Traduzindo do inglês, as metas baseadas na ciência (science based targets) são um conjunto de ações empresariais claras e bem definidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE).
De acordo com o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), elas podem ser definidas assim:
“Metas baseadas na ciência são metas de redução de emissões de GEE consistentes com o nível de descarbonização que, de acordo com as ciências climáticas, é necessário para manter o aumento da temperatura média global entre 1,5 ºC e 2 ºC em comparação a níveis pré-industriais.”
Ainda de acordo com o Pacto Global, adotar metas baseadas na ciência é parte de um movimento de transição global para uma economia de baixo carbono. Afinal, para cumprir as ambições de redução de temperatura do planeta, estima-se que as emissões globais precisem ser cortadas pela metade até 2030 e net zero em 2050.
Uma das instituições responsáveis por divulgar e promover o conceito, além de avaliar se as práticas empresariais se adequam de fato aos princípios que fundamentam as metas baseadas na ciência é a Science Based Targets Initiative (SBTi).
A iniciativa foi fundada em 2015 por quatro organizações – Carbon Disclosure Project (CDP), Pacto Global da ONU, World Resources Institute (WRI) e World Wide Fund for Nature (WWF) – e se apoia em quatro pilares de atuação:
1. Elaboração de métodos e ferramentas;
2. Engajamento e apoio a empresas no processo de elaboração de suas metas;
3. Avaliação e validação de metas;
4. Comunicação de dados e de informações relativos à iniciativa e a empresas participantes.
Atualmente, 2.601 empresas estão associadas à SBTi. Dentre elas, 1.213 já operam com metas baseadas na ciência.
Uma pesquisa feita com 185 executivos de empresas alinhadas à SBTi revelou que manter um compromisso concreto com a sustentabilidade e com metas net zero resulta nos seguintes benefícios:
Reputação da marca
Cerca de 79% dos líderes entrevistados apontam esta vantagem. Consumidores e colaboradores conscientes sobre os efeitos que suas escolhas têm sobre o meio ambiente valorizam e dão mais visibilidade a companhias que aderem a práticas sustentáveis.
Confiança do investidor
52% dos executivos apontam esse efeito ao seguir as orientações da SBTi. O crescente interesse de acionistas nas políticas ambientais das companhias em que investem motivou a BlackRock, maior administradora de ativos do planeta, a privilegiar os compromissos climáticos em suas avaliações e recomendações a clientes.
Resiliência em relação a regulamentações futuras
À medida que os governos se adequam ao Acordo de Paris e a outras metas climáticas, as companhias precisam adaptar suas atividades de manufatura, transporte e logística. Por isso, 35% dos entrevistados afirmam que definir metas com base na ciência os ajuda a ter resiliência diante de novas legislações climáticas.
Inovação
63% dos líderes apontam que definir metas com a SBTi impulsiona a inovação nos negócios. Metade dos entrevistados espera que pelo menos 50% de seus produtos e serviços sejam de baixo carbono até 2030.
Mais economia
Cerca de 29% dos executivos que aderiram à SBTi declaram ter poupado recursos financeiros ao optar por um modelo mais sustentável. Ao definir metas científicas, as empresas trabalham para permanecer eficientes e resilientes em um futuro com recursos mais caros e escassos.
Vantagem competitiva
Ao tomar uma posição de pioneirismo na transição para uma economia de baixo carbono, 55% dos entrevistados acreditam que o compromisso com metas científicas traz vantagem competitiva – baseada nos tópicos listados anteriormente.
A adesão de uma empresa à SBTi pode ser resumida em cinco passos:
1. Compromisso
A empresa envia uma carta indicando seu comprometimento em estabelecer metas com base científica para reduzir emissões;
2. Desenvolvimento
A SBTi disponbiliza recursos para orientar as empresas sobre como elaborar as metas. A contar do envio da carta compromisso (passo 1), a empresa tem até 24 meses para desenvolver, validar e publicar suas metas;
3. Envio
A empresa encaminha as metas à equipe da SBTi para validação oficial;
4. Comunicação
Ao serem aprovadas, as metas da empresa são publicadas no site da SBTi. A empresa também recebe orientações sobre como apresentá-las a seus stakeholders;
5. Divulgação
A empresa deve publicar anualmente suas emissões, permitindo que se avalie e se ajuste o progresso das metas rumo aos objetivos definidos.
O bagaço de malte e a borra do café são mais valiosos do que você imagina. A cientista de alimentos Natasha Pádua fundou com o marido a Upcycling Solutions, consultoria dedicada a descobrir como transformar resíduos em novos produtos.
O descarte incorreto de redes de pesca ameaça a vida marinha. Cofundada pela oceanógrafa Beatriz Mattiuzzo, a Marulho mobiliza redeiras e costureiras caiçaras para converter esse resíduo de nylon em sacolas, fruteiras e outros produtos.
Aos 16, Fernanda Stefani ficou impactada por uma reportagem sobre biopirataria. Hoje, ela lidera a 100% Amazonia, que transforma ativos produzidos por comunidades tradicionais em matéria-prima para as indústrias alimentícia e de cosméticos.