Este texto faz parte da série especial Mulheres na Ciência, que destaca a história, desafios e aprendizados de profissionais que atuam em posição de destaque na área científica da 3M.
Um laboratório cheio de tubos de ensaio com líquidos borbulhantes e coloridos. Era mais ou menos essa imagem que Susana Shimizu tinha na cabeça quando, ainda criança, sonhava em ser cientista. Ela desenvolveu gosto pelo tema justamente ao ganhar um kit de química com algumas substâncias para misturar e conhecer diferentes reações.
Por destino ou ironia da vida, a imagem não é assim tão diferente da realidade em que ela vive na área como especialista em desenvolvimento de produto da 3M, uma mulher na área científica da companhia. Ainda que o dia a dia não seja tão lúdico, ela garante que é divertido. “Sou muito realizada”, diz.
Na função que desempenha, Susana tem a chance de desenvolver soluções do zero na área química. “Aqui no país as empresas fazem pouquíssima pesquisa de fato. Em geral, o trabalho é muito mais focado em desenvolver e adaptar soluções que vêm de fora. Não é o meu caso: além de fazer desenvolvimento e localização de produtos, eu tenho a oportunidade de trabalhar em pesquisa aplicada e faço coisas realmente novas”, conta, dando pistas de que este é o equivalente a um parque de diversões para uma cientista.
Ela recebe as demandas das diferentes áreas da empresa e trabalha na criação de soluções. Por exemplo, neste momento Susana conduz a pesquisa de um novo adesivo para um produto da marca.
TROCAR A ACADEMIA PELA INDÚSTRIA NÃO FOI FÁCIL, MAS FOI RECOMPENSADOR
Quem percebe a paixão com que a cientista fala sobre o próprio trabalho nem imagina que ela levou algum tempo para encontrar tanta realização. Formada em Química, Susana saiu da graduação e já entrou no mestrado. Antes de defender a tese, fez a qualificação e passou direto para o doutorado. Mesmo com tanta bagagem, ela sentia que não se encaixava exatamente ali:
“A carreira acadêmica não era o que eu queria porque nunca gostei de dar aula. Tinha muita dúvida se queria ficar ali ou tentar trabalhar na indústria”
Para entender onde se encaixava, Susana resolveu arriscar. Saiu da universidade e foi trabalhar em uma companhia onde descobriu a triste verdade de que há muito espaço para desenvolvimento nas empresas, mas pouco para pesquisa de fato.
Um tanto frustrada, decidiu mudar de ares e ir para outra organização. Pelo mesmo motivo, a investida não deu tão certo, mas serviu ao menos para ela entender o que não queria fazer. “Voltei para a universidade porque lá, na época, tínhamos recursos para fazer pesquisa de fato”, lembra. Passou um tempo em um projeto com outra companhia e acabou recebendo um convite para trabalhar na 3M.
Entrou na empresa, passou por algumas posições e enfim chegou na almejada função no laboratório corporativo da companhia. “Quero me aposentar aqui”, brinca, citando a oportunidade que tem na empresa de investir 15% de seu tempo em projetos que ela considera relevantes.
“Me realizo ao criar coisas novas e ver o produto chegar ao mercado ou, ainda, quando conseguimos depositar uma patente, algo que não é tão simples aqui no Brasil”
A INQUIETAÇÃO DE QUERER ENTENDER O MUNDO
Susana admite que desenvolver uma carreira consistente na área científica não é coisa banal. “Precisa gostar muito para ter a disposição para estudar o que é necessário”, resume. Ainda assim, ela assegura que não é um caminho reservado apenas aos gênios. “Se eu consegui, todo mundo consegue”, brinca.
Para ela, a característica essencial de um cientista é a curiosidade. Segundo Susana, é preciso ter um certo inconformismo, uma vontade de ir atrás de entender como as coisas funcionam. “Sempre fui assim: lia rótulo de xampu, bula de remédio e queria compreender tudo o que tinha ali”, lembra.
Mesmo com uma carreira já consolidada, ela conta que este anseio por decifrar o funcionamento das coisas ainda é o que faz com que ela evolua. “Tem dias em que não entendo algum fenômeno no trabalho e volto para casa no ônibus fretado lendo estudos científicos, consultando tudo o que posso para entender o que aconteceu”, conta. Sempre inconformada, sempre curiosa, como uma boa pesquisadora.
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