Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, a notícia não podia ser melhor: em novembro de 2025, o Brasil – mais especificamente Belém do Pará – sediará o mais importante evento ambiental do planeta, a 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, mais conhecida como COP-30.
Mas o que isso significa para o país e para os negócios? Com a palavra, Denise Hills, especialista em sustentabilidade estratégica e inovação e UN SDG Pioneer, reconhecimento dado pelo Pacto Global da ONU a dez profissionais no mundo que atuam de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS):
“Podemos pensar em algo ainda mais potente do que foi ECO-92, que, pela primeira vez, trouxe as mudanças climáticas para o centro das discussões mundiais. A COP-30 estar no Brasil e, principalmente, na Amazônia, representará uma oportunidade sem igual para o Brasil potencializar recursos e atrair investimentos”.
Denise participou ativamente das negociações que culminaram na decisão da escolha da Amazônia como sede da COP-30. Ex-diretora global de sustentabilidade da Natura, a executiva já atuou como membro de conselhos administrativos de órgãos mundiais fundamentais como o Pacto Global da ONU, o UNDP (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e foi co-chair do UNEP FI, iniciativa financeira do programa das Nações Unidas para o meio ambiente. Segundo ela, a Amazônia é o lugar essencial para discutir as questões climáticas, uma vez que concentra a maior biodiversidade do mundo. E, sem biodiversidade, não há como começar a pensar em resolver o clima.
“Está na hora de colocar a biodiversidade como solução e não como problema. Será um resgate do valor da natureza, de tecnologias aliadas a ela. A crise do clima só se potencializa quando a biodiversidade não é tratada como solução”, explica. “Houve críticas sobre a última COP ser no Egito, um lugar muito seco. Em 2025, estaremos na Amazônia, um dos biomas mais essenciais no combate às mudanças climáticas, único no mundo. É muito difícil entender o serviço ambiental que a Amazônia presta a todos nós estando distante dela. Trazer o centro das decisões para perto é fundamental”, completa.
As empresas devem se preparar para as oportunidades que a COP-30 trará ao Brasil. Os olhos do mundo inteiro estarão voltados ao país e o que ele tem a oferecer.
“Haverá discussões geopolíticas e econômicas na mesa. Vamos discutir, por exemplo, o mercado regular de carbono. Quase todos os bancos estarão lá com suas iniciativas, as consultorias com seus times ESG. Em um evento como este, desta magnitude, o carbono será uma moeda. É o momento das empresas brasileiras se colocarem como solução e representarem o Brasil nesta nova geopolítica que se traça”.
Como será esta nova geopolítica, o que podemos esperar dela? Denise acredita que os investimentos estarão aliados a um desenvolvimento contemporâneo, que alia um balanço de atividades econômicas com a natureza em pé, em pleno funcionamento.
“É um fino equilíbrio dos sistemas que promovem toda a vida no planeta. E você poderá escolher: de que lado quer ficar?”
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