Independentemente da empresa, profissão, do cargo ou desempenho, é preciso falar de saúde mental no trabalho. A crise sanitária tornou essa necessidade mais urgente. Apesar de a preocupação com a saúde mental do trabalhador não estar restrita à pandemia ou ser um assunto novo, os últimos anos e acontecimentos, bem como todas as incertezas que estamos vivendo, jogaram mais luz sobre o problema. Tanto que, recentemente, em janeiro de 2022, a Síndrome de Burnout foi incluída na 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11).
Ao definir essa síndrome como “resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso”, a OMS deixou ainda mais evidente a responsabilidade das empresas na gestão desse problema que, portanto, não é individual, mas coletivo.
O fato é que o Burnout pode ter como gatilho a empresa, então, devemos como RH nos perguntar constantemente: será mesmo que temos uma gestão humanizada, que percebemos de fato as necessidades individuais do colaborador? Será que damos espaço para ele trazer suas questões? Será que os gestores estão preparados para lidar com o tema?
É preciso manter o olhar atento e uma cultura voltada para isso e não apenas promover uma ou outra ação isolada. Na Sodexo, por termos uma visão e gestão muito humanizadas, sempre tivemos uma preocupação com o colaborador de uma forma holística. Está no nosso propósito como empresa, como marca de qualidade de vida.
Obviamente, há a relação capital-trabalho, afinal, somos uma empresa que precisa de resultados, mas o colaborador está sempre no centro de tudo. Oferecer escuta ativa, atenção plena e ferramentas de trabalho que melhorem sua produtividade, sem que isso gere um excesso de trabalho, faz parte de quem somos. Além disso, nos preocupamos em oferecer benefícios ligados à qualidade de vida que enderecem nutrição, exercício físico, farmácia, entretenimento, educação e mais.
Falando especificamente de saúde mental, sempre procuramos trazer essa pauta para o debate em nossos treinamentos de líderes e colaboradores, para os quais são convidados especialistas e todos têm oportunidade de interagir, participar e refletir sobre como aplicar boas práticas em seu dia a dia.
Vemos as pessoas se abrindo não apenas em conversas informais, mas em discussões públicas, revelando, por exemplo, que tiveram problemas de depressão crônica, o que demonstra um ambiente seguro e deixa outros à vontade para falar. Há um incentivo constante a uma comunicação transparente e respeitosa. Isso diz muito sobre a cultura da empresa.
Mesmo assim, ainda há mitos e estigmas que intimidam alguns colaboradores a falarem qualquer coisa relacionada à doença mental, por isso, a importância da constância desse trabalho. Cabe a nós, como RH e empresa, acolher e promover ambientes que garantam esse diálogo franco. Há muito viés inconsciente, medo de discriminação, por isso, buscar estabelecer relações de confiança é fundamental.
Essa confiança se reflete no clima do trabalho e é quase contagioso! Vemos na Sodexo que há de verdade um acolhimento entre os próprios colegas, laços e uma vontade genuína de ajudar, de solidariedade e compaixão. As pessoas estão atentas umas às outras. Isso é reflexo de um todo, de uma cultura organizacional bem estabelecida, de um olhar humanizado e de segurança psicológica.
Esse sentimento de conexão, de comunidade, é imprescindível para o bem-estar, seja na empresa ou fora dela. Cultivar relações, estimular a comunicação não-violenta, olhar para o colaborador além do crachá são ações possíveis e urgentes para a saúde de todos nós.
O relatório O Futuro da Vida no Trabalho, realizado pela Sodexo em parceria com a Harris Interactive entre 11 e 21 de junho de 2021, que ouviu 4.800 pessoas em oito países, incluindo o Brasil, é revelador sobre a saúde mental dos trabalhadores durante a pandemia e traz importantes insights para lidar com a questão.
29% dos brasileiros entrevistados afirmaram que houve uma piora na sua saúde mental no período, o que levou a uma queda de produtividade para 90% deles, sendo que 91% gostariam de ter recebido o apoio de suas empresas para enfrentar essa fase. E, neste caso, os benefícios mais desejados, em ordem de prioridade, são: seguro saúde; poder trabalhar de casa um ou dois dias por semana; e vouchers de refeições subsidiadas, cartão ou app.
Ou seja, benefícios, em conjunto com ações e programas como os descritos acima, são geradores de bem-estar, conforme corrobora outro estudo, dessa vez realizado pela empresa americana MetLife, que aponta um aumento de 12% de engajamento, 9% de produtividade e 10% de lealdade à empresa diante de tais ofertas.
Mas, para que eles representem mesmo um impacto positivo, devem ser amplos e extensíveis à família do colaborador, como é o caso do Sodexo Apoio Pass, que além de psicólogos e psiquiatras, dá suporte jurídico, social e financeiro.
As empresas precisam entender que o colaborador é um ser único, com todas suas dimensões e complexidades, com vida além do trabalho. E cada um tem necessidades específicas, por isso, prestar ajuda de verdade é olhar para o indivíduo, entender suas necessidades e oferecer uma gama de apoios que também impactem na qualidade da saúde física e mental, na qualidade de vida como um todo.