“Ser aprovado em um processo seletivo não prova a inteligência ou a capacidade de ninguém”. A frase soa polêmica, mas é assim que resume Heloísa Pires Vituzzo, 29, líder de aquisição de talentos da 3M do Brasil, ao falar do desafio selecionar estagiários e trainees. Segundo ela, a grande busca da organização é pelo match perfeito: por pessoas que se conectem aos valores da companhia. O resto, diz, se desenvolve com o tempo.
Dentro desta abordagem, ser reprovado na seleção passa longe de ser um indicativo de falta de competência, conta a executiva. “É simplesmente uma indicação da desconexão entre a pessoa e o que praticamos aqui”, esclarece. Heloísa diz que a busca da empresa é por contratar jovens extremamente colaborativos, éticos, inclusivos e capazes de propor mudanças.
Uma certa inquietação é muito bem-vinda: “Queremos pessoas que tenham habilidade de gerar aquele incômodo positivo, que consigam comprar algumas brigas saudáveis na organização”, resume. Na visão dela, estes são os aspectos inegociáveis.
“Os jovens talentos são a conexão entre o que somos hoje e o que queremos ser no futuro. Por isso é fundamental que eles se conectem com a cultura da organização. É algo que não dá para forçar no processo seletivo porque depois, ao longo do tempo, não se sustenta”
Heloísa dá o exemplo do perfil colaborativo, que é altamente valorizado na empresa. “Não podemos ter alguém que só gosta de ganhar sozinho aqui dentro. É uma postura que não vai funcionar para nós e que vai gerar frustração no profissional por não ser estimulada”, conta.
UM PROCESSO SELETIVO QUE NÃO EXIGE ESTA OU AQUELA UNIVERSIDADE
E se o que importa é a conexão dos valores entre as pessoas e a empresa, a 3M decidiu romper com uma antiga tradição dos processos seletivos: retirar uma série de filtros para contratar pessoas, como a exigência de determinado curso, universidade ou a preferência por profissionais que estejam perto do local de trabalho. A ideia é que, sem estabelecer certos padrões desnecessários, a organização consiga atrair perfis mais diversos e, com isso, acelerar a inovação internamente.
Esta mudança está em curso desde a seleção para o programa de estágio e trainee do ano passado. “Temos pessoas com as mais variadas formações trabalhando nas nossas áreas de negócio”, conta. Heloísa admite, no entanto, que derrubar certos vícios na hora de contratar é um processo mais complexo do que pode parecer.
“O esforço é por apresentar perfis diferentes daqueles com os quais os gestores estão acostumados. Isso traz uma série de pequenos desafios”. Se, por um lado, há o trabalho de conscientização e esclarecimento das próprias lideranças internamente, na outra ponta é essencial trabalhar para acolher bem os candidatos às vagas e os talentos selecionados.
RETIRAR FILTROS PARA ACELERAR A DIVERSIDADE
Ao deixar de restringir o perfil na hora de contratar, a 3M fomenta também a diversidade internamente. Este é, inclusive, um dos grandes objetivos que a empresa quer alcançar em seu processo de seleção de novos talentos. “No ano passado já entraram na companhia mais mulheres do que homens como trainees e estagiários.
Agora a nossa meta é avançar nos outros eixos de diversidade. Dentro deste esforço, a empresa incluiu no processo seletivo deste ano um questionário sobre diversidade para entender melhor o perfil dos candidatos. Heloísa diz que, para de fato fomentar a atração destes talentos que têm presença menor na companhia, não basta remover os filtros de universidade na hora de contratar. Segundo ela, o esforço precisa ser amplo, em várias frentes.
“A 3M é uma empresa que acolhe a diversidade porque as diferentes bagagens e pensamentos nos ajudam a ir mais longe. Aqui acreditamos na força do todo para inovar e entregar novas respostas ao mercado”
QUAL É A MEDIDA DE SUCESSO EM UM PROCESSO SELETIVO?
Em 2018 a seleção da 3M recebeu uma série de interessados: 5 mil pessoas disputaram as 110 vagas de estágio e 6 mil inscritos as posições de trainee. Heloísa diz que o grande interesse em trabalhar na organização é um bom sinal, mas que não é esta a única medida do sucesso do processo seletivo. “Este ano nós não temos a meta de elevar o número de candidatos. O que queremos é contratar as pessoas com o perfil que buscamos e, assim, gerar bons resultados tanto para a companhia quanto para os selecionados”, conta.
Para a executiva, a busca é pelo tal match entre as pessoas e a empresa. “Se isso der certo, depois os profissionais permanecem na companhia”, diz. Para esta dinâmica funcionar bem, ela diz que os jovens candidatos precisam estar dispostos a assumir o protagonismo da própria carreira e, antes de tentar uma vaga, pesquisar e entender se a empresa tem uma conexão com seus valores pessoais.
“Escolher a companhia em que você vai trabalhar é decidir quais são as suas possibilidades no futuro, quem você quer ser”, diz. Heloísa garante que a 3M está de braços abertos para os talentos que enxergarem ali uma oportunidade relevante para o desenvolvimento pessoal e profissional. É só chegar.
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