“Participar do Ocyan Waves Challenge em 2019 transformou nosso posicionamento de mercado”, conta Guilherme Studart, co-founder & CEO da Delfos Intelligent Maintenance, startup que desenvolve soluções em Inteligência Artificial para a indústria de energia.
A empresa, uma das seis selecionadas para fecharem contrato com a Ocyan na edição passada do programa de inovação aberta, estava buscando espaço no segmento de óleo e gás quando se deparou com o edital. “Falamos na hora: é isso!”.
A Delfos iniciou suas operações em 2017, em Fortaleza (CE), no ramo de energia eólica, no qual os fundadores, Guilherme e seu sócio, Samuel Lima, já tinham experiência.
Em 2018, já havia ingressado no mercado das usinas hidrelétricas. “Aprendemos muito nos primeiros anos e ganhamos em nível de maturidade atuando em outras indústrias”, comenta. Estava na hora de partir para o offshore.
Hoje, o time da Delfos conta com mais de 20 pessoas e a startup monitora cerca de 1 mil ativos de nove clientes, diariamente. Para chegar a essa estrutura, os programas de inovação foram essenciais. Na verdade, antes mesmo da ideia tomar forma.
Em 2016, Guilherme e Samuel ainda estavam desenhando uma solução para aumentar a produtividade e o ciclo de vida das turbinas eólicas sem acréscimo de custos de operação e manutenção, e participaram do EDP Open Innovation, em Portugal.
Venceram. Quando a dupla voltou de Lisboa, tinha em mãos um prêmio no valor de 50 mil euros para investir no negócio.
O fato de a Delfos não ter um case de óleo e gás no Ocyan Waves Challenge 2019 não impediu a participação da startup no desafio de otimização do BOP (Blowout Preventer), equipamento usado para prevenção de acidentes em poços de perfuração.
“Quando fomos para o pitch, ficamos apreensivos de nos questionarem quanto à nossa falta de experiência na atuação da Ocyan. Mas a empresa conseguiu perceber que o que tínhamos feito até então em outras indústrias tinha dado certo e era aplicável aos seus processos”, comenta Guilherme.
Para ele, o mais importante é que a solução seja de fácil migração. “Assim, a startup faz um ajuste fino na implementação, mas não reconstrói seu produto.”
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Outra startup se destacou no Ocyan Waves Challenge do ano passado: a RIO Analytics, especializada em Inteligência Artificial para predição de falhas de ativos industriais.
A empresa nascida no Rio de Janeiro (RJ), também em 2017, encarou o desafio que buscava soluções para o controle de produtividade dos tubos de perfuração. Ao contrário da Delfos, a RIO Analytics tinha mais proximidade com o negócio da Ocyan.
“Nós já atendíamos o segmento de óleo e gás, mas não na fase de perfuração”, explica Victor Chaves, founder & CEO da startup carioca, criada como um projeto de continuação de sua dissertação de mestrado na UFRJ na área de IA.
“O ramo offshore é desafiador, mas está mais estruturado em termos de dados. Pela nossa experiência, mais do que o de mineração, por exemplo”, diz Victor.
Os empreendedores à frente das duas startups relatam que já se depararam com programas de inovação feitos de maneira pouco organizada e com falta de preparo para a adoção de tecnologias, mas garantem que esse não é o caso da Ocyan.
“Muitas empresas não enxergam inovação como estratégia transformacional do negócio e vão pelo fluxo do que o mercado está fazendo”, pontua Guilherme. Victor completa: “Às vezes pegamos uma estrutura não adequada para implementar um piloto, e isso é muito ruim porque todo mundo sai frustrado.”
Tanto a Delfos quanto a RIO Analytics trabalham com IA, gerando insights a partir de informações coletadas por sensores, seja no BOP ou em componentes dos tubos de perfuração.
As soluções de ambas são softwares que lidam com grande volume de dados armazenados, processados e correlacionados na nuvem. As informações são organizadas por meio de dashboards em versão web e para dispositivos móveis, facilitando o acompanhamento em tempo real da equipe da Ocyan.
“Nossa ferramenta é 100% digital. Esses ativos já possuem inteligência embarcada. O que fazemos é processar os dados para gerar conhecimento”, resume Guilherme.
“Quando uma empresa quer usar IA mas não tem dados estruturados, é uma perda de tempo. O melhor é se preparar para aplicar a tecnologia. Ocyan já estava pronta”, pondera Victor.
Um dos principais objetivos da adoção dessas soluções é garantir que a manutenção dos ativos seja feita por condição, evitando que máquinas fiquem paradas, o que tem um impacto financeiro substancial para o negócio – o temido “downtime”. A RIO Analytics estima que o custo semanal de um poço offshore fora de operação é de U$ 7 milhões, por exemplo.
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Guilherme conta que a Delfos trabalhou, na fase piloto, com KPIs técnicos. Uma das metas era utilizar efetivamente 80% dos dados gerados para o planejamento da manutenção do BOP. A startup bateu 100% de utilização.
Além disso, o desempenho registrado foi acima do previsto em acuracidade da informação e acerto na predição de falhas. A RIO Analytics, que está dobrando seu faturamento a cada ano de atuação, também apresentou alta performance.
A startup de Victor se prepara para expandir a tecnologia, aplicada em uma das sondas de Ocyan na fase de prova de conceito (POC), para outras seis. “A Ocyan se diferencia muito pela seriedade com o nosso esforço, honrando nosso tempo, disponibilizando uma equipe técnica qualificada”, frisa.
“Quando temos um parceiro com estrutura e respaldo técnico para explorar verticalmente nossa solução, há uma abertura de caminhos. É importante ter seu produto validado por um grande player da área que você pretende trabalhar”, aconselha Guilherme.
Victor também aproveita para dar uma valiosa dica às startups que estão ensaiando a inscrição em um dos cinco desafios do programa em 2020. “Só não vale forçar a barra se a demanda não é seu core business. O piloto não é só para a empresa, é para sua startup também! Tendo 100% de aderência, é aproveitar a oportunidade.”
Ainda dá tempo da sua startup se inscrever no Ocyan Waves Challenge 2020: o prazo é até o dia 15 de maio. O programa de inovação da Ocyan conta com a parceria da Innoscience. Os desafios deste ano são:
• Sistema Inteligente de Gestão de Alarmes: busca por solução que traga significado e inteligência para alarmes de equipamentos, que são conectados em sistemas supervisórios por automação em suas plataformas de perfuração offshore, apoiando na manutenção e predição de falhas.
• Digital Twin do BOP (Subsea Blowout Preventer): procura uma solução que integre todas as informações do BOP em um só lugar, através de uma cópia digital do mesmo (digital twin), para que suas informações operacionais e críticas sejam acessadas de forma visual e amigável.
• Análise de fluidos do BOP em tempo real: busca uma solução que consiga medir a integridade e qualidade do fluido do BOP na saída do tanque e antes de chegar ao equipamento, permitindo seu monitoramento em tempo real.
• Predição de Falhas e Gestão de mangueiras do Topdrive: o objetivo é encontrar uma solução que consiga inspecionar de forma preditiva as mangueiras da embarcação, dando ao time operacional informações para manutenção eficiente e preditiva.
• Autoatendimento em almoxarifado: o desafio procura uma solução que automatize o almoxarifado para que cada pessoa possa acessar o espaço, de forma controlada, encontrar o que precisa e realizar a saída dos materiais sem a necessidade do apoio de um atendente e que seja integrado de modo automático ao sistema de gestão de inventário.
E então, a solução da sua startup tem aderência a um dos desafios? Clique aqui para se inscrever no Ocyan Waves Challenge 2020.
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