Prevista para acontecer em novembro deste ano em Sharm El Sheikh, no Egito, a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27) contará com a participação de algumas poucas empresas brasileiras. Dentre elas está a Scipopulis, um braço da green4T, que oferece soluções de tecnologia e infraestrutura digital, com foco em cidades inteligentes, mais especificamente em mobilidade urbana. Ela deverá levar a proposta de redução da emissão de gases de efeito estufa do transporte público utilizando dados e tecnologia para a “descarbonização da mobilidade”.
A companhia sugere avaliar a emissão de gases com base na análise de dados de frota de ônibus por meio de uma plataforma (Trancity), como já faz em 15 cidades, incluindo São Paulo, no Brasil, América Latina e na Europa. A Scipopulis investe também em uma ferramenta de gestão para a administração pública (Plancity), que endereça o planejamento da cidade.
O CEO e cofundador da empresa, Roberto Speicys, diz que a empresa falará na COP27 sobre transição energética e a descarbonização de forma mais eficiente, mudando o foco dos carros privados para o transporte público, responsável por metade das emissões.
“Em São Paulo temos 14 mil ônibus que fazem metade das viagens de uma população de 12 milhões que trafegam na cidade. É muito mais fácil eletrificar 14 mil ônibus, porque o governo consegue usar alavanca de contratos e contrapartidas de concessão, do que 6 milhões de veículos.”
2 MIL TONELADAS DE CO2 POR DIA
A ideia é que a prefeitura passe a considerar no planejamento não apenas o fluxo mais eficiente do trânsito, mas também o impacto no meio ambiente. “Agora esta pauta está sendo mais cobrada porque países estão assumindo compromissos de redução de emissões, e o transporte é que mais impacta. Então passou a ser preocupação do gestor público a forma de tornar mais sustentável, trocar a matriz energética e então fazer essa parte da gestão.”
A frota de ônibus em São Paulo emite 2 mil toneladas de CO2 por dia, segundo Speicys. As concessões de transporte público exigem planejamentos de longo prazo, também considerando a vida útil da frota de ônibus. Entretanto, administrações de cidades grandes, como a capital paulista, passaram a incluir nos contratos metas de redução de emissões. O executivo conta que a política original de 2008 acabou sendo revisada: o plano original era de zerar as emissões em dez anos, mas foi colocado o novo prazo para 2038.
ELETRIFICAR A FROTA
Atualmente a cidade conta com um parque de 200 ônibus elétricos (trollebus) e 20 com baterias de lítio-íon. Há uma diferença entre os dois tipos: os antigos conseguem rodar o dia inteiro, enquanto os novos têm uma autonomia de apenas quatro horas, sem contar o tempo de recarga na tomada. São ônibus mais caros também, custando cerca de três vezes mais. Mas não há os problemas típicos de manutenção do trollebus com os ganchos que ficam presos à rede aérea elétrica.
“Motor elétrico dá muito menos problemas do que a diesel, tem muito menos peças. O TCO [custo total de de propriedade, na sigla em inglês] do ônibus elétrico ao final de 15 anos chega a ser 11% menor do que o movido a diesel, levando em conta valores atuais.”
Conforme comenta o CEO, também se propõe impor benefícios tributários para os elétricos ou mesmo aumentar a alíquota para veículos que utilizam combustíveis fósseis. “Na Noruega hoje é mais caro comprar carro a gasolina do que elétrico. Não é custo de fabricação, mas o governo que equilibra a desproporção sobretaxando o carro a gasolina”, declara.
É preciso promover uma mudança de cultura, entretanto. Roberto Speicys conta que o gestor público sem compreensão da importância do impacto ambiental acaba tornando o diálogo mais difícil para a adoção de medidas. “Felizmente a grande maioria dos gestores já estão convencidos disso, e a conversa flui melhor. Mas ainda hoje encontramos secretários de transporte dizendo que não acreditam em ônibus elétrico – como se dependesse de ele acreditar ou não”, comenta o executivo da Scipopulis.
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