Aquele pequeno chip que vem dentro do celular, ou prensado no cartão de crédito, pode parecer inocente de tão mínimo. Pois tamanho não é documento: o chip está por toda parte, em todos os equipamentos com conexão em rede, até nos carros. E, por não ser reaproveitado na maioria das vezes, é descartado de forma inadequada aos milhões, diariamente. O estrago é considerável.
O que fazer, então, com estas montanhas de mini-lixos tóxicos despejadas o dia inteiro no meio ambiente? Este é um dos desafios da Kore, empresa global de soluções de Internet das Coisas (IoT) e fabricante de SIM Cards, os tais chips. Para começar, uma ideia simples e eficaz: cortar pela metade o tamanho do corpo do produto. Somente esta iniciativa deverá reduzir a pegada de carbono da Kore em 16%, ajudar os clientes a diminuir o desperdício de plástico em 50%, além de cortar os custos de envio pela metade. A segunda ação da Kore é oferecer tecnologia para a reutilização do SIM Card, uma vez que atualmente eles são descartados – no caso dos cartões de créditos, são incinerados.
“A imagem é de algo muito pequeno, ninguém acha que aquilo é um problema. A gente só se dá conta do tamanho da questão ao pensar no montante. Uma pessoa hoje com acesso à rede e que possua um veículo tem, pelo menos, 3 equipamentos conectados à sua volta: cada um deles tem um SIM Card. São muitos milhões de chips. Uma empresa de cartão de crédito nos informou, por exemplo, que, sozinha, distribui 1 milhão por mês”, observou Sérgio Souza, diretor da Kore.
Dados da empresa apontam que, desde o primeiro lançamento comercial dos chips há três décadas, aproximadamente 4,5 bilhões de cartões SIM são vendidos por ano, representando mais de 560 mil toneladas de dióxido de carbono na atmosfera e mais de 18 mil toneladas de resíduos plásticos anualmente. Em 2020, o Brasil tinha 234 milhões de chips de celulares circulando, segundo a Anatel.
ONDE ESTÃO TANTOS CHIPS
O SIM Card não mora apenas dentro do celular e do cartão de crédito. Ele é um dispositivo de conectividade, utilizado para transmissão das informações. Os cartões trafegam dados e mandam informações de um lado para outro, por meio da tecnologia conhecida como IoT. Ou seja: cada cartãozinho é um microcomputador. Equipamentos de segurança, rastreamento, automação industrial, POS – tudo se comunica por SIM Card. A Kore tem hoje quase 40 milhões de aparelhos conectados no Brasil e a projeção é crescer 10% ao ano.
Segundo Souza, é preciso construir uma cultura de reutilização de cards no Brasil – até porque, atualmente, o mais fácil é jogar fora.
“Temos um sistema que permite que o SIM Card seja reutilizado, o que seria, inclusive, mais barato para as empresas. Cada cartão novo custa de R$ 5 a R$ 8, e é claro que precisa baixar este gasto. O card é um componente eletrônico como qualquer outro e seu descarte precisa ser responsável”.
O executivo afirma que o próximo passo da empresa é incorporar o chip dentro dos equipamentos – o que evitaria o impacto de todo o processo de fabricação, envio, invólucro e, claro, descarte. Este processo já é feito por algumas fabricantes de celulares, como a Apple, que insere o card soldado dentro do aparelho – em geral, ele tem o tamanho da cabeça de um alfinete.
“Será um alívio ninguém mais ter que se preocupar com o famoso cartãozinho”, finalizou.
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