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Verbete Draft: o que é Inovação Incremental

Gisela Blanco - 25 fev 2015 Sabe este velhinho aí? É o Ford T, de 1908. Qualquer diferença entre ele e o seu carro é inovação incremental.
Sabe este velhinho aí? É o Ford T, de 1908. Qualquer diferença entre ele e o seu carro é inovação incremental (foto: reprodução internet).
Gisela Blanco - 25 fev 2015
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Gisela Blanco, que assina este texto, é jornalista mestre em Business Innovation pela University of London.

 

Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

INOVAÇÃO INCREMENTAL

O que acham que é: Copiar uma inovação que já existe.

O que realmente é: Não basta fazer igual. A inovação incremental é uma melhoria em cima de outra inovação. Também pode ser chamada de “inovação marginal” ou “inovação de sustentação”. Para entender onde está a inovação incremental, é só pensar nas diferenças entre um Ford T de 1908 e o modelo mais recente da Lamborghini. A principal tecnologia por trás dos dois carros é essencialmente a mesma: um veículo com um motor de combustão interna que pode ser dirigido por aí. O resto é inovação incremental.

Quem inventou: O economista austríaco Joseph Schumpeter (1883–1950), mesmo professor de Harvard que cunhou termos como “inovação radical” e “destruição criativa”. Para ele, a inovação incremental, um progresso em cima de algo que já existe, se opunha à radical, que traz uma tecnologia completamente diferente de qualquer outra que tenha vindo antes.

Quando foi inventado: Em 1939, no livro Business Cycles (1939), Schumpeter diferencia os conceitos de inovação incremental e radical para explicar como tecnologias revolucionárias criam ondas de “destruição criativa” — literalmente destroem mercados anteriores e tomam o seu lugar. O primeiro tipo de inovação seria mais “pacífico”, capaz de ser sustentado por mais tempo sem quebra de paradigmas.

Para que serve: Você já deve ter ouvido: “quem não inova, morre”. Sem incrementos constantes, qualquer invenção está fadada a ficar velha e obsoleta. A inovação incremental é a forma mais simples de garantir que um produto ou serviço desperte o interesse dos consumidores, que continue compatível com outras tecnologias, e à frente da concorrência. É ainda a forma mais barata e e menos arriscada de inovar, já que a maior parte das inovações incrementais não requerem tanta pesquisa e desenvolvimento quanto as radicais. Em muitas situações, as inovações incrementais fazem uma baita diferença, e são fundamentais para que os produtos se popularizem. “Um bom exemplo é a bateria dos celulares, que no início durava apenas 2 horas. Logo surgiram outras que duravam 2 dias”, diz Mário Sérgio Salerno, coordenador do Laboratório de Gestão da Inovação da Escola Politécnica da USP.

Quem usa: Praticamente todo mundo. As empresas de tecnologia que lançam novos modelos de celulares e computadores a cada ano. A indústria de alimentos que coloca iogurtes e gelatinas com novas funções nas prateleiras para expandir as vendas. Gigantes como Google e tantas outras startups que não inventaram seus negócios do zero, mas fizeram algo de forma mais eficiente. Há poucos anos, as mídias sociais se resumiam ao e-mail e às listas de servidores. Agora temos Twitter, Facebook, Linkedin. Olhando para esses exemplos, Steven Strauss, professor de Harvard especialista em gestão estratégica de inovacão, conclui que a maior parte das inovações da nossa Era da revolução digital na verdade “são incrementais, não revolucionárias”.

Efeitos colaterais: Como investir em inovação incremental costuma ser mais barato, menos arriscado e complexo, a inovação radical pode ser deixada de lado.

Quem é contra: A maior parte dos especialistas concorda que inovação radical e incremental devem andar juntas. Investir apenas em inovação incremental pode ser um problema principalmente em ambientes muito competitivos, em que as chances de que alguém faça algo parecido ou melhor são grandes. Afinal, quem cria algo totalmente novo sempre tem alguma vantagem. Especialistas como o professor Bjorn Sheim, da Universidade de Lund (Suécia), acreditam que isso é especialmente ruim para as economias em desenvolvimento. “Pode ser cada vez mais difícil para o crescimento e reprodução de uma economia confiar apenas em melhorias incrementais de produtos e processos e não em novos produtos (ex. inovações radicais)“, diz Sheim. Mário Sérgio Salerno, da USP, concorda: “Para a saúde financeira da empresa no médio e no longo prazo, a inovação radical é a mais importante”.

Para saber mais:
1) Assista à aula “O que é inovação: tipos e graus (aula sobre gestão da inovação)”, da Poli-USP.
2) Leia o livro Os Inovadores – Uma biografia da revolução digital, de Walter Isaacson.
3) Assista este TED Talk em que o economista Robert J. Gordon fala sobre o declínio das inovações radicais.

 

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