A palavra entrepreneur chegou muito cedo no meu vocabulário, quando eu ainda era um menino no Ensino Médio.
Aprendi sobre ela com meu pai e, na época, decidi colocar isso prática começando meu próprio (e pequeno) negócio: aulas particulares de natação na piscina atrás da casa onde morava, em Sebastopol, na Califórnia.
Foi assim que o empreendedorismo me atingiu e, de repente, soube o que queria fazer na vida.
Quando contei sobre a palavra ‘entrepreneur’ para os meus amigos, eles zombaram de mim e isso fez com que a descoberta do empreendedorismo ficasse ainda mais marcada
Talvez, esse tenha sido o primeiro sinal de que empreender é uma jornada desafiadora e muitas vezes solitária.
Desde então, enfrentei diversos obstáculos como empreendedor, e me lembro de pensar como eu gostaria de ter suporte e alguns recursos nessa empreitada.
Depois de mais de dez anos de erros e acertos, senti que era minha responsabilidade e parte do meu propósito ajudar a formar a próxima geração de empreendedores e fundadores de startups.
O fundo Latitud nasceu nesse cenário, unindo recursos para as três principais necessidades de um fundador: conhecimento, rede de contatos e investimento.
Já o meu livro A real sobre empreender (Editora Gente) veio para trazer um outro olhar à jornada empreendedora, fazendo com que os fundadores não se sintam só e consigam se inspirar com as lições que vivi até aqui.
Esse livro é um guia para quem está prestes a empreender, para aqueles que precisam ajustar o rumo do negócio e também para os fundadores que se encontram no processo de venda de suas startups
O processo de escrita foi muito curioso porque desde os primeiros dias do Viva Real, empresa que cofundei, fiz anotações sobre minha experiência, relatando os momentos vividos e as reflexões até as dificuldades e aprendizados.
Já tinha cerca de 14 páginas de notas pessoais para serem transformadas em conteúdo e as demais partes do livro foram extraídas de 15 horas de conversas gravadas com o editor — o que foi uma maneira bem eficaz de produzir.
Nós, empreendedores, estamos sempre em busca de acelerar e otimizar os processos. A agilidade é um fator muito importante no ecossistema empreendedor, sobretudo das startups de tecnologia.
Embora a produção do livro tenha sido prática, relembrar todas as histórias me despertou diversas emoções, principalmente quando penso no início da jornada em que todas as energias eram direcionadas para fazer o negócio sobreviver.
Uma situação marcante foi quando tínhamos apenas 87 dólares na conta e 25 funcionários na empresa para manter. Me vi em um beco sem saída e optei por não receber meu próprio salário por nove meses porque me sentia completamente responsável por todas as pessoas que trabalhavam conosco
Outro momento que me sensibilizou na escrita do livro — e que ainda me emociona sempre que penso a respeito — foi o período em que minha esposa e eu dividimos um apartamento pequeno de apenas um quarto, com Thomas e Diego, os outros dois cofundadores da empresa.
Essa época foi definitivamente uma das mais complicadas que vivemos, mas um obstáculo enorme que conseguimos superar juntos.
“Era uma época estressante. Não tínhamos nenhum dinheiro, então sempre que ia ao Brasil eu ficava no apartamento de Diego, em São Paulo. A dinâmica interpessoal de hospedar-se com alguém com quem também se convive em ambiente profissional é complexa.
Era basicamente coisa de colega de quarto, mas parecia ainda mais caótico por causa do caos que estávamos vivendo ao tentar fazer o negócio crescer.
Em São Paulo, no verão (entre dezembro e fevereiro), com frequência há tempestades torrenciais, e nunca me esquecerei de um momento particular, quando Andrea e eu estávamos no lobby do prédio de Diego, prestes a sair. Paramos de repente: a chuva lá fora era simplesmente insana.
A visão daquilo desengatilhou algo em Andrea, que começou a chorar. “O que diabos estamos fazendo aqui?”, ela disse. “Isso é ridículo!” Você precisa entender que minha esposa é basicamente uma rocha. É incrivelmente durona e resiliente. […]
Ver minha esposa daquele jeito foi um soco no estômago. Mas me segurei e tentei consolá-la: “Você precisa confiar em mim. Isso vai dar certo”.
Cada jornada terá seus próprios desafios ressoando entre o que é mais valioso e inegociável no momento. Sempre defendi os negócios e, ao mesmo tempo, nunca abri mão da minha família.
Não há uma direção ideal a ser seguida. Todo caminho depende do que o empreendedor passa no momento, tanto na sua vida pessoal quanto profissional.
Algumas pessoas vão precisar dar mais atenção à saúde física e mental no processo de empreender. Outras provavelmente precisarão dedicar incontáveis horas de estudo sobre como construir e consolidar uma cultura para que o negócio se sustente além do capital.
Empreender é um processo dinâmico e em constante mudança. Como empreendedor, às vezes, seu melhor e seu pior dia são o mesmo. E o meu conselho mais valioso é: siga em frente!
Brian Requarth cofundou o Viva Real e foi CEO da empresa de 2009 a julho de 2016, quando se tornou Presidente do Conselho. Atualmente, é cofundador da Latitud, hub de conexão e desenvolvimento para a próxima geração de empreendedores da América Latina.
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