Por Gabriel Borges
A programação do último dia do TED geralmente traz temas mais amplos e ainda mais aspiracionais. Nesta primeira edição na América Latina, não poderia ser diferente. Os dois painéis finais tinham como propostas: Fighters e Mighty Spaces.
O monge budista Matthieu Ricard falou sobre a íntima relação entre os conflitos sociais e a noção de individualismo. Pregou o altruísmo como ferramenta de pacificação. Mostrando fotos incríveis que ele mesmo tirou, ganhou rapidamente a simpatia do público. Não é à toa que tem a fama de ser o homem mais feliz do mundo.
Outra história impressionante do dia foi contada pelo entusiasmado explorador inglês Robert Swan. Segundo o próprio, foi o primeiro homem estúpido suficiente para se aventurar a visitar a extremidade mais ao norte e a extremidade mais ao sul do nosso planeta. Acredita que apenas a ousadia é capaz de misturar poder com magia. De explorador, se transformou em ambientalista. Hoje, através da iniciativa 2041, promove a causa da preservação da Antártida.
Ao final dessa semana de inspiradoras histórias de superação e inovação, uma pergunta surgiu em minha mente. Você deve estar imaginando uma questão bem nobre, não é mesmo? Afinal, era o fechamento de uma jornada intensa, em um TEDGlobal. Nada mais natural do que se esperar indagações no estilo: que tipo de transformação posso promover no mundo?
Há uma grande chance de decepcioná-los, mas preciso ser sincero. Não consegui parar de pensar numa pergunta que já me vinha fazendo desde o primeiro dia do evento: vale à pena participar de uma edição global do TED dali da plateia? Todas as apresentações estarão disponíveis em vídeos online de altíssima qualidade dentro de algumas semanas. Com o TED Live, é possível inclusive assistir às transmissões ao vivo – pagando 500 dólares em vez dos 6 000 dólares cobrados pela participação presencial. A lógica diz que eu poderia consumir aquele conteúdo no conforto de minha casa, quando eu bem quisesse, na velocidade que escolhesse.
Um bom raciocínio para balizar o investimento financeiro e de tempo para participar da conferência in loco pode flertar com as discussões contemporâneas sobre o consumo de vídeos on-demand. Assistir a um filme no cinema ou no Netflix são experiências bem diferentes. O cinema é mais imersivo, envolvente e exige dedicação. Oferece uma situação mais favorável para você absorver a história. Pronto, eu tinha uma resposta. Ou, achava que tinha.
Já no piquenique de encerramento da conferência, conheci um jovem TEDster vindo da Inglaterra. Despretensiosamente, perguntei o que ele tinha achado de participar do evento. Ele me respondeu com uma frase que o monge havia dito mais cedo: “não há nada mais prazeroso do que trabalhar coletivamente”. Pronto. Sem querer, ele me ajudou a entender o real valor de estar num TED de corpo presente. E foi pensando nisso que deixei as areias de Copacabana convencido de que valeu muito ter estado lá. E também com você, aqui no Draft, diariamente. Obrigado pela companhia!