A bola já está rolando na COP 15, em Montreal, no Canadá. Em campo, os jogadores disputam quem vai pagar a conta dos impactos das atividades humanas sobre a biodiversidade do planeta – que são tão devastadoras a ponto de influenciar diretamente as mudanças climáticas que vivemos hoje.
Investidores e empresários desembarcaram no Canadá prontos para a guerra. Eles exigem que os líderes governamentais assinem um acordo ambicioso com políticas fortes – inclusive de regulação – para que orientem companhias que já trabalham na agenda ESG. Ou seja: um acordo histórico.
“Queremos ver uma estrutura que realmente forneça metas claras, definições claras para permitir que ações sejam tomadas. E ajudando a construir um pipeline de projetos e investimentos positivos para a natureza”, disse Tamsin Ballard, diretora de clima e meio ambiente da Princípios para o Investimento Responsável, uma rede de investidores apoiada pela ONU, à agência Reuters.
Quase 200 governos farão parte da COP 15, Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica, e deverão decidir como pretendem garantir que haja mais “natureza” – animais, plantas e ecossistemas – em 2030 do que agora. O ritmo da destruição nunca foi visto antes. A quantidade de populações selvagens desabou em mais de dois terços em menos de 50 anos, segundo um relatório produzido pelo grupo ambientalista WWF em 2020.
Segundo o UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), metade da economia mundial depende de recursos e serviços vinculados a ecossistemas naturais. Para seguir com suas matérias-primas serão necessários cerca de US$ 384 bilhões a cada ano para projetos de natureza até 2025.
“Muitos ficaram surpresos ao ver as empresas pedirem aos governos uma maior regulamentação, mas ficou clara a necessidade de encorajar os conselhos a reformular seus modelos de negócios”, afirmou Andre Hoffmann, vice-presidente da Roche Holdings.
Por fim, os executivos que estão no Canadá acusam os governos de não cumprirem suas promessas até aqui. “Dois anos atrás, todos esses governos disseram ‘vamos colocar trilhões de dólares na natureza’. Simplesmente nunca aconteceu. Porque, novamente, é ótimo pedir e dizer o que é necessário, mas, a menos que você realmente esteja forçando as empresas a fazê-lo, elas simplesmente não o farão”, apontou Martijn Wilder, CEO da consultoria Pollination, à Reuters.
O bagaço de malte e a borra do café são mais valiosos do que você imagina. A cientista de alimentos Natasha Pádua fundou com o marido a Upcycling Solutions, consultoria dedicada a descobrir como transformar resíduos em novos produtos.
O descarte incorreto de redes de pesca ameaça a vida marinha. Cofundada pela oceanógrafa Beatriz Mattiuzzo, a Marulho mobiliza redeiras e costureiras caiçaras para converter esse resíduo de nylon em sacolas, fruteiras e outros produtos.
Aos 16, Fernanda Stefani ficou impactada por uma reportagem sobre biopirataria. Hoje, ela lidera a 100% Amazonia, que transforma ativos produzidos por comunidades tradicionais em matéria-prima para as indústrias alimentícia e de cosméticos.