A necessidade de se adotar o distanciamento social fez uma série de empresas adaptadas ao “antigo” modelo de trabalho migrarem para o sistema remoto. Mas além de evitar a propagação do coronavírus, o home office pode ser uma estratégia benéfica para a diversidade nas empresas, em especial na área tech, que sempre penou com a escassez de talentos.
Na Fast Company, Carolina Milanesi, fundadora da The Heart of Tech, consultoria de tecnologia focada em educação e diversidade, afirma com todas as letras: abrir aos colaboradores a possibilidade de trabalhar de casa pode significar um ganho enorme para dar visibilidade a uma massa de talentos que o mercado de trabalho costuma ignorar ou menosprezar. Ela destaca, sobretudo, os benefícios do trabalho remoto dentro de três eixos:
Gênero: o trabalho flexível pode ajudar milhares de mulheres a voltar ao trabalho depois de uma gravidez ou após um período prolongado cuidando de alguém idoso ou doente na família (tarefa geralmente delegada ao sexo feminino). Com a opção do home office, elas ainda podem explorar outras áreas — ou seja, desbravar de fato uma carreira e não apenas se manter empregada pela necessidade de renda — ao mesmo tempo em que participam da vida dos filhos.
Acessibilidade: pessoas com deficiências físicas ou mentais que sofrem com dificuldades para locomoção (sem falar no preconceito) podem, por meio do home office, evitar o deslocamento, o que em si já uma enorme vantagem. Outra é a possibilidade de trabalhar num ambiente já adaptado para suas necessidades. Mais um benefício: a facilidade para, no meio dessa rotina, encaixar atendimentos médicos. Com todos esses aspectos combinados, o trabalho remoto permitiria que essas pessoas se destaquem mais por suas habilidades profissionais do que por suas restrições de movimento ou qualquer tipo.
Cultura: uma política de home office bem estabelecida torna mais provável que empresas recrutem talentos de culturas e origens distintas. Um profissional da Índia contratado por uma companhia dos Estados Unidos não precisaria se afligir com eventuais problemas de adaptação a um novo país, uma vez que ele seguiria trabalhando de casa.
A consultora, porém, ressalta: o trabalho remoto, por si só, está longe de ser a solução para os problemas de diversidade que muitas organizações enfrentam.
“Qualquer líder de empresa em qualquer setor deve condenar o racismo e a intolerância e promover a inclusão para que os trabalhadores minoritários se sintam valorizados. Mas o home office pode colaborar para aumentar a diversidade um pouco mais rápido”
Ainda há muito debate sobre a eficácia do home office em termos de produtividade. Os resultados, segundo Carolina, dependem de vários fatores, como o setor da empresa, a função exercida pelos trabalhadores remotos — e, é claro, a personalidade de cada um.
Resta saber se, quando a pandemia enfim for superada, as corporações terão entendido que a organização de suas forças de trabalho pode ser muito mais fluida — e que é possível se adaptar a favor da diversidade.
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