados do paciente, como exames, monitoramento, consulta, e o ponto do especialista que provê esse serviço médico especializado”, afirma Alécio Binotto, de 35 anos, sócio fundador da empresa. Funciona assim: no “ponto de coleta”, um posto de saúde ou uma clínica popular (cliente da i9access), um clínico-geral ou um técnico de enfermagem realiza um exame, como um eletrocardiograma. Em seguida, usa a plataforma para transmitir as informações até um cardiologista, colaborador da empresa, que recebe o exame no tablet ou smartphone e interage provendo um laudo ou fazendo uma vídeoconferência, por exemplo.

Filho de um gaúcho e uma catarinense que se radicaram no Pará, Alécio nasceu e cresceu em Belém. Em 2001, mudou-se para Porto Alegre para fazer o mestrado em Ciência da Computação. Foi em 2003 que começou a trabalhar com telessaúde. No Centro de Excelência em Tecnologias Avançadas (CETA), liderou projetos de pesquisa aplicada em colaboração com o Instituto Fraunhofer, da Alemanha. Em um desses projetos, baseado no modelo alemão, a Santa Casa de Misericórdia gaúcha provia laudos de teleultrassonografia para três cidades da Ilha do Marajó – a uns 3 mil km dali, em linha reta. “Eu cresci lendo sobre pessoas que viajavam de barco por mais de 24 horas para ter acesso médico”, diz Alécio.

Depois de três anos em Frankfurt, concluindo o doutorado, Alécio retornou a Porto Alegre no segundo semestre de 2010 para dar o start na i9access com os três sócios (Cirano Iochpe, Valter Roesler e Alexandro Bordignon), que ele conhecera durante o mestrado na UFRGS. Superadas as barreiras burocráticas para cadastrar a empresa na Anvisa, o grupo botou de pé um projeto com a Secretaria Municipal de Saúde visando o acompanhamento pré-natal. “Enquanto a OMS recomenda quatro ultrassons, uma gestante da periferia de Porto Alegre fazia um.” A parceria permitiu prover teleultrassonografias em tempo real, abreviar a espera por atendimento e detectar casos de risco à saúde da mãe e do bebê.

Desde 2010, a i9 atendeu cerca de 20 mil pacientes, sobretudo nos últimos dois anos. O faturamento anual hoje gira em R$ 530 mil. O modelo de negócio é B2B: os clientes da i9access são clínicas populares, hospitais públicos e privados – não só no Sul, mas também em São Paulo, Minas, Goiás… Num acordo com a prefeitura de Búzios (RJ), a i9access fornece telelaudos de seus 12 colaboradores em Porto Alegre para atender os nove postos de saúde do balneário – médico e empresa dividem os ganhos ao meio. Mas o grosso dos clientes são unidades médicas que querem operar e oferecer os seus próprios serviços para outras clínicas e hospitais por meio da plataforma da i9access (nesse caso, a empresa recebe 20% do valor).

Em janeiro de 2015, a burocracia deu de novo as caras com a proibição da teleultrassonografia, levando a empresa a reajustar sua ferramenta. A plataforma é usada também no acompanhamento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Quando há prescrição médica, o próprio paciente tem acesso a ela – ele faz o download (sem custo) e alimenta o app com as medições de sua glicemia, por exemplo. “A plataforma é inteligente para detectar se as medições estão fora dos limites prescritos. Se estiverem fora, um conteúdo de educação de um minuto é disparado via streaming para o celular do paciente”. O conteúdo é um vídeo default que funciona como “puxão de orelha” para colocar o usuário na linha.

Finalista do The Venture Brasil, o empreendedor se mostra empolgado. “A participação no The Venture é de extrema importância para conseguirmos escalar e levar esse benefício para a população num curto período de tempo”, diz Alécio. “Daqui a dez anos, queremos ser algo como um Uber ou Airbnb para a saúde, com colaboradores médicos especialistas provendo um serviço melhor para quem mais precisa.”

E aí? O que você achou da solução da i9access? Não deixe de votar no seu candidato a vencedor do The Venture Brasil, projeto apoiado por Chivas Regal que irá levar a melhor ideia para concorrer a US$ 1 milhão na etapa global. Vote aqui!

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