Até o século XIX, bolas de bilhar eram feitas exclusivamente de marfim, o que significava um perigo extra à integridade física dos elefantes. Cada presa do animal rendia centenas de teclas de piano, mas só quatro ou cinco bolas de bilhar. Preocupada com a escassez de matéria-prima, uma fabricante nova-iorquina ofereceu um prêmio de 10 mil dólares a quem criasse uma alternativa. E assim surgiu a primeira forma industrial e comercialmente viável de plástico (a celuloide, patenteada em 1869 por John Wesley Hyatt). As técnicas de produção evoluíram, as aplicações multiplicaram-se e a vida nunca mais foi a mesma.
Estimular o impacto socioambiental positivo na forma de ideias luminosas, daquelas eletrificadas por sinapses radiantes, é a proposta do Braskem Labs 2016. O programa busca identificar, capacitar e acelerar empresas com soluções sustentáveis em frentes como saúde, moradia e mobilidade. “Essa é uma provocação que a gente faz a toda hora: qual o benefício que o seu produto traz para a sociedade?”, diz Luiz Gustavo Ortega, gerente de Desenvolvimento Sustentável da Braskem. Se você tem a resposta na ponta da língua, então fique ligado: as inscrições já estão abertas e encerram-se no dia 15 de maio.
A segunda edição do programa repete a parceria com a Endeavor Brasil (organização de fomento ao empreendedorismo), mas traz novidades no formato. “Neste ano, estamos focando não só no plástico, mas também na química. E abrimos uma categoria especial de Aedes aegypti”, diz Ortega. Serão dez vagas para empresas inovadoras que façam uso do plástico ou de algum processo químico em prol de melhorias na vida das pessoas, e duas vagas extras para novos negócios de gente engajada no combate inteligente ao mosquito transmissor da dengue, da zika e da chikungunya (nesta categoria, a escolha dos materiais é livre).
A Endeavor fica responsável pela triagem dos projetos, analisando pré-requisitos como a viabilidade do negócio e o grau de escalabilidade. As empresas que conquistarem espaço no programa têm a chance de participar de quatro meses de mentoria (em vez de apenas 45 dias na edição de 2015). “Tudo culminará no boot camp e no demo day”, diz Ortega. “Para o pitch, vamos trazer muita gente interessante de inovação, de aceleração, para que os participantes do Labs estejam realmente na vitrine desse ecossistema.”
“Educação imersiva”
O gerente de Desenvolvimento Sustentável destaca o resultado “extremamente positivo” do Braskem Labs de 2015. “Das 19 empresas, oito hoje são parceiras da Braskem. Embora esse não seja o objetivo – não estamos procurando clientes. Estamos procurando ideias inovadoras que ajudem a vida das pessoas.”
Uma dessas parceiras saídas do programa é a Beenoculus, empresa curitibana criadora de um óculos de realidade virtual de baixo custo que funciona acoplado ao smartphone do usuário. O foco é usar a tecnologia a serviço do aprendizado, por meio de uma “educação imersiva em primeira pessoa”, nas palavras do CEO Rawlinson Terrabuio. “Quando você coloca a pessoa em realidade virtual, imersa em uma cena – para os olhos e ouvidos dela, aquilo é a realidade objetiva. Ou seja, a gente ‘engana’ o cérebro de uma forma positiva.”
Terrabuio dá um exemplo de uma das muitas possibilidades do Beenoculus: aulas virtuais em que um residente de medicina “mergulha”, em primeira pessoa, na experiência de um cirurgião. “Com isso ele retém mais conhecimento, aprende em menos tempo e com mais qualidade, porque se trata de uma transmissão direta de conhecimento.”
Os óculos de realidade virtual já estão disponíveis no varejo online a R$ 159. Está prevista uma versão ainda mais barata, feita com polietileno verde, à base de etanol, que captura 2,15 quilos de CO2 por cada quilo produzido.
“Hoje, temos uma maturidade maior do que tínhamos antes de entrar no Braskem Labs”, diz Terrabuio. Ele ressalta a importância do contato com os mentores – e a disponibilidade destes: “Aproveitamos ao máximo essa conexão e essa oportunidade de relacionamento. Os mentores nos ajudaram não só na questão da cadeia do plástico, mas a vislumbrar um novo produto. Tivemos toda a abertura para falar com pessoas chave da Braskem”.
A Beenoculus está lançando agora uma plataforma de software em nuvem para que qualquer pessoa ou empresa possa criar seu canal de distribuição de vídeos de realidade virtual em 360º. Filósofo e administrador com especialização em marketing, o CEO dá conselhos aos candidatos ao Braskem Labs 2016. “Dediquem de verdade um tempo para contar suas histórias, para apresentar seu negócio com riqueza de detalhes. A Braskem não está procurando uma empresa para a qual possa vender plástico. Está procurando inovação, está procurando um projeto que possa impactar positivamente o mundo.”
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