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O que você faz quando ninguém está vendo? Sodexo cria comitê para endereçar a pauta da ética e do compliance

Cláudia de Castro Lima - 11 nov 2021
(Ilustração: Freepik)
Cláudia de Castro Lima - 11 nov 2021
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O que você faz quando ninguém pode vê-lo? Segundo uma máxima atribuída ao filósofo grego Epicuro, que viveu entre os anos de 341 e 270 a.C., é isso que define seu caráter.

Epicuro era um grande estudioso e entusiasta da ética. Não à toa sua frase costuma ser lembrada quando o tema é compliance.

Termo que anda muito ventilado ultimamente, compliance vem do verbo inglês “to comply” e significa agir de acordo com as leis, com os padrões éticos e com regulamentos.

É o manual de comportamento de uma empresa para estar em conformidade com suas obrigações legais, padrões éticos de conduta e com os controles internos – ou seja, como teria dito Epicuro, aquilo que ela faz quando ninguém está vendo.

“Brinco sempre que falar de compliance não é um assunto exatamente sexy como os que estão relacionados às áreas de marketing ou comerciais”, afirma Bernarda Briceño, diretora executiva de Finanças, Jurídico e Compliance da Sodexo Benefícios e Incentivos.

“Mas esses conceitos são importantíssimos porque têm a ver com a ética, com os valores – ou seja, o core de nosso negócio”, continua.

É o compliance, segundo Bernarda, que permite a uma empresa alavancar sua estratégia e obter uma vantagem competitiva para fazer os negócios.

“Só conseguimos cumprir com a regulação e com os padrões do mercado e ter um relacionamento ético com nossos acionistas, stakeholders e colaboradores, além de autoridades fiscais e governamentais, porque temos um compliance que está alinhado com nossos valores, com nossa reputação.”

ESG E O PROTAGONISMO DO COMPLIANCE

O crescente debate em torno das práticas corporativas relacionadas a ESG, referentes às políticas de meio ambiente, sociais e de governança das empresas, trouxe o compliance, que tem a ver com a última letra da sigla, à tona ultimamente. Mas o protagonismo dele já vem se formando há mais tempo.

“O assunto começou a ficar mais em evidência no país depois da aprovação da Lei Anticorrupção, que obrigou as empresas a terem programas de compliance consistentes”, afirma Elizabete Navarro, gerente de Compliance e Prevenção de Fraudes da Sodexo Benefícios e Incentivos.

Bete menciona a lei número 12.846 de 2013, que trouxe em sua esteira a Operação Lava-Jato, e dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos lesivos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.

Traduzindo: a legislação estabelece sanções em processo administrativo ou judicial para as empresas que praticarem atos de corrupção pública.

“Mas não basta ter uma área de compliance e achar que a empresa, só por isso, está de acordo com a lei”, afirma Bete.

OS PILARES DE UM PROGRAMA CONSISTENTE

“Para mostrar a consistência do compliance em uma empresa, é preciso evidenciar quais são as ações que fazemos em relação a cada um de seus pilares”, diz Bete, referindo-se a nove pontos que a legislação prevê.

São eles: suporte da alta gestão, implementação de código de conduta e políticas de compliance, avaliação de controles internos, avaliação de riscos, treinamento e comunicação, criação de canais de denúncia, investigações internas, due diligence e auditoria e monitoramento.

“O apoio da alta administração não é o primeiro pilar à toa: ele é a base de tudo”, diz Bete.

“Somente assim é possível comprovar que a empresa está preocupada com o tema não só por causa da lei, mas porque acha importante os colaboradores agirem com ética.”

O QUE É A INICIATIVA ECCO DA SODEXO?

Criado pela Sodexo como um programa-piloto, o Ecco – ou Ethics and Compliance Committee; em português, Comitê de Ética e Compliance – é uma iniciativa para monitoramento dos assuntos relacionados ao compliance.

“Nós do Grupo Sodexo entendemos que esse assunto não é uma obrigação só da área de compliance – na verdade, ele é transversal, todas as pessoas precisam estar envolvidas”, explica Bete.

O Brasil foi escolhido como um dos países participantes do piloto. “Sempre fomos pioneiros nas ações de integridade do grupo porque já temos há bastante tempo programas e treinamentos referentes a ele, como a Semana do Compliance.”

Aqui, o Ecco vai funcionar como uma pauta periódica, a cada três meses, das reuniões do Comitê Executivo, do qual fazem parte os diretores da companhia – a primeira reunião aconteceu em agosto.

“O Ecco vai dar aos diretores visibilidade do que acontece em cada um dos pilares do programa: como estão nossos treinamentos, as denúncias, os indicadores e assim por diante”, diz a gerente.

“Uma coisa importante é que saímos de toda reunião com um plano de ação acordado do que será endereçado para melhoria do programa e que deve ser trabalhado no próximo trimestre”, afirma Bete.

“Acreditamos que o exemplo vem do topo”, afirma Bernarda. “Temos um plano de ação e um plano de mitigação de risco, nos quais estamos trabalhando há vários anos, melhorando, formalizando, treinando”, diz a VP.

“O momento que vivemos agora é o de conseguir formalizar isso tudo através do Comitê Local de Ética e Compliance.”

SEMANA DO COMPLIANCE: UM ORGULHO

Desde que a área foi instituída na Sodexo, a empresa organiza a Semana do Compliance – que, agora em novembro, entre os dias 22 e 26, chega a sua quarta edição.

“Nesta semana, nós realmente pegamos as pessoas pelo coração”, conta Bete. “O compliance não está só na organização: está no dia a dia de todos nós, quando agimos ou não com integridade.”

A ideia do evento é trazer o tema para o cotidiano dos colaboradores, de forma que provoque reflexão. Para alcançar seu objetivo, a Semana do Compliance trabalha de forma lúdica.

“Queremos tirar aquela imagem de que o compliance é controle e vigilância”, conta Bete.

“Nossa ideia é mostrar que estamos junto com os colaboradores, que eles podem contar com a gente – afinal, estamos lá para proteger a companhia, inclusive seus empregos.”

No ano passado, a iniciativa aconteceu totalmente online – assim como vai ser agora – e trouxe um escape room virtual.

Conforme os jogadores identificavam situações e resolviam enigmas relacionados ao tema assédio em seu dia a dia, davam um passo para escapar da sala. A Semana foi fechada com um show de ilusionismo.

“Transformamos um assunto que muitas vezes é chato e incompreendido em algo atrativo, o que faz com que as pessoas se engajem”, acredita Bernarda.

“Temas de compliance normalmente são tratados de forma muito tradicional nas empresas, porque são temas sérios. Acredito que sejamos uma das únicas companhias a debatê-lo de forma mais atrativa.”

WEBSÉRIE: FORMA LÚDICA DE TRATAR DE UM TEMA SÉRIO

Para 2021, aproveitando a paixão que nós todos temos pelas séries das plataformas de streaming, os organizadores pensaram em uma websérie, com um capítulo exibido por dia.

“O objetivo deste ano é mostrar o papel do Comitê de Ética e do Canal de Denúncias, por isso a série vai tratar de assuntos específicos, como assédio e o processo de tomada de decisão do comitê”, conta Bete.

“A história mostra um grupo de amigos que organiza uma festa de reencontro, após 20 anos sem se ver. E algumas situações vão começar a aparecer nas discussões.”

Para Bete, é preciso falar muito sobre situações como o assédio moral e sexual, porque antes esses assuntos eram muito velados. “A empresa tem um papel superimportante nisso.”

MENSAGEM DEVE ULTRAPASSAR OS PORTÕES DA EMPRESA

Este ano, a Semana do Compliance terá também um dia dedicado apenas a tratar sobre o tema para além dos portões da Sodexo.

“A pauta de um dos dias do evento é a relação com fornecedores. Por isso, vamos convidar nossos principais fornecedores para participar de uma palestra”, conta Bete.

“Queremos mostrar as ações da Sodexo, como esses temas são importantes para nós. Assim podemos trabalhar a conscientização do lado deles, já que têm um papel importante: dependendo do tipo de fornecedor, a responsabilidade é nossa se algo acontecer.”

Bernarda acredita que a Sodexo tem o dever de levar esses temas e discussões para fora de suas paredes.

“Temos a responsabilidade, como empresa e como colaboradores de reforçar essa mensagem para nossos stakeholders e clientes”, afirma.

Para a executiva, o mais importante ao ter um programa de compliance é acreditar nele. “Não posso vender um programa se não estou totalmente de acordo com ele”, afirma. “Aqui vale a máxima ‘walk the talk’ – ou seja, agimos de acordo com o que falamos.”

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