Biodiversidade é a variedade de organismos vivos de uma determinada região ou mesmo de um planeta. Ele abrange a riqueza e diversidade genética e de espécies em todos os níveis de organização biológica, desde microorganismos até os maiores animais e plantas, bem como as interações entre eles.
A Organização das Nações Unidas (ONU) define biodiversidade assim:
“Diversidade biológica” significa a variabilidade entre organismos vivos de todas as origens, incluindo, inter alia (entre outros), ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte; isso inclui a diversidade dentro das espécies, entre as espécies e dos ecossistemas.
Para a World Wide Fund for Nature (WWF), ONG que promove a preservação ambiental, a definição é a seguinte:
“Biodiversidade – ou diversidade biológica – descreve a riqueza e a variedade do mundo natural. As plantas, os animais e os microrganismos fornecem alimentos, remédios e boa parte da matéria-prima industrial consumida pelo ser humano.”
Apesar de estimativas científicas apontarem para algo próximo a 8,7 milhões de espécies de plantas e animais em nosso planeta, apenas cerca de 1,2 milhões delas (cerca de 13,8%) já foram descritas e catalogadas. Isso quer dizer que a biodiversidade terrestre ainda está longe de ser conhecida em sua totalidade. A ironia é que, ao mesmo tempo em que há tanta biodiversidade por conhecer, mais de 42 mil espécies estão ameaçadas de extinção.
A biodiversidade é essencial para manter não somente o funcionamento dos ecossistemas, mas também o fornecimento de serviços ecossistêmicos, como produção de alimentos, purificação da água, regulação do clima e ciclagem de nutrientes, entre outros. Além disso, uma biodiversidade preservada sustenta valores culturais e socioeconômicos que, localmente, proporcionam recreação, senso comunitário e meios de subsistência por meio de atividades como agricultura, pesca e turismo, por exemplo.
Atualmente, contudo, a biodiversidade está ameaçada ao redor do globo. A atividade humana ameaça a conservação das espécies e das relações entre elas ao passo que gera destruição de habitats, exploração abusiva de recursos naturais, poluição e mudanças climáticas. Os esforços de conservação são cruciais para salvaguardar a biodiversidade e manter o equilíbrio e a sustentabilidade dos ecossistemas da Terra.
O primeiro uso documentado do termo “diversidade biológica” é de 1916, por parte do botânico americano James Arthur Harris, na revista Scientific American. Pouco mais de 50 anos depois, em 1957, foi a vez do biólogo Raymond Fredric Dasmann usar o termo para se referir à riqueza dos seres vivos como algo a ser conservado em seu livro “A Different Kind of Country” (“Um Diferente Tipo de País”, em tradução livre).
A versão condensada, “biodiversidade”, como usamos de maneira comum atualmente, só surgiu nos anos 1980. De acordo com o entomólogo americano Edward Osborne Wilson, o termo foi criado em 1986 pelo biólogo americano Walter G. Rosen, por ocasião da criação do Fórum Nacional de Biodiversidade nos EUA. A partir daí, a palavra biodiversidade começou a aparecer em artigos científicos e se popularizou como conceito a ponto de ser tema de 15 Conferências das Partes (COPs) da ONU (não confundir com as COPs sobre o clima). A edição mais recente da COP da biodiversidade aconteceu em Montreal, no fim de 2022.
Os principais promotores e mantenedores da diversidade biológica são os povos originários de variadas regiões do planeta. Para ficar somente em um exemplo brasileiro, etnias indígenas protegidas em reservas na Amazônia são responsáveis não somente por manter o bioma preservado como também foram seus antepassados que plantaram, ao longo de séculos, a pujante floresta que conhecemos hoje e que presta serviços ecossistêmicos de valor e impacto globais (como a captura de carbono, formação dos ciclos de chuva, fornecimento de ingredientes para indústria farmacêutica e cosmética etc.).
Além das populações tradicionais que criam e mantêm a biodiversidade, há organizações, iniciativas e programas focados nessa missão. A seguir, destacamos alguns:
Criada na Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1992, mais conhecida como Rio-92 (ou Eco-92), a CBD é um tratado internacional que visa a conservação da biodiversidade, o uso sustentável de seus componentes e a distribuição justa e equitativa dos benefícios decorrentes do uso de recursos genéticos. Atualmente, a convenção é formada por 196 países membros.
ONG que trabalha para a conservação da natureza e a sustentabilidade dos recursos naturais. A IUCN organiza, atualiza e divulga a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, uma avaliação global do estado de conservação das espécies de animais e plantas.
Esforço global para mapear a biodiversidade no planeta, com o objetivo de entender melhor os padrões de distribuição de espécies e a dinâmica dos ecossistemas, concentrando dados e disponibilizando o acesso a eles para formuladores de políticas públicas e para tomadores de decisão.
Criado para proteger e promover a polinização de plantas por meio da conservação e restauração de habitats de polinizadores e da conscientização pública sobre a importância destes para a biodiversidade e a produção de alimentos.
O bagaço de malte e a borra do café são mais valiosos do que você imagina. A cientista de alimentos Natasha Pádua fundou com o marido a Upcycling Solutions, consultoria dedicada a descobrir como transformar resíduos em novos produtos.
O descarte incorreto de redes de pesca ameaça a vida marinha. Cofundada pela oceanógrafa Beatriz Mattiuzzo, a Marulho mobiliza redeiras e costureiras caiçaras para converter esse resíduo de nylon em sacolas, fruteiras e outros produtos.
Aos 16, Fernanda Stefani ficou impactada por uma reportagem sobre biopirataria. Hoje, ela lidera a 100% Amazonia, que transforma ativos produzidos por comunidades tradicionais em matéria-prima para as indústrias alimentícia e de cosméticos.