No Brasil há 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Mesmo com esse grande número de pessoas, as empresas afirmam ter dificuldade de contratar o percentual mínimo, exigido pela lei de cotas de 1991.
“Em decorrência do preconceito, a gente escuta alguns argumentos que parecem baseados em dados reais, mas não são”, afirma Ivone Santana, diretora-presidente do Instituto Modo Parités e secretária-executiva da REIS (Rede Empresarial de Inclusão Social), movimento que completa agora 10 anos.
“Os principais argumentos que nós ouvimos são: não tem pessoas com deficiência suficientes para preencher a lei de cotas. Ou: as pessoas com deficiência não estão preparadas para assumir as responsabilidades no ambiente corporativo”, ela continua.
Segundo Ivone, nada disso é verdade. “As pessoas com deficiência que são formadas, que são capacitadas, inclusive com ensino superior, poderia preencher a lei de cotas de todas as empresas do Brasil em três vezes.”
Sócio da Egalitê Inclusão & Diversidade, plataforma com milhares de vagas exclusivas para pessoas com deficiência em grandes empresas do Brasil, Djalma Scartezini explica que a barreira principal para isso é o chamado “preconceito atitudinal”.
O termo, conta Djalma, é usado pelo consultor de inclusão social e autor de vários livros sobre o tema Romeu Kazumi Sassaki. “Esse preconceito é uma indisposição para conexão”, conta ele.
“Eu me indisponho a me conectar com o que é diferente. Incluir é entrar em relação com as pessoas. É verdadeiramente se interessar por aquele indivíduo e, de fato, ter uma escuta para procurar entender e depois valorizar suas diversas competências, muito além da deficiência, que é uma característica que não deve limitar o ser humano.”
Ivone e Djalma são os entrevistados do mais novo episódio do podcast Inovação em Pauta, capitaneado por Luiz Serafim, head de Comunicação e Marca da 3M do Brasil e também membro da Rede Empresarial de Inclusão Social.
Neste bate-papo importante, eles falam sobre preconceito e discriminação (que são coisas diferentes), como essas atitudes afetam a inclusão nas empresas (e como as empresas só perdem com isso), os desafios e conquistas da REIS e possíveis soluções.
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