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“A vida é um grande jogo. Mesmo quando parece que estamos perdendo, o importante é continuar jogando, com criatividade e bom humor”

Edu Paraske - 20 set 2024
Edu Paraske, cofundador da startup Fred, da consultoria 16 01 e criador do canal Elefante Limonada.
Edu Paraske - 20 set 2024
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Sabe aqueles dias em que a vida parece uma daquelas partidas de futebol que jogávamos quando éramos crianças? Aqueles jogos em que, mesmo dando tudo de si, parece que o universo inteiro está torcendo contra? 

Bem, minha jornada começou exatamente assim. Desde pequeno, sempre fui aquele garoto criativo, inquieto, moleque arteiro, meio rebelde. Só que a vida nos apresenta muitas surpresas, não é mesmo? Ela te coloca em diversas posições – e o drible mais inesperado veio quando meu pai perdeu tudo. 

Lembro do dia em que a bolha estourou e eu recebi uma lição precoce sobre o que significa perder tudo. Meu pai foi à falência quando eu tinha 9 anos. É difícil imaginar como um garoto daquela idade pode lidar com esse tipo de coisa, mas foi nesse momento que comecei a entender que o mundo não era apenas o meu playground particular 

Já de início, mudamos de escola, de vida, de condição – e essa transição foi um divisor de águas na minha história. De uma hora para outra, me vi em outra realidade, onde as regras do campeonato eram completamente diferentes. 

Foi ali que aprendi que a vida não é só sobre vitória ou derrota, mas como você joga com as habilidades que tem. Aprendi que a diversidade, a resiliência e a capacidade de me adaptar eram os super trunfos que eu precisaria carregar comigo. 

NA ADOLESCÊNCIA, TRABALHANDO COMO ANIMADOR DE FESTA INFANTIL, AJUDEI A MINHA FAMÍLIA A SE MANTER DE PÉ

Minha mãe sustentou a casa vendendo Natura e meu pai, sendo representante comercial da empresa que ele não tinha mais. Ou seja, ele ainda vendia para os seus clientes, mas outra empresa fabricava. 

Durante a adolescência, a bola continuou quicando para todos os lados. Minha família lutava para se manter de pé e eu fazia de tudo para ajudar. 

Trabalhei como office boy, entregador de panfleto, de telemarketing, garçom e até de recreador infantil – sim, eu já fui o Frajola, Piu Piu e o Power Ranger vermelho em festas infantis. Experimente dançar “Ilariê” e “Estátua” para uma plateia de crianças cheias de energia! 

Todos esses momentos são partes fundamentais do meu aprendizado. Nessa época eu tinha que criar um baile ao final da festa com todo mundo dançando, mesmo com as famílias sem ânimo e com as panças cheias de coxinha. 

Fazia de tudo pra ganhar uma grana e ajudar em casa. Já fui rejeitado no Giraffas e em um lava rápido. Mesmo assim, eu sempre acreditava que tinha algo maior me esperando e fazia meus trabalhos com muita paixão.

DURANTE A FACULDADE, VIREI UM NERD BITOLADO PARA NÃO CORRER O RISCO DE PERDER A BOLSA

Após a temporada de animador de festas, eu virei atendente de telemarketing e entrei no curso de publicidade com o dinheiro emprestado da minha irmã para pagar a matrícula. Foi outro jogo duro. 

No primeiro ano, me afundei em dívidas porque dava todo meu dinheiro em casa, mas mantive o desempenho acadêmico para garantir uma bolsa. Meu pai, com seu jeito habilidoso de negociar, conseguiu resolver a situação na faculdade, mas eu sempre terminava cada ano com algumas parcelas atrasadas da mensalidade. 

Por causa da bolsa, eu tinha que ser um aluno exemplar, então não curti a faculdade como poderia ter curtido – uma das coisas de que me arrependo. Mas na época foi necessário: ser um nerd bitolado foi minha defesa, eu não podia falhar 

Para ser sincero, esse modo de ver o mundo me ajudou a ser um bom aluno e profissional, mas me ajudou menos a ser uma pessoa mais leve. Eu me cobrava e me cobro demais até hoje. Isso traz sucesso, mas tem seu peso.

Percebi meus pais passando por momentos difíceis, com muitas discussões sobre dinheiro e preocupações constantes com nossa situação financeira, apesar de todo amor e carinho. Pedir uma pizza era motivo de briga, não tínhamos dinheiro mesmo. 

Essas experiências me marcaram profundamente, mostrando que sem luta, sem esforço, você não chega a lugar nenhum. E foi essa combinação de ciclos exigentes com um capricorniano teimoso que me moldou.

CONSTRUÍ UMA CARREIRA CORPORATIVA DE SUCESSO, MAS ALGO DENTRO DE MIM GRITAVA POR MAIS

Avançando no tempo, eu me formei e tive a oportunidade de estagiar na Roche Pharmaceuticals e na IT Mídia. Depois, passei pela Unilever, onde trilhei meu caminho até chegar à posição de Coordenador Sênior de Marketing. 

Lembro bem de um episódio enquanto trabalhava na Unilever: recebi uma ligação aflita do meu pai, avisando que a conta de água seria cortada. Imediatamente, pedi licença e corri até o banco. Enfrentei uma fila enorme para fazer um depósito diretamente no caixa, um DOC de 150 reais

A baia da Unilever estava quieta com todos os meus pares ricos, arrumadinhos e cheirosos, enquanto meu pai gritava com o pobre moço da Sabesp que só estava fazendo seu trabalho de cortar a água…

Eu segui, e entrei para o Outback Steakhouse Brazil como Gerente de Marketing. Foi uma experiência e tanto, onde a estratégia de marketing e a comunicação eram temperadas com molho barbecue. 

Nenhum marqueteiro é realmente completo se nunca passou pelo varejo, é o que eu aprendi. É como se o marketing da indústria fosse um tapinha de luva de pelica e o do varejo fosse o Mike Tyson olhando no seu olho. É muito mais pressão e resultados para ontem 

Mas, como eu sempre digo, a vida é um jogo depois do outro, e logo me vi na Samsung, e depois no Google. 

Ah, o Google…! Foi lá que tive o privilégio de trabalhar como executivo de negócios e depois por um curto período em uma experiência como estrategista de marca na França. 

Ganhei o prêmio de funcionário mais inovador da América Latina em 2017, um daqueles momentos em que você sente que o esforço finalmente valeu a pena. Na minha volta de Paris, virei Head de Marketing para o Waze Ads na América Latina 

Entretanto, mesmo com toda a grandiosidade do Google, algo dentro de mim gritava por mais.

EMPREENDI, DEIXEI DE SER O “EDU DO GOOGLE” E PASSEI A SER ESNOBADO POR “AMIGOS” E CONHECIDOS

Foi aí que, em 2019, junto com meu amigo e sócio Léo Brazão, fundei a consultoria de inovação Hub 16 01. O nome, curioso por si só, vem do fato de que ambos nascemos no mesmo dia: 16 de janeiro. 

Empreender não é fácil e nós sabíamos disso. Enfrentamos inseguranças financeiras e desafios de identidade. Saí do Google e, de repente, não era mais o Edu do Google. Era o Edu da 16 01. 

E acredite, o que mais te choca é como as pessoas diferenciam você por isso. Muitos “amigos” e conhecidos simplesmente passaram a me ignorar e esnobar por que não era mais o Edu do Google…

Já quase falimos umas quatro vezes. Recebemos muitos “nãos”, mas também alguns “sins” que nos impulsionaram a seguir. A 16 01 não nasceu sem desafios. Mas nasceu com a certeza inabalável de que somos bons no que fazemos

Nosso primeiro projeto foi para o restaurante Allma, o primeiro restaurante flexitariano do Brasil e do Rio de Janeiro. Hoje, cinco anos depois, já atendemos mais de 80 marcas, incluindo Google, Nestlé, Unilever, Ambev, Sanofi, Bayer, Takeda, Sicredi, entre outras.

A nossa proposta é simples desde o início: com criatividade e conhecimento de negócios como marca registrada dos nossos trabalhos, acredito que o modelo é não ter modelo, que o maior risco é a mesmice e que nunca é tarde para fazer coisas diferentes ou de formas diferentes. 

COM MEU SÓCIO E AMIGO, FUNDEI UMA STARTUP PARA AJUDAR ALUNOS A CONQUISTAR EXPERIÊNCIA E OPORTUNIDADES

E, como se a 16 01 não fosse suficiente, em 2022, Léo e eu fundamos o Fred, uma impact tech que pretende revolucionar a educação no Brasil. Porque, convenhamos, se tem uma coisa que precisa de inovação neste país, é a educação. 

O Fred surgiu da paixão por tecnologias e do desejo de devolver algo para a sociedade. Queríamos fazer algo que ficasse entre o capitalismo desenfreado e as ONGs tradicionais – e assim nasceu a startup, que chamamos de “2.5” (você pode conhecer o início da nossa história aqui neste conteúdo do Draft).

O que o Fred faz é conectar alunos a missões e tarefas oferecidas por empresas de diversos segmentos – e que, quando solucionadas, remuneram os alunos. Ou seja, é como um grande “Tinder uberizado” de oportunidades de trabalho e experiência para os alunos

A plataforma também resolve dores das universidades ligadas à evasão escolar e inadimplência, e das empresas relacionadas a talentos e conexão com jovens. Sua concepção usa tecnologias como inteligência artificial para descentralizar a educação e dar voz ao potencial intelectual, de educação e científico do Brasil. 

Com parte do faturamento da startup, teremos um fundo que distribuirá bolsas universitárias e científicas para mais alunos. Ou seja, é uma roda, onde alunos ganham oportunidade de missões remuneradas, e quando resolvem, ajudam a distribuir mais bolsas e dar mais oportunidades para outros alunos. 

É um projeto ambicioso. Mas, se não fosse, não seria a gente, não é? 

Meu sonho é voltar aqui e contar quantas bolsas de estudo a startup deu, quantas pessoas se formaram na faculdade, quantas pesquisas científicas foram realizadas no Brasil com o nosso apoio, quantas oportunidades de trabalho foram criadas. Quantas vidas e famílias impactamos. 

Por isso somos uma impact tech. É sobre retribuir, inovar e realmente transformar o que está ao nosso alcance.

HOJE, CRIO VÍDEOS EM MEU CANAL PARA FALAR SOBRE A REALIDADE DE QUEM INOVA, COM MUITO HUMOR E ACIDEZ

E, claro, a inovação não para, e eu não sou diferente. Em março de 2024, decidi criar o canal Elefante Limonada, com perfis ativos no Instagram, YouTube e TikTok

O canal nasceu da minha vontade de compartilhar com o mundo um pouco do que aprendi sobre inovação, com muito humor, crítica e acidez, mas ao mesmo tempo descontraído e leve, especialmente sobre o dia a dia como ele é, sobre a realidade da vida de quem inova. 

Falo de criatividade, inovação e desenvolvimento corporativo, sempre com alegria e bom humor – porque, se tem uma coisa que aprendi, é que podemos passar por épocas difíceis, mas a gente pode escolher como enfrentá-los

Essa é a minha história até aqui. Uma jornada cheia de altos e baixos, mas que me trouxe até onde estou. Se você puder tirar alguma coisa disso tudo, que seja a certeza de que a vida é um grande jogo. E, mesmo quando parece que estamos perdendo, o importante é continuar jogando, com pessoas incríveis ao seu lado, com criatividade, inovação e, claro, uma boa dose de humor.

No final, a vida é “elefante limonada”, nome do meu canal de inovação. “Elefante” porque nunca devemos matar nossas ideias, nunca devemos deixar de sonhar. Não pise no elefantinho, ele pode se tornar o maior animal terrestre do planeta. 

E “limonada” porque é preciso fazer do limão uma limonada todos os dias. Toda vitória é mais gostosa quando a gente adiciona o tempero da luta.

 

Cofundador e sócio da consultoria 16 01 e da startup Fred, Edu Paraske tem mais de 20 anos de experiência em multinacionais; com background em marketing, gerenciou marcas, projetos de inovação e criou estratégias para diferentes produtos e categorias para empresas. É criador do canal Elefante Limonada, onde explora a inovação e a criatividade de maneira leve e descontraída.

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