Mesmo quem não acredita em astrologia certamente já ouviu falar sobre compatibilidade entre signos do zodíaco, ou sobre algumas características e comportamentos – taurino gosta de mesa farta, canceriano é emotivo e ligado à família, geminiano é comunicativo, leonino é vaidoso e por aí vai.
Será que a combinação dessas características pode ser o prenúncio de um relacionamento amoroso? Ainda: será que temos perdido tempo demais em trocas com pessoas com as quais não temos “compatibilidade astrológica”? Estes são questionamentos que motivaram a criação da startup StarDate, cujo carro-chefe é um aplicativo homônimo, como um Tinder ou Grindr dos astros.
O produto foi idealizado pelos primos Ed (hoje com 29 anos) e Kauanny Ramponi (30), naturais de Iguape, município de São Paulo. Ele já tinha atuado na Accenture e empresas correlatas, em posições de marketing e consultoria estratégica de dados. Ela trabalhara com análise de dados na indústria de energia e utilidades e, mais recentemente, como terapeuta holística.
E tudo começou a partir do término de uma relação…
Em agosto de 2020, durante o período mais crítico da pandemia, o taurino Ed tinha acabado de conseguir uma bolsa de estudos para cursar o mestrado na universidade italiana LUISS, em Roma, o que coincidiu com uma decepção amorosa.
“Sou do signo de Touro, me apaixonei perdidamente por um leonino que não estava tão a fim de mim…”
Ele conta que, “esgotado daquela situação e vislumbrando dias melhores”, deixou seu trabalho (na Becton Dickinson, multinacional de tecnologia médica), entregou sua casa em São Paulo e comprou passagem partindo para a Europa dentro de uma semana, sem nem tempo de se despedir direito das pessoas.
“Mas, para entrar na Itália, eu deveria fazer quarentena de 20 dias em um lugar seguro – e, como a Kau, minha prima, morava em Lisboa, resolvi ir para Portugal.”
Kauanny, ela também taurina, incentivou Ed a buscar aconselhamento por meio do tarô e da astrologia, que indicavam que ele teria compatibilidade emocional e sexual com alguém do signo de Escorpião.
“A Kau, então, me disse que adoraria que fosse possível escolher pessoas com base nisso. Refletimos por alguns instantes e identificamos que essa seria uma ótima forma de filtrar compatibilidade num mar de conexões superficiais. Como não havia nenhum app de relacionamentos que se propunha a fazê-lo, resolvemos construir um”
Ambos já tinham habilidades em marketing, mas Kauanny incluiu a própria expertise como terapeuta. A dupla começou a tirar o projeto do papel em 2022 e fechou o quadro societário em 2023, com a chegada de dois sócios: o geminiano Georges Schnyder (63) – que apoiou com comunicação e tecnologia – e o canceriano Fabrício Oliveira (45), que levou conhecimento em IA e ciência de dados.
Fabrício diz que, no início, não acreditava muito nos astros. “Sou da época em que tinha um serviço de telefone para saber o horóscopo – por coincidência, este foi meu primeiro emprego. Eu tinha 14 anos, ficava trocando as fitas conforme os signos para que, quando a pessoa ligasse, já direcionasse para o dela. Mas quando o astrólogo não mandava a previsão, qualquer um da equipe tinha de fazer, então, fiquei meio cético.”
Se não estava tão seguro sobre a influência dos astros, Fabrício decidiu embarcar no projeto porque via na astrologia um nicho de mercado a ser explorado.
O aplicativo StarDate veio como uma solução para sanar o que Kauanny entende ser um problema comum em outros apps de relacionamento. Justamente o tal do “match”, o momento decisivo na jornada de um usuário desse tipo de ferramenta:
“Estamos em um momento de ascensão de informações. Muita gente, hoje, pode saber mais facilmente seu signo solar, seu ascendente… Mas faz o que com essa informação? O app serve à necessidade de cruzar dados e ver, na prática, a compatibilidade acontecer”
Os idealizadores da StarDate levaram pouco mais de um ano em pesquisa de mercado e conversas com potenciais usuários, astrólogos, tarólogos e profissionais de áreas como relações públicas e marketing.
“Depois que o protótipo estava pronto, milhares de coisas ainda precisavam ser feitas, que iam além da capacidade operacional do nosso time”, diz Ed. “Quando o Fabrício entrou, em 2023, ele trouxe um respiro, fez todo o direcionamento tecnológico, estratégico e operacional em diversas frentes de trabalho. Em outubro daquele ano, lançamos o StarDate Podcast em parceria com a IIA Films para compor mais uma peça do nosso business case.”
Atualmente, é por meio de propagandas no podcast que a startup ganha dinheiro; por enquanto, o app disponível nas lojas online é considerado uma versão MVP, ainda sem funcionalidades premium.
O aplicativo StarDate usa inteligência artificial para fornecer o que os idealizadores chamam de “insights astrológicos em tempo real”.
Os usuários são avisados sobre o nível de compatibilidade com outros conforme interagem na plataforma. Quando há interesse em algum contato – mas, do ponto de vista astrológico, “não dá match” –, o app envia uma mensagem avisando que aquela conexão não é tão promissora…
O contrário também acontece: o aplicativo incentiva a investir em alguém cuja com boa combinação astrológica (por exemplo, nativos de signos do mesmo elemento, ou com planetas que, conjuntamente, formam aspectos favoráveis). Segundo Ed:
“Nossa missão é ajudar os usuários a evitarem a perda de tempo com encontros ruins, antecipando questões de compatibilidade ainda no digital, muito antes de se conhecerem pessoalmente”
O público é formado por gente interessada em estabelecer ligações baseadas, claro, em astrologia, com segmentações por gênero, orientação sexual, idade, expectativa de relacionamento (de longo prazo, casual, amizade ou networking), perfil astrológico e geográfico (cidade, estado e país).
A faixa etária mais frequente é a dos 25 aos 35 anos. Já os signos mais prevalentes na plataforma são Câncer e Peixes. Para quem acredita nos astros, não é mera coincidência, já que são perfis considerados mais românticos e sonhadores.
“Já o signo que menos procura o StarDate é Capricórnio, conhecido por ser desapegado, realista, disciplinado e organizado”, diz Ed.
A StarDate diz estar perto de chegar a 2 mil usuários inscritos. Para turbinar essa base de forma consistente ao longo dos próximos anos, os planos incluem fortalecer o algoritmo e acrescentar novas funcionalidades.
Uma atualização está prevista para ser lançada até o fim de abril: “Daremos início ao modelo freemium – app gratuito com funcionalidades pagas – com venda de recursos personalizados – insights de amor e sexo – e um marketplace com consultas com terapeutas holísticas já integrados ao app”.
Mais para frente, a ideia é incorporar funcionalidades como geração automática de mapa astral, curadoria de locais seguros para os encontros dos usuários (incluindo possíveis parcerias com redes de hotéis), um sistema de verificação avançado e botão de ajuda ligado a órgãos de segurança pública para tornar as trocas presenciais mais seguras.
Em negociação com um “investidor estratégico”, os sócios por ora não divulgam o faturamento. Em paralelo, dizem que vêm participando de eventos do ecossistema (no ano passado, estiveram no Web Summit, em Lisboa) e costurando parcerias de conteúdo com astrólogos e outros profissionais do meio.
Ao rever sua trajetória profissional, Fabrício reflete:
“StarDate é minha primeira experiência B2C e terceira startup – mas é a primeira vez que estou tendo contato, realmente, com as pessoas que consomem o produto. Ter um trabalho que traz satisfação pessoal tem sido um aprendizado”
Kauanny, por sua vez, diz que o trabalho à frente do aplicativo a ajuda a se desenvolver como terapeuta: “Fico responsável por puxar a ‘consciência coletiva’ a partir da ferramenta, de realmente entender que são seres humanos que estão utilizando – e de querer que se desenvolvam pessoalmente”.
Ed afirma que empreender o StarDate é uma forma de ressignificar aquela decepção amorosa que serviu como pontapé inicial para o negócio. “Nem sei dizer o quanto cresci pessoal e profissionalmente nos últimos anos, desde que tive o coração partido. De verdade, me realizo a cada dia.”
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