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Para estes alunos, a vida profissional se divide entre antes e depois do CESAR Summer Job

Luiza Lages - 1 jun 2021 Estudantes trabalham em desafios do CESAR Summer Job
No CESAR Summer Job, estudantes enfrentam problemas reais propostos por clientes e entregam uma solução inovadora em seis semanas.
Luiza Lages - 1 jun 2021
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Em janeiro de 2020, Martina Issidoro, estudante argentina de Comunicação Institucional e Digital da Universidade Blas Pascal, desembarcou em Recife (PE) para o que parecia uma aventura. Durante seis intensas semanas, ela passou por treinamentos diversos sobre práticas do universo da inovação e, ao lado de três estudantes brasileiros, construiu um protótipo de solução para um grande cliente: o desafio era encontrar estratégias para atrair o público jovem em ações de marketing do Jornal do Commercio, de Pernambuco.

“A entrega final, na minha opinião, é um produto com um acabamento muito profissional, e que refletiu todo o nosso trabalho ao longo do programa. No dia da apresentação para cliente e público, me emocionei muito, por ter fechado uma etapa em que compartilhamos uma bela jornada de aprendizado e muito trabalho. Vi meu time no palco e fiquei tão orgulhosa que não pude conter as lágrimas”, lembra a estudante.

Martina está entre os mais de 500 estudantes que já passaram pelo CESAR Summer Job, programa do CESAR que tem como objetivo oferecer experiência prática a alunos, identificar talentos e proporcionar um ambiente de experimentação rápida para as empresas patrocinadoras. Equipes formadas por até quatro alunos de diferentes cursos de graduação são apresentadas a um problema proposto pela empresa patrocinadora e, ao longo de seis semanas, têm a missão de desenvolver uma solução inovadora, prototipada e validada junto ao cliente.

Estudantes e mentores posam para foto no CESAR Summer Job.

A estudante argentina Martina Issidoro participou do CESAR Summer Job em 2020.

 

Tudo começou com um estágio de verão

Oito anos antes da experiência de Martina, em 2012, um estudante do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), apelidado de Roraima, bateu na porta de Eduardo Peixoto, atual Chief Design Officer (CDO) do CESAR.

“Era janeiro, férias, e ele deveria estar na praia. Mas ele queria patrocínio para uma competição de robótica, e eu fiz uma contraproposta”, conta.

Eduardo ofereceu uma bolsa de estágio para o estudante durante o verão no CESAR. E, para cada real que ele recebesse da bolsa, seria feita uma complementação equivalente para o time de robótica.

O novo estagiário topou e foi apresentado ao time de engenharia do CESAR, onde desenvolveu um projeto até o momento em que precisou retornar para São Paulo, por causa do início das aulas.

“Depois de um tempo, ele apareceu na minha sala, falando que tinha acabado o estágio, sorrindo de orelha a orelha, com um relatório nas mãos. Disse que gostou muito de trabalhar com uma empresa real, no mercado”, lembra Eduardo.

Um ano se passou e, novamente no mês de janeiro, oito alunos do ITA bateram nas portas do CESAR.

“Eles perguntaram sobre o programa de verão que o Roraima participou. Corri para a equipe de engenharia para contar que aquela experiência deu filhote – e que a gente precisava arrumar outro projeto para eles trabalharem. E foi incrível! A gente passou para eles três desafios, de projetos que não estavam na linha de produção, sobre inteligência e conectividade em automóveis, e depois de semanas eles tinham respostas para os três”, conta.

Naquele momento, Eduardo viu uma nova oportunidade: trazer mais alunos e patrocinadores para dentro do CESAR. Assim nascia o CESAR Summer Job. Já no ano seguinte, o programa contava com quatro patrocinadores e 30 equipes de alunos de universidades de todo o país.

“E esse número dobrou de um ano para o outro. Passamos a trazer alunos dos EUA e a fazer uma edição extra em julho. E de repente a gente começou a atrair alunos de língua espanhola, da Argentina, do Uruguai, da Colômbia. Foi um negócio que começou a crescer exponencialmente”, diz Eduardo.

As últimas três edições do programa contaram, no total, com 220 estudantes e mais de 50 patrocinadores. Em 2021, o programa será executado inteiramente de forma remota.

“Para as próximas edições, fica essa experiência de como atuar dentro do contexto de times distribuídos, inclusive para o cliente”, opina Maurício Taumaturgo, coordenador de Projetos do CESAR e responsável pela coordenação do Summer Job.

O futuro do programa deve ser ainda mais plural e internacional.

Eduardo Peixoto, Chief Design Officer (CDO) do CESAR, no evento de encerramento do CESAR Summer Job, em 2020.

Eduardo Peixoto, Chief Design Officer (CDO) do CESAR, conta que a história do CESAR Summer Job começou com um estágio de verão.

Conheça mais sobre a história do CESAR, que completa 25 anos em 2021.

 

Tempo de inovação

Diversos projetos fizeram parte da história do CESAR Summer Job. Eduardo lembra de desafios com mobilidade, tecnologia, processos industriais e projetos sociais. Alguns deles foram apresentados pela siderúrgica Gerdau, que patrocinou o programa ao longo de três anos.

Ângelo Dabbicco de Melo, Gerente de Excelência Operacional da Gerdau, lembra de um dos problemas levados ao Summer Job, em 2019, relacionado ao aumento de produtividade na adição de insumo em uma linha de produção da indústria. Era um trabalho manual feito pelos operadores e, nas seis semanas, a equipe do Summer Job apresentou um protótipo que funcionava de forma automática, com mais assertividade e redução de custos ao processo.

“Essa turma que participa do Summer Job é de pessoas que trazem ideias disruptivas, fora do que a gente está acostumado a pensar no nosso processo, e de forma muito ágil e simples”, diz Ângelo.

Ele conta que, mais que os protótipos apresentados, o programa traz novos olhares para o processo produtivo na empresa.

“É uma provocação sobre o quanto a gente consegue ser ágil e trazer respostas. O principal ganho são pessoas para pensar diferente. Então o protótipo dessa edição, por exemplo, foi continuado, mas o fator decisivo foi trazer uma pessoa da equipe para trabalhar com a gente”, explica.

Maurício conta que o olhar de mais pessoas não relacionadas rotineiramente aos processos pode ser um fator agregador.

“O programa leva visões criativas e inovativas, de fora, para desafios que a empresa às vezes não está conseguindo dar andamento”, diz.

Estudantes, sponsor e mentores no palco, durante o evento de encerramento no CESAR.

Na última etapa do CESAR Summer Job, as equipes apresentam o projeto e a solução em que trabalharam durante a cerimônia de encerramento do programa.

 

Conexão e crescimento

“Sempre digo aos patrocinadores que tem duas coisas que eles precisam entender: a primeira, que eles não podem trazer as soluções; a segunda, que eles precisam acompanhar, explicar e re-explicar o problema. Se você não quiser ser incomodado então não patrocine, porque os estudantes vão dar um jeito de conseguir o telefone de vocês, colocar em grupo de Whatsapp e mandar mensagem o tempo todo”, brinca Eduardo.

A proximidade com o cliente é um dos grandes diferenciais do Summer Job.

“Para os participantes, é uma primeira experiência profissional dentro de um instituto de inovação, o que carrega um contexto muito interessante no mercado. E isso é intensificado por uma jornada de aprendizado de ferramentas e processos que podem ser levados para outros espaços onde eles vão atuar”, diz Maurício.

Maurício lembra que o acompanhamento e os treinamentos semanais com colaboradores experientes do CESAR têm papel importante nesse processo de aprendizado e imersão.

“Os mentores nos acompanhavam praticamente todos os dias. Eles nos direcionavam para caminhos que faziam mais sentido e isso criava um ambiente de muita segurança”, explica Rhuan Marcel, aluno de Engenharia Química da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Rhuan participou da mesma edição do Summer Job que Martina, em 2020, mas em outra equipe. Os quatro estudantes assumiram um desafio relacionado a elementos geológicos, proposto pela Petrobras.

Rhuan Marcel, aluno de Engenharia Química da UFMT, apresenta pitch no CESAR Summer Job de 2020.

Rhuan Marcel, aluno de Engenharia Química da UFMT, apresenta o pitch da solução proposta por sua equipe no CESAR Summer Job de 2020.

Assim que voltou de Recife, Rhuan começou a aplicar muitos dos treinamentos no trabalho em uma ONG que fundou e da qual fazia parte, no Mato Grosso. Pouco tempo depois começou um estágio no CESAR e, em seguida, no Facebook. Rhuan é também cofundador da Edumi, uma startup que capacita jovens de baixa renda em tecnologia.

“Hoje, uso muito do que aprendi no Summer Job. E eu pensava em trabalhar com Engenharia Química, mas depois dessa experiência, me descobri na área de tecnologia, no cenário de inovação. Essa pulguinha atrás da orelha começou ali”, conta.

Para Martina, são diversas as habilidades que um aluno pode desenvolver durante as seis semanas.

“O CESAR Summer Job não só oferece trabalho e treinamento para você crescer, aprender e compartilhar com sua equipe e mentores, mas te motiva, gera essa vontade de ser uma melhor versão de si. Para mim, essa experiência marca um antes e um depois como profissional e como pessoa”, diz a estudante.

 

*Todas as fotos deste post foram produzidas antes da pandemia de Covid-19.

 

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