Um carro que fez sua primeira aparição pública subindo escadas e quebrando a vidraça de entrada do Salão de Detroit não tinha como não se tornar referência no universo automotivo. O Jeep Grand Cherokee fez bem mais do que isso. Com o lançamento, em 1992, ele foi responsável por criar uma nova concepção para o segmento de SUV de luxo. Desde então, tornou-se o utilitário-esportivo mais premiado do mundo, é sinônimo de tecnologia avançada até os dias atuais e, em suas quase três décadas de vida, conquistou uma legião de fãs por todo o planeta. Isso sem falar que é o Jeep mais vendido de todos os tempos, superando cinco milhões de unidades ao redor do planeta.
No Brasil, a atual geração do Grand Cherokee acaba de receber um pacote recheado de tecnologias semiautônomas com recursos como controle adaptativo de velocidade (ACC), aviso de colisão frontal com frenagem automática de emergência (FCW+), alerta de mudança de faixa com assistente de correção (LaneSense) e estacionamento semiautomático (Park Assist) – itens presentes no Jeep Compass.
Oferecido em versão única (Limited Diesel), o Grand Cherokee 2020 utiliza motor 3.0 V6 turbo diesel de respeitáveis 241 cv e 56,1 kgfm, combinado ao câmbio automático de oito marchas e à conceituada tração integral Quadra-Trac II, com capacidade de subida (crawl ratio) de 44:1 com a reduzida acionada, podendo transferir 100% do torque para o eixo traseiro. Há ainda controle de descida (HDC) e sistema de tração Selec-Terrain com cinco modos: Auto (automático), Snow (neve), Sand (areia), Mud (lama) e Rock (pedra).
O Grand Cherokee começou a ser importado oficialmente em 1994 no Brasil e se tornou cobiçado até por quem ainda não podia dirigir na época.
“Minha relação com o Jeep é de uma história de vida inteira, pois desde criança, eu me encantei pelo Grand Cherokee”, revela o consultor de desenvolvimento de produto e beleza Paul Assumpção.
Aos 29 anos, Paul lembra que aos sete tinha um “caso de amor” com o SUV. “Os pais de uma namoradinha minha dos tempos de escola tinham um Grand Cherokee Laredo 1997 e eu sempre inventava algum pretexto para ir à casa dela só para passear no carro. Gostava inclusive de abrir a janela para ouvir melhor o ronco do motor de seis cilindros daquela versão.”
E qual seria o primeiro carro que Assumpção compraria aos 20 anos? “Um Grand Cherokee Limited 1997 azul, que utilizei no meu dia a dia por três anos e que me trouxe muitas alegrias. Era todo original, chamava atenção com seu motor V8 e nunca me deixou na mão”, relembra Paul, que, apesar de não duvidar do poderio off-road do SUV, nunca gostou muito de se aventurar com o seu Jeep no fora de estrada. “Posso até fazer isso com o carro dos outros, mas não com o meu [risos]. Não fazia isso com o meu primeiro e também não faço com meu Grand Cherokee 2004 atual, que comprei no ano passado, pois gosto de vê-lo limpinho e sem qualquer arranhão”, explica.
Pensamento nada parecido com o de Assumpção tem o jornalista Fernando Miragaya, do site Webmotors, que em 2012 participou de uma expedição pela Venezuela dirigindo um Grand Cherokee por trilhas desafiadoras.
“Dirigimos em uma reserva florestal, enfrentando trechos em que qualquer pessoa diria: ‘o carro não vai passar por aqui’. Mas o Jeep é extremamente valente e não fraquejou em nenhum momento”, conta o apreciador da marca.
“Aquele evento foi uma ótima oportunidade para atestar a robustez e a destreza do Grand Cherokee no fora de estrada. Encaramos trechos com muita lama, muito barro. O terreno estava menos aderente do que o normal por causa da chuva, havia muito desnível, em que o carro ficava com as rodas suspensas. Foi bastante divertido e empolgante também por ter sido uma ação num país onde o SUV é produzido”, destaca Miragaya, que nunca teve um Grand Cherokee, mas sabe por quais razões deve um dia ter.
“Sempre gostei do modelo pela imagem de robustez e de tecnologia avançada. É um utilitário-esportivo que você consegue usar diariamente no asfalto, com muito conforto, e que não tem medo de lama. Além disso, aprecio o estilo quadradinho da primeira geração e lembro muito de ver aqui no Rio de Janeiro, onde moro, jogadores de futebol dirigindo Grand Cherokee por todos os lados. Nos anos 1990, parecia que todo jogador tinha o Jeep.”
Criador do Miau (Museu da Imprensa Automotiva), o jornalista Marcos Rozen é outro apaixonado pelo carro e pela história do Grand Cherokee.
“Tenho um acervo enorme de reportagens e vídeos sobre o SUV, mas o objeto mais valioso – além de ser meu companheiro diário – é o Grand Cherokee Limited 1995, que considero como parte do museu.”
Há 12 anos com o modelo e sem qualquer plano de vendê-lo, Rozen quer fazer de seu Grand Cherokee um veículo colecionável, com direito a placa preta. “É o que falta nele e farei isso quando o meu Jeep completar 30 anos. Gosto muito do carro, atualmente com 98 mil quilômetros rodados e em ótimo estado. Os bancos almofadados, os mais luxuosos da época, são mais confortáveis que o sofá da minha casa”, brinca. “Além disso, aprecio os feitos marcantes do Grand Cherokee no segmento automotivo, como o fato de ter sido o primeiro utilitário-esportivo com air bag para o motorista”, ressalta.
No acervo do Miau, Rozen passou a expor recentemente um material extremamente valioso para ele e para os fãs do Grand Cherokee. “Consegui nada menos que a fita VHS de fábrica do ano exato da minha Grand Cherokee [1995] e quero muito assistir ao seu conteúdo. O problema é que a fita nunca foi aberta, ou seja, está fechada na embalagem original há nada menos do que 24 anos! Dilema total: abro ou não? Eu respondo já: abrirei!”
Informados sobre a existência dessa fita, Fernando Miragaya e Paul Assumpção foram unânimes: “queremos estar presentes no dia em que ele abrir esse VHS”. Certamente, esse é o desejo de todos os fãs do Grand Cherokee.
Crédito das fotos: Divulgação FCA e acervos pessoais.
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