Também conhecido como “lixo zero”, “desperdício zero” ou “resíduo zero”, é um conceito que propõe que os materiais e resíduos produzidos pelas atividades humanas sejam aproveitados (ou reaproveitados) ao máximo, eliminando a necessidade de serem descartados ou queimados.
O conceito começou a ser formalizado nos anos 1970 e, atualmente, a Zero Waste International Alliance (ZWIA), define o desperdício zero da seguinte maneira – a atualização mais recente é de 2018:
“A conservação de todos os recursos por meio da produção, consumo, reutilização e recuperação responsáveis de produtos, embalagens e materiais sem queima e sem lançamentos na terra, na água ou no ar que ameacem o meio ambiente ou a saúde humana.”
De acordo com a ZWIA, para alcançar o status de “aterro zero”, uma comunidade, empresa ou governo precisa evitar que pelo menos 90% dos resíduos produzidos sejam descartados ou incinerados.
No Brasil, a lei federal que regula o manejo dos resíduos sólidos é a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRL), sancionada em 2010. No capítulo 2º, artigo 7º, estão listados os 15 objetivos desta legislação. O objetivo II dessa lista, aliás, está intimamente conectado a outro importante conceito relacionado a uma boa gestão de resíduos sólidos…
O Ministério do Meio Ambiente, que também atua para promover o manejo adequado dos resíduos, propõe uma ferramenta para facilitar o caminho rumo à meta de “aterro zero”: os 5R’s:
“A política dos 5R’s faz parte de um processo educativo que tem por objetivo uma mudança de hábitos no cotidiano dos cidadãos, deve priorizar a redução do consumo e o reaproveitamento dos materiais em relação à sua própria reciclagem.”
Resumindo, os itens que compõem os 5R’s são os seguintes:
Reduzir
Quanto menor o consumo e o desperdício, menor a geração de resíduos;
Repensar
Sobretudo os nossos hábitos de consumo;
Recusar
Não aceitar produtos ou tratamento de resíduos com significativo impacto ambiental;
Reutilizar
Em vez de descartar;
Reciclar
Se nenhum dos outros R “salvou” o resíduo, que tal diminuir o descarte ao máximo possível, destinando materiais (ou partes deles) para serem transformados?
Agora que você conheceu rapidamente os 5R’s, note como eles estão conectados ao objetivo II, do artigo 7º da PNRL, mencionado anteriormente:
“II – não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos;”
O Banco Mundial, por meio do estudo What a Waste 2.0, estima que cada pessoa produz diariamente, em média, 740 g de resíduos sólidos – podemos chamar de lixo também –, com projeção de que o valor suba para 1,25 kg/pessoa/dia até 2025 (aumento de 69%).
Embora os países desenvolvidos respondam por 16% da população mundial, eles geram 34% dos resíduos globais. Mas a projeção é de que a produção de resíduos de países em desenvolvimento cresça numa taxa mais acelerada do que a de países ricos até 2050: 40% a 19%, respectivamente.
A taxa de coleta desse lixo também é discrepante, variando entre uma média de 44% em países da África Subsaariana e 90% em países desenvolvidos.
De acordo com a versão mais recente do Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil (2021), produzido anualmente pela Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), a maior parte dos resíduos sólidos coletados segue para aterros sanitários: 46 milhões de toneladas em 2020.
Este montante indica que pouco mais de 60% dos resíduos tiveram destinação adequada no país. Por outro lado, isso significa que áreas de disposição inadequada ainda recebem cerca de 40% do total de resíduos coletados.
De acordo com o Panorama 2021 da ABRELPE, citado anteriormente, a geração de resíduos responde por 4% do total de emissões de gases de efeito estufa (GEE) no país.
Por outro lado, o documento aponta que o setor apresenta um importante papel na mitigação dessas emissões. A International Solid Waste Association (ISWA) estima que adotar sistemas adequados de destinação de resíduos apresenta um potencial de mitigação de emissões de 5% a 10% do total.
Ainda de acordo com a ABRELPE, promover a redução da geração de resíduos, a reciclagem e a recuperação de energia podem contribuir com uma redução de mais 5% a 10%. Ou seja, uma política de aterro zero tem potencial para contribuir com a mitigação de até 20% das emissões globais de GEE, além dos benefícios para o meio ambiente, para a saúde pública e para a economia.
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