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ESG em campo: Coritiba mostra de que forma um time de futebol deve cumprir seu papel social e implantar uma gestão sustentável

Cristiane Rangel - 19 set 2022
Lucas Pedrozo, head administrativo do Coritiba.
Cristiane Rangel - 19 set 2022
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O Coritiba, time de futebol paranaense popularmente conhecido como “Coxa”, decidiu abrir caminho e dar exemplo aos demais clubes brasileiros em assuntos que não tratam diretamente de bola em campo: a sustentabilidade e o ESG. “Por que não? Por que um clube não pode incorporar o ESG, já que estamos falando de uma empresa, de sociedade anônima de investidores no futebol? Nada mais natural do que os clubes integrarem essa dinâmica também”, afirma Lucas Pedrozo, Head Administrativo do Coritiba.

Recentemente, o time foi o primeiro brasileiro a aderir ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) e tem ampliado cada dia mais suas ações ambientais, sociais e de governança.

Para o executivo, é possível unir futebol com responsabilidade social e ambiental, pois a afinidade entre essas atividades é inegável. “O futebol tem um papel social muito importante que vai, do entretenimento, aos aspectos relacionados à família e à sociedade. Pela força, pela capilaridade que o futebol tem de entrar em qualquer segmento da sociedade, acredito que existe um potencial muito grande para que o esporte leve as práticas ESG para a sociedade de modo geral”, observa.

Entretanto, os times brasileiros ainda não se animaram para fazer o mesmo. Por isso, Pedrozo pretende, a partir da experiência do Coritiba, desenvolver um modelo para facilitar a implementação em outros clubes. 

“O futebol demanda muito dos executivos, que acabam não tendo tempo disponível para criar ações necessárias de ESG. A pressão, o dia a dia, nos levam a focar simplesmente no jogo por si só, nos resultados. O que nós estamos tentando fazer é colocar a sustentabilidade como uma pauta tão relevante quanto as demais. Para que o clube cumpra com todas as suas finalidades como time e equipe, e também como empresa propriamente dita”.

O QUE FAZ O CORITIBA

Pedrozo conta que a preocupação ESG chegou ao Coritiba há dois anos, quando aconteceu uma modernização da gestão do time. Houve, neste momento, um planejamento estratégico definido para os próximos quinze anos.

“O meio ambiente, a sustentabilidade e a gestão ambiental hoje fazem parte de um dos cinco pilares deste planejamento estratégico. Embora o esporte seja diretamente impactado pelo que acontece em campo, existem muitas outras questões relevantes e necessárias que precisam ser discutidas e implantadas”.

Em 2021, o time realizou a primeira ação de conscientização ambiental, voltada para a preservação da Mata Atlântica. Esta ação marcou o início da parceria com a SPVS – Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental. No mesmo ano, o clube lançou o uniforme de número três, cuja camisa foi feita a partir de fios reciclados. Ao fundo da camisa, no design, uma araucária aparece estampada chamando atenção, mais uma vez, para a preservação da Mata Atlântica. Já em julho deste ano, o Coritiba implementou o programa “Nossa Identidade Verde”, que envolve todas as ações ambientais que estão sendo desenvolvidas.

Uma parceria com a startup Green Plat fez com que o time adotasse um software capaz de medir quanto o clube impacta o ambiente. O programa verifica o destino de resíduos durante os eventos esportivos e em todas as atividades realizadas no centro de treinamento e no estádio. Os testes já foram realizados com a medição, a partir de métricas específicas, das toneladas de lixo. “Nós já conseguimos ter alguns indicadores e, a partir deles, iniciamos, então, um dos planos de ação do nosso programa, que é o aterro zero” destaca.

PARCERIA COM CATADORES

Lucas Pedrozo explica que a limpeza do estádio depois dos eventos esportivos podia durar até três dias. A partir dos testes feitos com catadores que fazem parte de uma cooperativa parceira, o processo agora é mais eficiente e dura no máximo três horas – com o benefício de que os resíduos são corretamente destinados. 

“Essas pessoas já estão treinadas para recolher e dar o destino correto ao lixo. E é deste trabalho que sai a remuneração delas, o que está dentro da nossa responsabilidade social, outro ponto fundamental de todas as ações que fazem parte do programa”.

Pedrozo destaca que, para a implantação de um programa de sustentabilidade estruturado, as parcerias são fundamentais. É a partir delas que são implementadas as soluções necessárias. “Os nossos parceiros já trabalham com questões ambientais e de sustentabilidade há algum tempo. Sendo assim, possuem soluções e experiências que nós podemos utilizar. É importante contar com bons parceiros”.

O engajamento dos torcedores é outro passo importante na mira do executivo. O time está trabalhando e montará, em breve, ações de conscientização dentro dos estádios. “Queremos envolver a nossa torcida, seja na educação e informação do que nós estamos fazendo, seja em iniciativas voltadas diretamente para a preservação da Mata Atlântica, por meio de atividades, como o plantio de árvores”. 

“Acredito que o clube é um propagador e também formador de opinião. Não teremos limite para buscar as melhores práticas, que possam chegar em cada vez mais pessoas”. 

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