Quem é responsável por uma criança ou adolescente sabe quão aflitivo é receber uma ligação da escola dizendo que o(a) aluno(a) está passando mal.
Após a chamada, instala-se uma sensação de angústia, quando muitas vezes a história poderia se desenrolar de forma mais simples. É no que acredita o médico carioca Rafael Kader, 27, CEO da Coala.
Rafael diz que observou essa situação muitas vezes, quando participava, ainda na faculdade, de um projeto social de promoção de saúde básica em escolas públicas de regiões vulneráveis do Rio de Janeiro.
“Geralmente o aluno doente ia procurar o educador responsável, que na maioria dos casos ligava para alguém da família. Essa pessoa, por sua vez, saía apreensiva do trabalho, pegava trânsito, levava a criança ao pronto-socorro, onde demorava para ser atendida ou não tinha seu problema resolvido”
Cofundada por Rafael com um amigo da época de graduação na UFRJ — o também médico Mateus Mattos, 29, COO da empresa — e um amigo de infância e desenvolvedor, Matheus Peressoni, 28, (CTO), a startup atua em colégios privados de educação básica, e se posiciona como a primeira plataforma de saúde escolar do Brasil.
Atendimento em poucos cliques: O responsável na escola pela área de saúde, junto com o(a) aluno(a), se conecta na plataforma de telemedicina a um(a) médico(a) do time da Coala e aos responsáveis pela criança ou adolescente “em até 79 segundos”.
Rafael exemplifica o funcionamento com o caso hipotético de uma aluna do ensino médio que está sofrendo com cólicas menstruais: pela plataforma, o médico consegue passar a ela e à família orientações para aliviar o quadro, fazer o encaminhamento para um especialista ou até prescrever alguma medicação.
“Isso só acontece caso no prontuário do app haja o consentimento dos responsáveis e o registro de que a aluna não apresenta nenhuma alergia”
Neste caso, a própria escola se encarrega de providenciar o medicamento (ou os responsáveis podem enviá-lo usando um app de delivery). Se for preciso um atendimento médico presencial por motivos de acidente, por exemplo, a Coala cobre as despesas em um hospital de referência.
O acompanhamento continua: Após a consulta, a Coala continua a se inteirar sobre a saúde dos alunos:
“Esse atendimento de ponta a ponta ajuda na melhor recuperação clínica para que o(a) aluno(a) consiga estar o maior tempo possível na sala de aula, reduzindo o absenteísmo e impulsionando o seu desenvolvimento pedagógico”
A startup ainda envia conteúdos digitais para a família relacionados ao assunto.
E as enfermarias escolares? O objetivo da Coala não é acabar com as enfermarias escolares, mas ser um complemento nos colégios em que já há esse setor ou atender integralmente as necessidades dos colégios que não têm esse espaço ou um profissional alocado.
“A Coala chega pra impulsionar e complementar essa jornada de cuidado, com a ferramenta do respaldo médico, um apoio que muitas vezes os enfermeiros não poderão oferecer pela alta demanda ou por não terem as habilidades técnicas necessárias”
Hoje, a startup conta com uma equipe própria formada por cerca de 25 profissionais, entre enfermeiros e médicos (pediatras, na maioria), além de uma líder de nutrição escolar e infantojuvenil e uma área de psicólogos em desenvolvimento para cuidar da saúde mental dos alunos.
Quem paga é a escola: A startup foca no modelo B2B, oferecendo um plano de assinaturas que varia de acordo com a quantidade de alunos. O contrato tem duração média de 36 meses.
Hoje, segundo a startup, mais de 150 escolas (o equivalente a 50 mil usuários) de todo o Brasil são clientes da Coala; entre elas, Rafael cita o Grupo Salta, Raiz Educação, Maple Bear, Colégio Força Máxima (RJ) e Instituto de Ensino Apogeu (RJ).
Médico x empreendedor: No começo da Coala, Rafael sentia uma desconfiança do mercado sobre seu tino para tocar um negócio.
“Fomos muito julgados e questionados. As pessoas não olhavam para a gente como olham para outros empreendedores com formações no ambiente corporativo e MBAs. Mas a gente vivenciou na prática gestão de crise na frente de Covid, dentro de redes hospitalares, em projetos de operadoras etc.”
Essa impressão logo se desfez e, em 2022, os fundadores conseguiram um aporte de investidores-anjos do mercado de educação. Em 2023, levantaram uma rodada seed de 12,5 milhões de reais, liderada pela Owl Ventures. Mais recentemente, a startup foi selecionada para a próxima turma do programa Scale-up, da Endeavor.
“Cada vez mais, junto de outros colegas da área, como o Guilherme Weigert, da Conexa Saúde, estamos mostrando que médicos também são capazes de criar negócios escaláveis, que impactam milhares de vidas e são sustentáveis.”
Lesões na medula e a remoção da próstata interferem enormemente na vida sexual dos homens. Cofundador da Comphya, Rodrigo Fraga quer estimular ereções com eletrodos implantados na região pélvica e acionados por controle remoto.
“Passamos três noites sem dormir para criar essa solução”: Luciano Lorenz, fundador da WebMed, conta os bastidores do desenvolvimento de uma plataforma online que conecta médicos voluntários e vítimas das enchentes no Sul.
Criar um chatbot contra a prescrição indevida de antibióticos. Essa é a próxima missão da Munai, que aposta em inteligência artificial para ajudar hospitais a evitar erros médicos e reduzir o tempo (e o custo) de internação.