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A história da designer de moda que inventou um negócio para vestir a casa de seus clientes com plantas e vasos artesanais

Maisa Infante - 20 abr 2021
Gabriela Heringer, empreendedora à frente do Studio Lily.
Maisa Infante - 20 abr 2021
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Cuidar de plantas é um hobby que vem ganhando força na quarentena. Segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura, o setor de flores e plantas cresceu 10% em 2020, principalmente por causa das vendas de plantas ornamentais e flores em vasos. 

Em Lumiar, distrito de Nova Friburgo, na região serrana fluminense, Gabriela Heringer, 35, celebra um crescimento ainda mais expressivo, de 30% nas vendas do Studio Lily.

Designer de moda com experiência em grandes marcas como Maria Bonita, Osklen e Fyi, Gabriela levou para sua empresa o conceito de coleção utilizado naquele universo. 

Assim como as grandes grifes, a empreendedora desenha os vasos e cachepôs de uma coleção, cria um piloto e envia para dois artesãos, que se encarregam da produção em pequena escala: são cerca de 80 unidades para cada modelo, sempre em cerâmica.

O Studio Lily não é só um garden. É uma marca. Como no mundo da moda, eu envelopo aquele produto de uma forma diferente, penso em campanhas, calendário, divulgação” 

Gabriela também cria a combinação de planta e vaso, levando em conta os atributos físicos (do objeto e do vegetal) para compor um conjunto harmonioso e exclusivo. 

O DESAFIO DE TER PREÇOS ACESSÍVEIS E “DEMOCRATIZAR A BELEZA”

Além de batizar a empresa, Lily é o nome do combo “planta + vaso” no portfólio da marca. Quando compra uma jiboia (Epipremnum pinnatum) no vaso cumbuca, ou qualquer outra criação do estúdio, o cliente está comprando uma Lily. 

Os preços variam de 49 reais até 928 reais; o ticket médio, diz Gabriela, é de 178 reais.

Quero ser acessível para as pessoas. Mas sei que essa acessibilidade tem um limite, porque eu não compro da China. Tenho produtos de entrada mais baratos, acho que essa democratização da beleza é importante” 

As vendas são realizadas pela internet (e também em uma loja no Rio de Janeiro, que está fechada por causa da pandemia). O combo planta + vaso só é vendido para Rio e São Paulo. As cerâmicas avulsas, sem plantas, são despachadas para todo o Brasil.

O ESTALO SURGIU AO DECORAR A PRÓPRIA CERIMÔNIA DE CASAMENTO

O Studio Lily surgiu em 2013. Gabriela trabalhava na Fyi, marca da grife Animale. Paralelamente, começou a criar arranjos e decorações para festas. 

Gabriela nos tempos da Kombi, com algumas de suas criações.

Ela e o (hoje ex) marido resolveram colocar a mão na massa para decorar o próprio casamento, num sítio na região de Nova Friburgo. Os convidados acharam uma graça, blogs publicaram fotos, e o canal GNT contou a história no programa Chuva de Arroz… 

E assim, Gabriela percebeu que queria trabalhar com plantas e decoração. 

Com 500 reais, ela montou um arranjo de flores, fez uma página do Instagram e passou a atender festas e eventos, além de produzir buquês de noiva. 

Nos primeiros seis meses, devo ter investido uns 10 mil reais, ao todo. Muitas vezes eu usava o meu próprio dinheiro para colocar umas flores diferentes em um buquê ou festa e ter um produto bacana para divulgar no Instagram”

Inspirada nos food trucks, Gabriela comprou e customizou uma Kombi, a Lily, que se tornou uma marca do Studio até 2019. 

A bordo da Kombi, Gabi ia a eventos, feiras e lojas. E era dessa forma itinerante que vendia os arranjos. 

DEPOIS DE FOCAR NO NEGÓCIO, ELA EXPERIMENTOU VIVER FORA DO BRASIL

No início, a empreendedora manteve a jornada dupla, se dividindo entre sua empresa e o emprego com carteira assinada.

Eu era CLT de segunda a sexta e trabalhava no Studio Lily como side business. Até que engravidei, e as coisas mudaram um pouco de cenário.”

Com o fim da licença-maternidade, Gabriela voltou a trabalhar com moda apenas como consultora. E focou o Studio Lily na venda de plantas — deixando para trás as festas e noivas. 

Chega uma hora em que você precisa focar no que quer. Mas eu tive muito medo. Porque empreender é muito difícil”

Os planos mudaram no fim de 2018. Gabriela conta que, desiludida com o resultado das eleições daquele ano, resolveu experimentar viver fora do Brasil. 

Vendeu a Kombi, que já não combinava com o produto que o Studio Lily vinha fazendo, e, em julho de 2019, embarcou com o marido e o filho para Bali, na Indonésia, onde conseguiu um trabalho na área de moda. 

EM MEIO À PANDEMIA, ELA RECEBEU INVESTIMENTO DE DOIS CLIENTES

Em dois meses na Indonésia, Gabriela percebeu que tinha entrado numa furada. 

Descobriu que seu visto não permitia trabalho fixo. Na mesma época, um brasileiro que tinha esse mesmo visto foi expatriado e processado criminalmente. Gabriela desistiu do trabalho, mas permaneceu mais quatro meses como turista. 

Ela voltou ao Brasil em dezembro de 2019, já com um convite de abrir o Studio Lily dentro da loja Farm, no Rio de Janeiro. 

Porém, com dois meses de operação veio a pandemia… A loja precisou ficar fechada e Gabriela se concentrou nas vendas pelo site. 

No meio do caos, a empreendedora recebeu uma proposta de dois clientes, que queriam investir no Studio Lily. 

“Eu estava esperando dali um tempo ter que fazer um plano de negócios, procurar um investidor, mas aí eles apareceram com essa proposta — e eu aceitei”

Ela não divulga o valor desse investimento, mas diz que foi fundamental para o crescimento do negócio, incluindo a abertura de um Centro de Distribuição em São Paulo, mercado que o Studio Lily começou a explorar neste ano.

ELA DESCEU A SERRA, MAS DECIDIU LEVAR A OPERAÇÃO DE VOLTA PARA A “ROÇA”

Exceto pelo CD paulistano, toda a operação do estúdio está baseada em Lumiar. É lá que Gabriela vive e onde fica o Centro de Distribuição que atende o Rio. Em agosto, ela até chegou a mudar a estrutura para a capital fluminense; cinco meses depois, voltou atrás.

Acho que foi cedo para o centro principal estar longe de mim. De setembro a janeiro eu estava indo para o Rio toda semana. Decidi voltar para a roça, entender esse momento e depois rever a volta para o Rio.”

Entre os 15 colaboradores diretos, apenas dois são homens. 

Sempre quero ter 80% do meu quadro de funcionários composto por mulheres. Sei que proporcionalmente, quando crescer, será difícil de administrar. Mas faz parte do empreender ficar firme com aquilo que acreditamos” 

O Studio Lily também levanta a bandeira do consumo consciente. Por isso, não adere a queimas de estoque após datas comemorativas e nem à Black Friday. 

Sou uma empresa, quero fazer um IPO no futuro… Mas não adianta pensar em dois anos e daqui a 15 ‘não ter planeta’. A gente não precisa de dez pessoas que não gerem lixo. Precisamos de um milhão fazendo o caminho do meio.” 

DRAFT CARD

Draft Card Logo
  • Projeto: Studio Lily
  • O que faz: Coleções de vasos com plantas
  • Sócio(s): Gabriela Heringer
  • Funcionários: 15
  • Sede: Lumiar (distr. de Nova Friburgo-RJ)
  • Início das atividades: 2013
  • Investimento inicial: R$ 10 mil
  • Faturamento: R$ 70 mil (por mês)
  • Contato: [email protected]
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