O que torna um relatório de sustentabilidade exemplar para outras empresas? Um estudo da consultoria KPMG divulgado no ano passado aponta que 85% das maiores companhias brasileiras produzem anualmente esse tipo de documento. A maioria delas utiliza normas da GRI e um terço desses relatórios é feito de modo integrado.
Se essa é uma ferramenta cada vez mais comum, a pesquisa também mostra o enorme desafio que as companhias têm pela frente: apenas 32% dos respondentes dizem que a empresa comunica claramente no relatório quais são seus impactos positivos e os negativos em relação aos ODS, por exemplo. Além disso, a maioria não reconhece no relatório as mudanças climáticas como um risco para o próprio negócio.
A KPMG assinala a evidente evolução nos relatórios de sustentabilidade ao longo dos últimos anos e prevê que, nos próximos, haverá uma aceleração nesse processo, em resposta a uma série de iniciativas internacionais que estão buscando a convergência desse tipo de prestação de contas.
Nesse universo, uma das empresas que se destacam é a Ourofino Saúde Animal, que recebeu, em dezembro, o 23º Prêmio Abrasca Relatório Anual, da Associação Brasileira das Companhias Abertas, pelo melhor relatório de sustentabilidade de companhias de capital aberto com faturamento de até 3 bilhões de reais.
Para entender o que faz de um relatório se tornar referência para o mercado, NetZero conversou com Daniela Achite, gerente de Sustentabilidade da Ourofino Saúde Animal. “O relatório é uma ferramenta transparente para comunicarmos aos nossos públicos as atividades econômicas, sociais, ambientais e de governança que a companhia pratica. Este documento pode contribuir para a tomada de decisões destes públicos, além de servir como prestação de contas”, diz ela.
Fundada em 1987, a empresa publica desde 2014 seu relatório de sustentabilidade e, segundo Daniela, esses oito anos foram guiados pelo desejo de “jogar para ganhar”, de olho no futuro e desafiando diariamente o pensamento convencional. Cinco pontos são destaque no trabalho feito pela Ourofino em busca do relatório perfeito:
Os valores da companhia, conta Daniela, também são peça importante na receita de uma boa prestação de contas. Ela destaca três características do time que fazem com os resultados sejam alcançados: “ser apaixonado pelo que fez, pensar que é dono de cada pedacinho do trabalho realizado e ter um olhar crítico para sempre buscar aperfeiçoamento”.
ESCOLHA DE METODOLOGIA E APERFEIÇOAMENTO CONSTANTE
Assim como a maioria das empresas de capital aberto no país, a Ourofino adota a metodologia da GRI para a elaboração do relatório. Hoje, cerca de 500 grandes empresas adotam os princípios definidos pela GRI para elaborar seus relatórios integrados ou de sustentabilidade, e bancos como o BNDES já levam em conta se a empesa segue esse modelo para definir taxas mais baixas de juros. NetZero já trouxe esse debate em uma entrevista com Glaucia Terreo, uma das principais especialistas no país em relatórios de sustentabilidade e é head da GRI no Brasil.
Daniela conta que a Ourofino, que exporta produtos para 15 países, optou por seguir o modelo GRI por ser uma metodologia reconhecida mundialmente. “Faz sentido para nós seguirmos esse framework. Iniciamos com a GRI e aos poucos estamos evoluindo, inserindo outras diretrizes”, explica.
Depois de ser premiada com o documento referente a 2020, a empresa assumiu um novo desafio: integrar os relatórios financeiros e de sustentabilidade. “Subimos a régua. Por ser o primeiro ano, atender a novos requisitos sempre é mais difícil. Essa diretriz requer que a organização pense de forma integrada, o que provoca reflexões para promover uma visão integrada do negócio, visão para uma abordagem mais ampla e de longo prazo”, diz Daniela.
O bagaço de malte e a borra do café são mais valiosos do que você imagina. A cientista de alimentos Natasha Pádua fundou com o marido a Upcycling Solutions, consultoria dedicada a descobrir como transformar resíduos em novos produtos.
O descarte incorreto de redes de pesca ameaça a vida marinha. Cofundada pela oceanógrafa Beatriz Mattiuzzo, a Marulho mobiliza redeiras e costureiras caiçaras para converter esse resíduo de nylon em sacolas, fruteiras e outros produtos.
Aos 16, Fernanda Stefani ficou impactada por uma reportagem sobre biopirataria. Hoje, ela lidera a 100% Amazonia, que transforma ativos produzidos por comunidades tradicionais em matéria-prima para as indústrias alimentícia e de cosméticos.