Dois mil e vinte foi o ano em que nós percebemos a importância do contato físico, tão presente até então em nossas vidas que mal nos dávamos conta. E a pergunta que nos fazemos agora é: como vai ser o Natal da pandemia?
“Todos nós passamos por uma fome de encontros, uma necessidade de abraços e de conversas olho no olho, não através de uma tela”.
Foi o que disse Paulo Saldiva, médico patologista e professor da Universidade de São Paulo, em uma de suas colunas na Rádio USP.
No programa, o professor estava defendendo justamente que não é ainda momento de frequentarmos grandes festas. “A decisão de ir ou não a festas transcende o aspecto pessoal, está além da capacidade de dizer ‘eu vou correr o risco’ porque, necessariamente no momento em que você se infecta [com o coronavírus] tem também o potencial de ser transmissor para pessoas que você não conhece – e para aquelas que você ama.”
Encontros familiares têm grande risco de transmissão de Covid-19. É o que mostram estudos conduzidos no Leste Asiático, nos Estados Unidos e na Europa. Há alguns motivos para isso: geralmente eles acontecem dentro de casa, em ambientes sem ventilação, e também porque costumamos nos descuidar ao temos a impressão de estar seguros entre pessoas que conhecemos.
“Com a segunda onda de Covid-19 em vários países, o lockdown já está voltando, então teremos um Natal e um fim de ano bem desafiadores”, acredita Mariana Cerone, Head de Consumer & Inovação da Sodexo Benefícios e Incentivos.
“Os estudos de neurociência mostram que temos ansiedade para que este ano acabe, mas percebemos que 2020 vai acabar e a pandemia vai continuar.” Segundo ela, é a primeira vez que “perdemos a noção de encerramento de ciclo que o fim do ano traz”.
Sabe-se hoje que a transmissão do vírus Sars-Cov-2 por contato em superfícies é muito menor do que a chance de ser transmitido por gotículas de saliva de alguém e pelo acúmulo de partículas suspensas no ar. Ambientes fechados, mal ventilados e lotados, como costumavam ser nossas comemorações natalinas, são lugares com alto risco.
No entanto, a fadiga de pandemia é algo real.
E não adianta dizer que não podemos celebrar o Natal, mesmo porque a festa é uma das mais (se não a mais) importante de nosso calendário. Muitos especialistas acreditam, portanto, que é mais eficiente usar estratégias de redução de danos em nossa ceia. São elas:
O cenário de desemprego e diminuição da renda em muitos lares deve, claro, ter impacto nas compras de Natal de 2020.
Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pela Offer Wise em todas as capitais brasileiras mostra que 54% dos consumidores devem presentear alguém em 2020. No ano passado, 77% disseram que fariam isso.
A estimativa é de que 86 milhões de pessoas devam ir às compras, movimentando cerca de R$ 38,8 bilhões no setor de comércio e serviços.
Isso também apresenta uma redução em relação a 2019, quando a expectativa de movimentação era de R$ 60 bilhões.
Entre os que não pretendem dar nenhum presente neste ano, a principal razão é o desemprego (resposta de 24% dos entrevistados) e falta de reservas (22%). A pesquisa mostra ainda que 23% das pessoas não decidiram se vão adquirir presentes.
Especialistas afirmam que isso representa uma mudança de comportamento das pessoas causada pela pandemia. Elas estão abandonando hábitos individualistas e reavaliando prioridades.
É no que acredita Mariana Cerone. Ela gosta, como diz, “de pensar no copo meio cheio”. “É possível que encontremos novas formas de ressignificar a essência da data, que é se aproximar mais das pessoas, e não consumir desenfreadamente”, afirma.
“Assim, quem vai presentear quer algo que de fato signifique muito para a outra pessoa”, diz a executiva da Sodexo. “A ideia vai ser dar um presente para que ela se sinta abraçada, já que nos abraçamos muito pouco em 2020.”
Muito além de política pública, passou do tempo de equidade racial estar apenas na agenda de responsabilidade social de empresas no Brasil. Saiba o que grandes organizações, como a Sodexo, estão fazendo em prol dessa causa.