Há muitos anos, a Sodexo vem se movimentando e atuando para promover cada vez mais um ambiente diverso, equitativo e inclusivo. Diariamente, a empresa trabalha no que definiu como cinco pilares estratégicos do negócio: Cultura e Origens, Gênero, Gerações, Orientação Sexual e Pessoas com Deficiência. Acreditamos que é necessário investir nossos esforços para chegar até os melhores talentos, refletir internamente o mercado e promover um espaço acolhedor para que eles se sintam seguros e possam realmente ser quem são. Temos consciência de que a companhia fica ainda mais criativa, produtiva, desempenha muito melhor e entrega mais valor aos clientes quando há diversidade nas equipes.
Dentro dessa atuação constante, um dos grandes focos da companhia tem sido a questão racial. Se olharmos para o panorama brasileiro, de acordo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, 56% da população brasileira se autodeclara negra (sendo 46,8% pardos e 9,4% pretos). Diante disso, nós, como empresa, precisamos refletir essa realidade, reconhecer a desigualdade de oportunidades e tomar iniciativas para que, de fato, o cenário mude.
Para promover a mudança, A Sodexo se uniu ao Movimento pela Equidade Racial, o MOVER, com outras 46 grandes empresas. O MOVER trabalha com três grandes pilares: conscientização do racismo, capacitação de pessoas negras, e inserção delas no mercado de trabalho.
A proposta da iniciativa é aumentar a participação de profissionais negros no mercado e, por consequência, nos degraus mais altos. A meta do Movimento até 2030 é de que 10 mil cargos de liderança e outros 3 milhões de postos de trabalho sejam ocupados por pessoas negras. Os objetivos são para todo o mercado de trabalho brasileiro e, claro, com impacto nas empresas parceiras.
Para isso, há um trabalho estruturado, de governança, em que cada empresa é orientada a estipular prazos, cotas, ou seja, o seu próprio target de acordo com suas dimensões e índices de crescimento. A Sodexo é a única de benefícios, mas há concorrentes que estão ali, juntas, com o mesmo propósito, afinal, essa é uma questão de responsabilidade social com o país, de sustentabilidade, em que todos ganhamos.
Em uma das primeiras reuniões que tivemos, por exemplo, uma consultoria de recrutamento de negros que estava no evento do MOVER nos mostrou que há uma demanda represada de mão de obra negra qualificada que não vemos, em universidades. Esses canais de relacionamento formados por negros e voltados para negros são fundamentais para criar pontes.
Além de todo ganho social, de novas oportunidades no nosso ecossistema de clientes, parceiros e colaboradores, a diversidade abre portas do ponto de vista do negócio. Recentemente, um executivo, ao ver a filha sofrer discriminação racial, sabendo que a Sodexo tem o tema como pauta e se uniu ao MOVER, comentou: “Quero fazer alguma coisa, porque eu sinto essa dor todos os dias”, ele disse.
Essa frase ficou na minha cabeça. Eu, como uma pessoa branca, em uma empresa majoritariamente branca, me solidarizo profundamente, mas não vivencio na pele essa realidade. Por isso, precisamos como empresa, RH, gerentes, gestores e colegas, dar voz a essas pessoas. E é por isso que convido você agora, a conhecer dois de nossos colaboradores, que foram destacados para fazer parte de uma das iniciativas do MOVER. São eles os melhores oradores para as suas próprias demandas.
Minha mãe fez faculdade na área de tecnologia, o que possibilitou que eu e minha irmã tivéssemos uma condição um pouco diferente da maioria das pessoas negras desse país que hoje fazem parte da primeira geração com acesso ao ensino superior. Mas isso não me eximiu de dificuldades e barreiras que tive que ultrapassar na minha vida como pessoa preta.
Quando olhamos mais da metade da população negra e os degraus de trabalho, que vão afunilando (quanto mais alto, mais branco), alguma coisa precisa mudar. E que bom que estamos falando disso aqui dentro da Sodexo.
A Sodexo é um lugar acolhedor neste sentido, aonde vemos de verdade a possibilidade de crescimento. E o MOVER veio dar uma impulsionada nessa política. O fato de eu ser uma mulher preta na Sodexo nunca foi um limitador, mas faz falta não ter outras pessoas pretas na minha área ou em cargos mais altos para compartilhar, acolher, como grupo mesmo. Acho que é importante a questão da representatividade, criar perspectivas, olhar que é possível.
Sempre que converso com meus colegas de trabalho que acham exagero ou desnecessário este tipo de iniciativa, eu falo: faça o teste do pescoço. Em um restaurante, em uma área nobre de São Paulo, por exemplo, olhe ao redor, quem está trabalhando e quem está se divertindo, quem está consumindo e quem está servindo. Acho que estas provocações são necessárias. E o MOVER vai provocar esse incômodo, o que é ótimo.
Até pouco tempo, nem havia espaço para isso. Acho que a sociedade avançou um pouco, nos sentimos mais confortáveis para estabelecer esse tipo de conversa. Mas gostaria de ver um letramento racial dentro das empresas, de conscientização, fazer um trabalho de cima para baixo, de baixo para cima, e trazer esse tema para dentro do cotidiano das pessoas, aproximar mais a realidade do discurso.
Estamos falando de um país que viveu mais de 350 anos de escravidão, eu devo ser a quarta geração de não escravizados da minha família. Achar que vamos chegar a algum lugar sem ações afirmativas é errado. É como uma corrida: não partimos do mesmo tempo e do mesmo lugar, alguém correu três horas antes. Precisamos criar políticas para alcançar a igualdade, mas algo mais precisa ser feito também pela sociedade.
Para mim é muito claro: políticas de cotas e ações afirmativas têm que existir dentro e fora das organizações, não são só nas universidades. Para isso, precisamos caminhar juntos, acolhendo-nos nas diferenças.
Eu amo estar aqui na Sodexo e as oportunidades que me são dadas. Espero que o que está acontecendo agora com o MOVER seja o primeiro degrau de conquistas, que isso que estamos fazendo agora sirva de inspiração a outros profissionais e outros jovens que chegarão.
Quando comecei a trabalhar aos 15 anos em uma ONG, à medida que eu crescia profissionalmente, percebia uma certa resistência à minha subida, e não entendia que era racismo. Mas nunca me deixei intimidar, dificuldades no caminho de um negro são comuns. Até por isso, acredito que quando as coisas acontecem para nós, elas vêm de forma muito consistente, afinal, temos que ser bons de verdade.
Já passei e passo por várias situações discriminatórias, mas não dou “match”, porque se você começar a prestar atenção, é gritante o preconceito. Pense no vocabulário: criado-mudo, situação preta e por aí vai. É enraizado, é estrutural. O negro tem que fazer a parte dele para virar esse placar, por outro lado, é importante contar com mais apoios, como o que existe na Sodexo.
Fico feliz por estar em uma empresa que tem um olhar diferente, que reconhece que o racismo existe. Isso é fundamental para começar a promover mudanças. Não dá para depender só do governo, as empresas têm que participar, incentivar o engajamento de todos. Com todos comprometidos, acredito em um futuro melhor.
A falta de qualificação do negro é uma questão estrutural. Falo por mim mesmo. Estudei em escola pública, depois cursei Direito em uma faculdade privada, mas não pude estagiar na área. Como eu já trabalhava e tinha compromissos importantes financeiramente com minha família, o salário de um estagiário era impraticável.
Por isso vejo com empolgação o projeto MOVER. Fui escolhido para participar não só porque me declarei negro, mas pelo meu destaque profissional. Ainda estamos bem no início do treinamento. Estou até um pouco ansioso para começar a me dedicar, não para atingir um objetivo da companhia, mas o meu objetivo. Porque antes de existir esse programa dentro da companhia, sempre tive a liderança como meta. Tenho certeza que esse projeto abrirá portas.
Conhecimento é algo que ninguém me tira. E quando tiver oportunidade, quero estar preparado. Para isso, as oportunidades precisam existir. É difícil ver negros em cargos de liderança, então, as empresas comprometidas com o MOVER estão fazendo algo fundamental.