Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
FACILITADOR
O que acham que é: O mesmo que coach.
O que realmente é: Facilitador é aquele que pratica a Facilitação. A óbvia e simplista definição não é sem porquê: não esclarecendo o ofício (ou arte) fica difícil definir o ator dessas práticas tradicionais que a Nova Economia está abraçando. Com isso, Facilitador ganhou status de profissão. De acordo com Flávia Ursini, fundadora da Inova na conversa! – facilitação & inovação colaborativa e Facilitadora formada pelo Instituto EcoSocial, pela Escola Design Thinking e pelo Negócios Conscientes, Facilitação é uma atividade que auxilia fluxos de trabalho e desenvolvimento coletivo e criativo para atingir um objetivo ou resolver um problema. “Isso é feito através de ferramentas e metodologias aplicadas por um ou mais facilitadores e permite que organizações e pessoas trabalhem de forma mais eficaz”. As metodologias a que a facilitadora se refere são, entre outras, o Innovation Decision Mapping, o Art of Hosting, o Pro Action Café e o Open Space Technology, explicadas detalhadamente em Verbetes Draft já publicados.
Facilitador é o profissional que, dentro de metodologias como as citadas, guia um processo e o desenvolve em conjunto com os envolvidos; ajuda um grupo a compreender seus objetivos comuns, auxiliando-os a alcançar metas, sempre de olho no propósito; serve à necessidade do grupo e está sempre atento ao que emerge do coletivo. É comum que em uma prática de Facilitação a quantidade de Facilitadores seja plural. Eduardo Tatit Vitale, sócio fundador e gestor de projetos da Iandê e facilitador de processos colaborativos de aprendizagem e sustentabilidade, diz que a isso se dá o nome de “cofacilitação”. “Usa-se o termo para comunicar que dois ou mais facilitadores compartilham a função de apoiar a realização de determinada experiência de aprendizagem”, diz.
Ursini conta que o Facilitador tem de ser sensível, com ampla habilidade de escuta e observação; ser neutro, não tomar partido; não dar respostas mas auxiliar no questionamento (conduzindo o grupo a seu potencial); ter um amplo conhecimento de ferramentas e dinâmicas; controlar o tempo e o acompanhamento da agenda dentro da prática. “O Facilitador funciona como um ‘lubrificante’ do sistema, não permitindo que o grupo trave. É a pessoa que promove um consenso, mas também permite que as diferenças e a diversidade floresçam para somarem ao processo criativo”, fala. “No final, a sensação é que o facilitador agiu de forma invisível, transmitindo todos os méritos aos participantes.”
Quem inventou: Não há registro.
Quando foi inventado: Segundo Vitale, desde os tempos imemoriais, tutores e mentores sempre foram considerados Facilitadores de processos de aprendizagem. “Eram os que proporcionavam o aprimoramento pessoal e comunitário a favor da transformação de conflitos”, diz. A IAF (International Association of Facilitators) foi fundada em 1993 para promover a facilitação como uma profissão. Já no Brasil, a atividade não é regulamentada. “Mas existe um grande esforço de diversas comunidades de facilitadores para que se crie aqui um certificado como o da IAF”, diz Ursini.
Para que serve: O Facilitador ajuda, focaliza e orienta processos de aprendizagem e de transformação de conflitos; promove a aprendizagem intra e interpessoal (autoconsciência, senso crítico, pensamento reflexivo, inteligência coletiva) sistêmica e orgânica; explora competência de autodireção, criatividade, formulação, resolução de problemas, integração de conteúdos, síntese de ideias e tomada de decisões. Também gera protagonismo e cooperação, promove a redução de mecanismos de defesa ou resistências a mudanças, integra olhares e valores culturais e obtém engajamento e comprometimento com mudanças. “As palavras chave para Facilitação são: negócios, treinamento e educação”, diz Vitale.
Quem usa: Muitas grandes corporações já contrataram alguma metodologia de Facilitação ou desenvolveram facilitadores internos para colaborar com os processos. A CoCriar, empresa de práticas colaborativas que utiliza variados métodos de Facilitação, tem entre seus clientes Petrobras, Itaú, Porto Seguro, Natura e Pfizer, entre outros.
Efeitos colaterais: Ursini diz que quando a Facilitação não é usada adequadamente, o resultado pode ser frustrante e pouco efetivo. Outro ponto importante é discernir se a Facilitação é realmente necessária. “Além de saber se há de fato espaço para que algo seja criado, é preciso saber se há necessidade de consenso e se o tempo será suficiente para permitir o processo completo de facilitação”, diz. Vitale diz conhecer empresas que acreditavam haver determinado estilo de facilitação ou de facilitador ideais que gerou um efeito colateral negativo. “Elas se fixaram em receita ou modelo de facilitador ou facilitação e deixaram de lado ou utilizaram muito pouco o potencial de transformação de conflitos de todos os envolvidos”, diz.
Quem é contra: Pessoas ou instituições que se sentem ameaçadas com mudanças, assim como pessoas e estruturas controladoras, com forte postura defensiva, que geralmente têm dificuldade em falar e assumir erros, fraquezas e apegos. Também aqueles que acham que as melhores decisões são sempre oriundas deles, ou seja, são aficionados por comando e controle.
Para saber mais:
1) Leia, no site da Community Tool Box, Developing Facilitation Skills, texto também disponível em Power Point que lista e dá dica sobre habilidades necessárias para ser um Facilitador.
2) Assista ao TEDx The Art of Facilitation: Changing the Way the World Meets, de Jay Vogt, fundador da Peoplesworth pela qual, desde 1982 atua como Facilitador.
3) Fique de olho neste link do site da IAF, a lista dos próximos eventos e conferências sobre Facilitação e Facilitadores.