É preciso ser muito criativo para manter um evento de criatividade há 17 anos. Mas inovação é um recurso inesgotável para os irmãos Allan e Simon Szacher, que bebem direto da fonte.
Eles criaram o Pixel Show em 2005 e, desde então, vêm reunindo os profissionais mais criativos do mercado nacional e internacional em um evento que, este ano, teve sua segunda edição online.
Segunda e última, é o que espera Simon. “Aprendemos que as pessoas estão cansadas do online. Em 2021, isso ficou escancarado: elas estão escolhendo muito mais a dedo o que vão fazer 100% online”, conta ele.
Justamente por isso, o Pixel Show 2021, que aconteceu entre 25 e 28 de novembro, pode ter seus conteúdos acessados ainda até o fim desta semana pelos participantes no site do evento – quem perdeu as datas ainda tem uma chance.
Os irmãos Szacher sempre pensam em novidades. Agora, criaram o Clube de Assinatura Pixel Show, espécie de “Netflix da criatividade”.
“O assinante pode acessar todo o conteúdo que disponibilizamos durante o ano de onde quiser e no horário que preferir”, diz Simon. Em 2022, parte do Festival Internacional de Criatividade Pixel Show – as palestras de criativos brasileiros e estrangeiros – só estará aberta para os membros do Clube.
Em 2021, foram 25 palestras, acessadas por meio de ingresso ou assinatura. O restante do evento era todo gratuito. E tome conteúdo: 7 live arts, um festival de animação, 10 sharp talks, shows de 4 bandas, uma performance, duas exposições e uma feira pocket – espécie de ensaio para a retomada, ela aconteceu de forma presencial.
Os temas abordados nas palestras e workshops foram bastante variados. Mas, permeando sempre a economia criativa, eles tiveram uma tônica diferente este ano: abordaram de forma mais significativa o universo ESG, sigla para meio ambiente, social e governança.
“Por causa do momento em que estamos vivendo, este ano o Pixel Show trouxe muitos conteúdos voltados a questões, vamos dizer assim, mais importantes para uma vida sustentável”, afirma Simon.
“Claro, o cerne do que sempre foi o evento está presente: arte, ilustração, design, criatividade 360 graus. Mas trouxemos temas ESG essenciais para serem incorporados à criação como, por exemplo, design sustentável e design inclusivo.”
Ele se refere a conteúdos como as palestras “Como projetar objetos do cotidiano sem destruir a vida humana?”, do escultor e cartunista sueco Axel Brechensbauer, e “Design acessível”, da brasileira Janaína Bernardino, designer especialista em Acessibilidade Digital.
Outros conteúdos trataram sobre temas sociais como o sharp talk “Moda como comunicadora da vivência da quebrada”, de Flávia Aragão, criadora da Arza, uma marca de slow fashion que se preocupa com as pessoas e com o fomento das potências periféricas. Ou temas relativos a nossa vida corrida como “Acelerar a carreira ou ter uma vida tranquila?”, do designer Diego Seibert.
“Mudou um pouco a pauta porque, mesmo quem é ultrafocado nos conteúdos do Pixel Show das mais variadas áreas da criatividade, também está vivendo este momento tão diferente e precisa se abastecer para ter uma mente sã, não só técnicas apuradas e avançadas”, diz o empreendedor.
Para Simon Szacher, os tempos atuais são desafiadores. “Todo mundo percebeu nos últimos 20 e poucos meses que a soft skill da criatividade é algo extremamente importante para a resolução de problemas”, afirma.
“Passamos – e estamos passando ainda – por uma enorme crise global, o que faz surgir a cada dia um novo aplicativo ou novas soluções criadas por empresas ou pessoas físicas que ajudam, de alguma forma, a resolver problemas”, ele continua.
“A tendência da criatividade é, portanto, ser cada vez mais criativa, evolutiva, surpreendente. Quando a gente cria uma coisa, já está pensando e criando a próxima.”
Simon afirma que a criatividade é essencial não apenas para as pessoas que trabalham como ilustradores, designers, animadores, diretores de criação, quadrinistas, fotógrafos e artistas em geral, o grupo para o qual o Pixel Show foi primordialmente criado.
“Esse tipo de conhecimento é muito importante para o desenvolvimento do mercado como um todo e para o futuro das empresas. Colaboradores das empresas, independentemente da área em que atuam, têm que ser muito criativos”, afirma.
Por isso, para 2022, entre os planos da Zupi.Live, nome da empresa dos irmãos Szacher, está o fortalecimento dessas parcerias corporativas.
Parceria, aliás, que o Pixel Show mantém com a 3M, patrocinadora há 5 anos do festival, no qual a empresa costuma oferecer, por exemplo, uma série de atividades inovadoras e workshops de oficinas criativas com produtos de suas marcas.
Nos tempos de encontros presenciais, eram famosos os grandes murais artísticos feitos com Post-it® espalhados pelo centro de eventos e o stand da empresa com pufes transparentes recheados de ear plugs e folhas de notas descartadas coloridas para descanso dos visitantes, cadeiras estilosas feitas com fitas isolantes e capacetes de proteção grafitados, além de uma agenda lotada de aulas criativas.
No modelo virtual deste ano, funcionários-artistas da 3M promoveram várias aulas com Post-it® como a oficina de origami, a criação de murais de arte e ilustrações criativas no melhor estímulo à imaginação e à cultura maker que são tão fortes no evento e na empresa patrocinadora.
O maior festival de arte e criatividade da América Latina foi criado quando Allan Szacher voltou de uma temporada de dois anos na Austrália.
“Ele chegou com muita bagagem, muito conhecimento a respeito do assunto. E vimos que não existia um festival assim no país”, diz o irmão.
Simon e Allan então desenharam um business plan e foram atrás de recursos. O Pixel Show nasceu em 2005 como uma conferência e, no ano seguinte, expandiu com a feira nos moldes de hoje: com 95% das atividades abertas e gratuitas para o público.
“O grande desafio é tentar se reinventar a cada nova edição, trazer novos conteúdos. O segredo está na curadoria bem feita, além de boas parcerias”, diz Simon.
“A grande maioria das pessoas não sabe ou tem dificuldade em fazer uma boa curadoria, muitas vezes porque não tem tempo ou conhecimento de como isso deve ser feito. E esse é nosso carro-chefe, já temos mais de 30 anos de experiência acumulada.”
A empresa dos irmãos Szacher oferece também curadoria e produção de eventos, além de cursos e workshops para outras marcas para eventos, exposições, experiências e atividades. “Estamos sempre procurando trazer atualizações sobre este que é, entre aspas, um mesmo tema: a criatividade”, afirma.
O tema é um, mas o que ele abrange é muita coisa: as áreas criativas abarcam ilustração, realidade virtual, 3D, cinema, games, música, escultura, live art, animação, dublagem, empreendedorismo… Mas também podem estar ligadas a coisas aparentemente mais improváveis como a gastronomia e a saúde.
“Todo ano, esses subnichos da economia criativa crescem bastante, e isso faz com que nosso trabalho possa expandir e atrair novos convidados para o festival.”
Para estarem sempre ligados nesse universo, Simon, Allan e a equipe da Zupi.Live frequentam eventos nacionais e internacionais, fazem muita pesquisa e muita leitura. “Acima de tudo, temos um time muito diverso, o que ajuda com que a curadoria entregue o que o público procura.”
No começo de 2022, o Pixel Show quer lembrar e comemorar os 100 anos da Semana de Arte Moderna. “Vamos fazer um combate artístico ao vivo”, conta Simon.
Em 2021, eles organizaram o 1º Pixel Show Combate 100% online, desafio que contou com 32 artistas de forma online e pode ser visto no www.youtube.com/pixelshow. “Foi um sucesso, por isso faremos de 16 a 18 de fevereiro de 2022 a segunda edição para comemorar essa semana tão importante para o mundo criativo e das artes.”
Os planos são que a 18ª edição do Festival Internacional de Criatividade Pixel Show seja um grande e poderoso reencontro presencial, em novembro de 2022. Simon avisa que, além disso, novos conteúdos online vão ser incluídos no site www.pixelshow.co . “As pessoas adoram o conteúdo dele, independentemente do formato. A diferença é que o engajamento no presencial é 100%: a pessoa está imersa naquele mundo, sem distrações. No online, todos vivemos isso na pandemia, quando cansamos de algo, simplesmente clicamos em outra aba e acabamos por perder ótimos conteúdos e seus conhecimentos.”
Os participantes do Pixel Show 2021 puderam sentir um pouquinho do gosto disso em uma feira pocket que aconteceu no cinema Petra Belas Artes. “Foi uma baita alegria que encheu nossos corações, e de todos participantes, poder voltar a fazer isso, mesmo que num formato pocket, com 30 expositores – afinal, a troca e networking, além da energia positiva, é incomparável no presencial”, diz Simon.
“A grande palavra talvez seja alívio. Alívio por podermos voltar, mesmo que por enquanto ainda de forma lenta, devagar e pequena, mas respeitando o que deve ser respeitado e ajudando na retomada do mercado da economia criativa, que precisa viver através desses eventos e encontros.”
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