Durante toda a minha vida, ouvi a frase: “Siga sua paixão”. E foi exatamente o que fiz.
Nasci e cresci no Rio de Janeiro. Tenho um irmão, dois anos mais velho. Meus pais hoje estão aposentados: no passado, meu pai trabalhou no setor corporativo financeiro; minha mãe foi uma micro empresária, dona de uma loja de presentes.
Na época em que prestei vestibular, as opções mais prestigiadas eram economia, administração, direito, medicina, engenharia e arquitetura. Acreditei que o curso de economia me daria uma base sólida para qualquer área que eu decidisse seguir no futuro.
Após me formar pela Universidade Candido Mendes, no Rio de Janeiro, decidi me aventurar no mundo da culinária. Desde pequena, sempre amei cozinhar, mas nos anos 1990, os cursos de culinária no Rio eram escassos… Em 1997, arrumei as malas e me mudei para Nova York em busca do meu sonho
Lá, me inscrevi no French Culinary Institute, uma renomada (e hoje fechada) escola de culinária em Manhattan, onde me formei em culinária e confeitaria, iniciando minha jornada nos restaurantes.
Alguns anos depois, conheci meu marido americano, tivemos dois filhos (um menino e uma menina) e nos mudamos para Connecticut, que assim como Nova York fica na Costa Leste dos Estados Unidos.
Os primeiros anos como mãe foram desafiadores. De um lado, via mães em tempo integral insatisfeitas por não se sentirem produtivas. Do outro, via mães no mundo corporativo igualmente frustradas pela falta de tempo para seus filhos.
Eu sabia que ser mãe e chef ao mesmo tempo seria uma missão quase impossível, então decidi empreender no ramo da escrita.
No início dos anos 2000, o boom econômico no Brasil evidenciou uma lacuna no mercado editorial de livros de receitas brasileiras. A insegurança me atormentava: “Como posso ousar escrever em inglês, se nem sou autora na minha própria língua nativa?”
Ignorei essa voz e segui em frente. Voltei a estudar, fiz um curso de jornalismo gastronômico, procurei agências literárias e consegui representação.
Sempre fui o tipo de pessoa que corre atrás, mesmo com medo. O medo sempre esteve presente, mas nunca foi suficiente para me impedir de seguir adiante.
Meu primeiro livro, The Brazilian Kitchen, foi publicado em 2010, por uma editora chamada Kyle Books (mais tarde adquirida pela Octopus Books, ambas do Reino Unido).
Trata-se de uma coleção de receitas clássicas e outras criativas (como feijoada de galinha e bombom de caipirinha), além de contar histórias sobre a cultura brasileira e seus ingredientes.
Em 2010, The Brazilian Kitchen ganhou o prêmio de Melhor Cozinha Latina, conferido pelo The Gourmand World Cookbook Awards, em Paris. Todo ano, essa premiação celebra os melhores livros de comida e vinho, sejam estes impressos ou digitais, bem como programas culinários de TV
Em 2014, publiquei meu segundo livro, My Rio de Janeiro, também pela Kyle Books. É um tributo à cultura e à culinária cariocas, reunindo receitas de restaurantes locais (alguns dos quais já fecharam) com uma abordagem por bairros, destacando suas peculiaridades – e as minhas receitas favoritas.
My Rio de Janeiro foi o gancho que me levou a trabalhar como correspondente de TV para a NBC Universal durante os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016.
Eu mandei os dois livros junto com uma caixa de brigadeiros para um diretor executivo da emissora – e uma carta de apresentação, contando por que eu era a pessoa certa para eles contratarem.
Voltar ao Rio para cobrir as Olimpíadas foi uma experiência incrível: pura adrenalina, do jeito que eu gosto. Cada segmento que gravei para a emissora atingiu uma audiência de 8 milhões de pessoas
Meu terceiro livro, Latin Superfoods, saiu em 2019 pela Skyhorse Publishing, de Nova York. Assim como os anteriores, assinei com o nome Leticia Moreinos Schwartz.
Este livro apresenta receitas saudáveis da culinária latina e nasceu de uma campanha patrocinada pela Merck, empresa para a qual trabalhei de 2013 a 2019 (primeiro como spokesperson e, depois, incorporando responsabilidades como desenvolver mensagens estratégicas, criar receitas e organizar eventos).
A campanha promovia um estilo de vida saudável para as diferentes populações com diabetes tipo 2. Com essa iniciativa, ganhamos 33 prêmios de Melhor Campanha de Marketing. Além disso, produzi e participei do documentário A Touch of Sugar, de 2019, narrado pela atriz Viola Davis, que conquistou 15 prêmios.
Quando meus filhos chegaram ao ensino médio, percebi que poderia ajudá-los com as redações para universidades, já que minha carreira como escritora estava consolidada nos EUA.
As redações universitárias, conhecidas como college essays nos Estados Unidos, são uma parte fundamental do processo de admissão nas universidades americanas. Elas oferecem ao estudante uma oportunidade única para se apresentar de forma pessoal e autêntica ao comitê de admissão
Mais do que apenas notas e resultados de testes, as universidades querem conhecer a trajetória do candidato, seus valores, interesses e de que maneira suas experiências de vida o prepararam para o ambiente universitário. As redações são, muitas vezes, o diferencial que destaca o estudante em um grupo de candidatos com perfis acadêmicos semelhantes.
Escrever essas redações exige não só autoconhecimento, mas também habilidade comunicativa, clareza e, principalmente, estratégia. É aqui que a minha experiência como autora de três livros e centenas de artigos publicados em revistas americanas faz toda diferença.
Como comunicadora e escritora profissional, desenvolvi uma habilidade ímpar em adaptar o tom e a narrativa a cada contexto, e isso é crucial no processo de admissão, onde cada universidade busca características específicas.
Sei como estruturar cada redação para capturar a essência do aluno, alinhando seu perfil às expectativas de cada instituição. Este é um trabalho que vai além da escrita comum; exige uma profissional altamente qualificada para acertar os detalhes e levar o aluno a conquistar uma carta de aceitação
No entanto, inicialmente eu não conhecia todos os detalhes do processo de admissão. Foi então que decidi fazer um curso de dois anos na UCLA (o College Counseling Certificate, que prepara pessoas para apoiar outras nessa tentativa de ingresso). Também visitei inúmeras universidades.
E foi assim que me apaixonei pelo universo da educação.
Ajudei os meus filhos em todo esse processo de inscrição universitária. Incluindo, claro, as redações, que foram muitas.
Meu filho, que atualmente tem 23 anos, foi admitido e se graduou na Cornell University. Já a minha filha, hoje com 21, entrou para a Lehigh University e se transferiu para Syracuse University; agora, está no último ano de faculdade.
Depois de ajudá-los, senti o desejo de também voltar a estudar. E com a chegada da pandemia de Covid-19, vi o momento ideal para retomar meus estudos, de forma remota
Fui aceita no programa de MBA da Cornell University, mas devido aos altos custos e com dois filhos na universidade, busquei alternativas… E fui aceita novamente, desta vez em um mestrado (com foco em comunicação da área de saúde) pela Fairfield University.
Concluí o mestrado neste ano de 2024, quando recebi um prêmio acadêmico, o Professor James J. Keenan Award for Outstanding Achievement in the Communication Department.
(Aqui está o momento em que ganhei o prêmio; dá para ver que eu estava muito emocionada, não?)
Durante esse período, uma amiga me pediu ajuda com a aplicação de seu filho para universidades. O sucesso desse primeiro estudante trouxe outros.
Enquanto cursava o meu mestrado, orientei vários alunos no processo de admissão para programas de graduação e pós-graduação em universidades como Cornell, Lehigh, Syracuse, e New Jersey Institute of Technology, entre outras.
Após mais de uma década como autora e jornalista premiada, eu não estava buscando ativamente uma mudança. A vida, porém, tem seus próprios planos
Foi quando percebi que não deveria seguir apenas minha paixão, mas sim meus esforços. Hoje, aliás, acredito que “Siga sua paixão” – o lema que sempre tinha me servido de inspiração – na verdade não serve para todo mundo… O mais importante é reconhecer os esforços que já fizemos ao longo do caminho.
Não podemos simplesmente ignorar os nossos esforços em nome de uma paixão; em vez disso, devemos encontrar um equilíbrio entre as nossas paixões e os esforços que nos trouxeram até aqui.
Foi assim que fundei, em 2021, a Greenwich College Prep, uma consultoria universitária especializada em orientar jovens no processo de admissão para programas de bacharelado, MBA, mestrado e doutorado em universidades americanas.
A Greenwich College Prep está localizada em Connecticut, na região de New England, conhecida pela alta concentração de universidades distribuídas entre Connecticut, Nova York, Nova Jersey, Distrito de Columbia (Washington D.C.), Massachusetts e Pensilvânia.
Estamos associados à IECA (Independent Educational Consultants Association), HECA (Higher Education Consultants Association) e NACAC (National Association for College Admission Counseling), uma rede internacional que facilita o contato direto com secretários acadêmicos, ex-alunos, professores e outros consultores universitários, criando uma comunidade de educação.
Por meio de conferências regionais, eventos, palestras e workshops, os consultores constroem uma rede de apoio, tanto entre outros consultores quanto com universidades, trocando informações sobre casos, aplicações diferenciadas e desafios
O primeiro contato geralmente é feito pela família de estudantes do ensino médio. No caso de candidatos a MBA, mestrado ou doutorado, o contato é direto com o próprio estudante.
O processo começa com uma conversa preliminar para entender as histórias e necessidades do aluno e sua família. A partir daí, seguimos as principais etapas da aplicação, que incluem: pesquisa de programas acadêmicos; análise das notas escolares; revisão de atividades extracurriculares; redação principal e suplementar; cartas de recomendação; e preparação para exames padronizados.
A aplicação é dividida em três partes: criação de conta no site da universidade e preenchimento das informações básicas (que chamamos de “parte mecânica”); pesquisa de programas, lista de atividades e elaboração das redações principais e suplementares (“parte criativa”); e coleta de documentos, envio de boletins e traduções juramentadas, se necessário (“parte burocrática”).
Ao transitar de uma profissão que amava para outra que amo ainda mais, eu consegui expandir meus horizontes intelectuais, desenvolver um novo vocabulário acadêmico e, principalmente, ajudar cada estudante a escrever sua própria história e atingir seus objetivos acadêmicos
Ao todo, já auxiliei 26 alunos, com excelentes resultados. Embora meu trabalho hoje receba menos visibilidade e prêmios, a satisfação que eu sinto vem das vitórias dos meus alunos. Vitórias das quais eu tenho o privilégio de participar.
Formada em economia pela Universidade Candido Mendes e com mestrado em comunicação pela Fairfield University, Letícia Schwartz é carioca e vive nos Estados Unidos há 27 anos. Ela é fundadora da Greenwich College Prep, uma consultoria universitária especializada em orientar jovens no processo de admissão para programas de bacharelado, MBA, mestrado e doutorado em universidades americanas.
Criado no interior gaúcho, Alsones Balestrin fez do seu doutorado na França um trampolim para voos mais altos. Foi secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia do RS e hoje capacita empreendedores por meio da edtech Startup Academy.
A falência do pai marcou a infância e mudou a vida de Edu Paraske. Ele conta os perrengues que superou até decolar na carreira – e por que largou a estabilidade corporativa para empreender uma consultoria e uma startup de educação.
Frustrados com a carreira, Wesley Klimpel e Patricia Pamplona resolveram cair na estrada e abraçar a vida de viajantes em tempo integral. Hoje, por meio do blog Sem Chaves, eles dividem dicas e histórias de suas andanças pelo mundo.
