Também chamado de inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEE), o mecanismo é definido assim pelo Programa Brasileiro GHG Protocol, criado em 2008 e responsável pela adaptação do método GHG Protocol ao contexto brasileiro:
“O inventário de emissões é uma espécie de raio-X que se faz em uma empresa, grupo de empresas, setor econômico, cidade, estado ou país. Fazer a contabilidade em GEE significa quantificar e organizar dados sobre emissões com base em padrões e protocolos e atribuir essas emissões corretamente a uma unidade de negócio, empresa, país ou outra entidade.”
Em outras palavras, o inventário de emissões é uma maneira de identificar fontes de emissão de GEE e de quantificá-las em uma determinada atividade. Se houver periodicidade constante neste levantamento, o inventário pode servir como ferramenta de gestão, para que governos, instituições e empresas controlem suas emissões.
O inventário também pode incluir, além de emissões, remoções de GEE da atmosfera (sequestro de carbono).
Sim. Trata-se do GHG Protocol (protocolo de gases estufa, em tradução livre da sigla em inglês). Esta metodologia de cálculo de emissões de GEE segue as as normas da International Organization for Standardization (ISO) e está alinhada com os modelos de quantificação (para emissões e remoções de GEE) do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC).
O GHG Protocol estabelece diretrizes para produção do inventário, indica os gases estufa a serem medidos, e versa sobre os princípios de relevância, integralidade, consistência, transparência e exatidão que o inventário deve apresentar.
De acordo com o Protocolo de Kyoto, os GEE passíveis de ser medidos em inventários de emissões são: CO2 (dióxido de carbono), CH4 (metano), N2O (óxido nitroso), SF6 (hexafluorido de enxofre), HFC (hidrofluorcarbonos) e PFC (perfluorcarbonos).
A metodologia também delimita o escopo do inventário, estabelecendo os limites para contabilização das emissões, sejam eles geográficos, operacionais e/ou organizacionais.
A fim de consolidar os limites organizacionais, por exemplo, o Programa Brasileiro GHG Protocol estabelece dois caminhos:
• Participação societária
Empresas que publicam seu inventário com base na participação societária devem incluir as fontes de emissão que possuem integral ou parcialmente, de acordo com sua participação societária;
• Controle operacional
Neste caso, a empresa deve incluir no inventário 100% das emissões de fontes que estejam sob o seu controle, e nenhuma emissão de fontes que não estejam sob seu controle, independentemente de sua participação societária.
Elaborar inventários de emissões agrega vários benefícios aos negócios, como indica a lista a seguir, elaborada pelo Programa Brasileiro GHG Protocol:
• Redução de custos
O potencial de redução de custos a partir da elaboração de inventários de emissão de carbono está relacionada com melhoria da eficiência em processos gerenciais, redução ou otimização do uso de energia e de matérias primas e adoção de fontes alternativas de energia;
• Criação de benchmark e aumento de competitividade
O inventário pode servir de base para identificar oportunidades de melhoria e desempenho da empresa a partir de sistemas de comparação das emissões decorrentes de processos e de geração de produtos;
• Participar de mercados de emissões de GEE
A partir do inventário, é possível identificar oportunidades para desenvolver projetos que gerem créditos de carbono ou que atraiam investimentos, produzindo receitas adiconais;
• Prestar contas a acionistas e stakeholders
Acionistas e partes interessadas no negócio podem ser melhor informados sobre riscos e oportunidades associados à gestão de emissões de GEE a partir dos dados reunidos no inventário;
• Replicabilidade e impacto em cadeia
O inventário permite identificar e mitigar impactos na cadeia de valor, envolvendo fornecedores e compradores em ações de redução de emissões de GEE;
• Traçar e alcançar metas de responsabilidade socioambiental
Muitas empresas já internalizam em suas operações metas voluntárias de caráter socioambiental e
Dados levantados pelo inventário são fundamentais para estabelecer estratégias referentes à redução de emissões de GEE, ampliando o rol de metas voluntárias de caráter socioambiental de instituições e empresas;
• Avaliar passivos e preparar-se para futuras políticas de emissões de GEE
As empresas podem se antecipar a regulamentações sobre emissões de GEE ao identificar fontes e volumes de emissões por meio do inventário. Com estes dados em mãos, é possível traçar planos de mitigação de olho em futuras políticas de emissões;
• Oportunidades no mercado internacional
O mercado globalizado têm exigido boas condutas ESG pelas empresas. E uma gestão adequada e eficiente de emissões de GEE é um dos principais tópicos avaliados para viabilizar transações internacionais.
O bagaço de malte e a borra do café são mais valiosos do que você imagina. A cientista de alimentos Natasha Pádua fundou com o marido a Upcycling Solutions, consultoria dedicada a descobrir como transformar resíduos em novos produtos.
O descarte incorreto de redes de pesca ameaça a vida marinha. Cofundada pela oceanógrafa Beatriz Mattiuzzo, a Marulho mobiliza redeiras e costureiras caiçaras para converter esse resíduo de nylon em sacolas, fruteiras e outros produtos.
Aos 16, Fernanda Stefani ficou impactada por uma reportagem sobre biopirataria. Hoje, ela lidera a 100% Amazonia, que transforma ativos produzidos por comunidades tradicionais em matéria-prima para as indústrias alimentícia e de cosméticos.