A consultoria de inovação e design Questtonó (que foi pauta aqui em 2018) tem em sua trajetória um histórico de fusões. A empresa surgiu da junção entre a Nó Design e a Questto Design. Depois, integrou-se com a Blue Pesquisa. E, em meados de fevereiro deste ano, anunciou a união com a Bolha (o estúdio de tecnologia e soluções digitais também foi destaque no Draft em 2017).
A incorporação é um caminho natural para agilizar o crescimento da consultoria, diz Leonardo Massarelli, CCO global da Questtonó:
“Sempre acreditamos na intimidade criativa. Isso quer dizer que, embora atuar em rede seja muito relevante, ter ao nosso lado, dentro do time, os conhecimentos necessários ao desenvolvimento dos conceitos que trabalhamos é muito importante”
Sobre os acréscimos que sua empresa pode trazer à nova parceira, ele afirma: “A Questtonó adiciona à Bolha o conhecimento de estratégia de marcas e negócios apoiados no profundo conhecimento do comportamento do usuário”.
Já Nagib Nassif Filho, CEO da Bolha, diz que seu negócio conseguiu aproximar o digital do físico através de uma das especialidades da nova parceira, o design.
“A Bolha é reconhecida pela inovação e tecnologia e trazer a disciplina do design da forma que a Questtonó atua faz todo o sentido para seguirmos com tudo o que acreditamos.” Ele afirma que “a Bolha acrescenta à outra empresa um domínio único e transversal da tecnologia, que se transforma constantemente a passos largos”.
O processo de fusão acontece em meio à quarentena, mas não desanima os envolvidos, que já começaram a tocar projetos juntos, dentre eles, um relacionado ao coronavírus. Trata-se da criação de um novo Sistema de Ventilação Pulmonar.
Os profissionais das duas empresas estão desenvolvendo um equipamento que atenda a essa demanda urgente, seguindo protocolos de segurança e utilizando para a fabricação materiais disponíveis no Brasil (a fim de diminuir o custo da produção e agilizar sua implementação).
Para isso, eles se associaram a especialistas ligados a instituições da área da saúde, como a Sociedade Brasileira de Anestesiologia e a Unifesp. Em menos de 30 dias, o grupo criou um protótipo que obteve sucesso em testes clínicos e agora trabalha para que o equipamento receba a certificação da Anvisa.
Além do projeto do ventilador pulmonar, juntas, as empresas passaram a atender clientes como Havaianas, Ford, Ambev, Google, Natura, LG, Energisa, entre outros que já eram parte do portfólio dos dois negócios.
A seguir, Leonardo e Nagib (que passou a ser sócio da Questtonó e assumiu a posição de CTO global ao lado dos outros sócios, Gustavo Rosa Silva, CSO global, e Levi Girardi, CEO) falamn sobre o projeto do ventilador pulmonar e contam como está sendo o processo de fusão num período tão desafiador como o atual.
O que essencialmente muda com a junção das duas empresas?
Leonardo: Muda tudo! Hoje temos corpo para ajudar diferentes clientes em seus processos de inovação e, o mais importante, na sua transformação digital, agora acelerada. O mais interessante é que, diferente de outros players, conseguimos entregar, em conjunto, significado à digitalização e à tecnologia.
Apesar de a tecnologia ser um driver importantíssimo dos negócios, não acreditamos que ela sozinha seja o ponto de transformação. Muitas empresas têm pecado nisso, de usar a tecnologia pelo novo, simplesmente. Nós, agora, temos condição de criar significado e conexão de valor para o consumidor
Quando partimos da pesquisa, passamos pela estratégia de Customer Experience e chegamos nos conceitos que devem ser pilotados pelo cliente. Temos todo o know how para desenvolver grandes sistemas de produtos e serviços, assim como físicos e digitais. Estamos alinhados com o desenvolvimento de software e hardware (IoT, Wearables, AI, Realidade Virtual e Realidade Aumentada), além de todo o conhecimento sobre industrial design, experience e estratégia de marca, já consolidados pela Questtonó.
Para se ter uma ideia, hoje somos uma empresa que consegue elaborar estratégia, prototipar e pilotar negócios novos em semanas. Temos um laboratório de grande porte com toda infraestrutura (ferramentas, eletrônica, fabricação digital) para se prototipar desde um carro a um novo formato de loja inteira.
Quais são os próximos passos após a fusão?
Nagib: Fazer o que sempre fizemos de melhor: continuar trabalhando, focados em nossas entregas, sempre robustas e completas. Não se trata de ser uma empresa “super cool“, mas de ser uma empresa que surpreende cada vez mais no dia a dia com suas habilidades e entregas complexas.
Vamos avançar em novas áreas, como financeira, médica e varejo com ofertas alinhadas ao universo atual, principalmente na construção de cenários criativos e prototipagem de novos negócios para nossos clientes
Por qual frente cada empresa ficará responsável no atendimento aos clientes?
Leonardo: Temos como cultura um funcionamento muito híbrido entre as diversas áreas. Isso quer dizer que as posições de liderança podem atender qualquer cliente em qualquer desafio, pois estamos sempre alinhados e temos compreensão do todo.
Afinal, nosso mantra é que “o todo é maior que as partes” e é isso que tentamos oferecer. Os sócios têm posição fundamental nos projetos em que atuamos e a compreensão sistêmica é uma condição para trabalharmos.
Quais os benefícios para os clientes dessa fusão?
Leonardo: Os clientes se beneficiam pela agilidade e coerência que entregamos em conjunto. Agilidade, pois como citado, retiramos do processo idas e vindas e todas as demais fricções em um processo que reúne diferentes parceiros. Coerência, pois trabalhamos desde o início de um desafio todos em conjunto e alinhados
Isso quer dizer que nossos pesquisadores e estrategistas acompanham até o final o desenvolvimento e a implementação de um produto ou serviço, colaborando para a fluidez do processo e atuando como “guardiões do consumidor”. Ao mesmo tempo, nossos criativos também participam da pesquisa, tendo acesso à “temperatura” do campo e da vida dos nossos usuários. É uma integração muito potente.
Como está sendo desenvolvido o primeiro projeto em parceria, o do ventilador pulmonar?
Nagib: O desafio de desenvolver um novo ventilador pulmonar é o símbolo da nossa fusão e demonstra, na prática, as vantagens da verticalização e da intimidade criativa.
Em menos de 40 dias, trabalhando remotamente, redefinimos e simplificamos o sistema de ventilação pulmonar, seguindo o princípio dos 4As da Organização Mundial da Saúde [Availability, Accessibility, Appropriateness e Affordability].
Os times Questtonó e Bolha, em conjunto com uma rede de parceiros e especialistas, desenvolveram hardware, software, design de serviço, UX/UI e a cadeia produtiva para colocar um novo ventilador pulmonar no mercado.
O equipamento está em fase de certificação na Anvisa e a previsão é de que consiga produzir até 6 mil unidades em junho. Essa é a representação dessa união
A pandemia afetou de alguma forma o processo de fusão e os planos futuros?
Nagib: A pandemia nos deu aquele susto inicial, mas rapidamente se mostrou uma excelente oportunidade. Estamos conversando com diferentes empresas e ajudando essas organizações a se reinventarem sob os pilares da inovação, a criar panoramas estratégicos a partir dos novos comportamentos emergentes. E o mais importante: estamos prototipando essas reinvenções.
Muitos clientes estão sendo forçados a tirar projetos da gaveta para colocá-los em prática e estamos lado a lado facilitando esse processo
Como ficou o processo de aceleração de startups (Venture Design) feito pela Questtonó com o surgimento da crise?
Leonardo: Continuamos com o processo de Venture Design, mas seguimos seletivos desde o início. Atualmente estamos com duas startups em desenvolvimento na casa. Uma delas é uma fintech bastante inovadora, que temos certeza que fará grande sucesso. A outra é uma startup do setor de saúde e bem-estar, focada na parentalidade e na primeira infância.
Nosso ponto crucial sobre as startups é que não temos fôlego para investir em 20 ou 30 por ano. Acreditamos que esse é o futuro para nosso modelo de negócios e estamos conversando com diferentes fundos de investimentos e aceleradoras estruturando um modelo de colaboração que chamamos de Design Driven Startups.
Esse é um ponto de extrema importância para investidores e empreendedores já que ambos querem diminuir as chances de fracasso e aumentar as chances de sucesso, lembrando que o design cria o mais importante elo de um negócio com seus consumidores: experiências com significado.
Como andam as demandas do mercado publicitário, um dos focos da Bolha, nesse momento de incerteza?
Nagib: Em um ritmo mais lento, mediante todo o cenário de pandemia em que estamos vivendo. Porém, acredito que quanto tudo isso melhorar, teremos um novo mundo para trabalhar e o que fazemos na Bolha, ainda mais agora junto à Questtonó, pode ser a grande resposta para encontrarmos estes novos caminhos.
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