Quando empresas unem forças para melhorar o país em que atuam o resultado não poderia ser mais impressionante. O Solar Community Hub é o melhor exemplo disso. Fruto de uma parceria da Dell Technologies com a Intel e a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), o projeto está revolucionando o coração da Amazônia. Instalado na comunidade Boa Esperança, a 350 km de Manaus, região da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Amapá, o hub oferece acesso a serviços para cerca de 1,6 mil pessoas. Moradores conseguem, por meio de energia solar, acesso a internet, atendimento em telessaúde, monitoramento socioambiental, propostas educacionais para crianças, jovens e adultos com foco em empregabilidades, conectividade, e educação ambiental.
“É uma iniciativa que passa por tudo o que envolve ESG: desde a filantropia de give back, a responsabilidade social com comunidade, a sustentabilidade, que envolve o equilíbrio, e, por fim, o climate change. Estamos numa região central para resolver as questões climáticas, assim como a floresta do Congo e o sudeste asiático”, afirma Leonardo Tiaraju, gerente de ESG da Dell Technologies para a América Latina.
O hub é um programa global alinhado. A ideia de montar um contâiner de tecnologia para atender populações de regiões remotas nasceu em 2013 a partir das necessidades da Nigéria. Ali nasceu o primeiro Solar Learning Lab, focado em letramento digital, acesso a internet, e oportunidades em educação. A partir de então, o projeto evoluiu e tornou-se centros comunitários customizados para prover serviços. “Para abraçar e ser abraçado pela comunidade”, como lembra Tiaraju. Atualmente, a Dell provê 27 laboratórios solares globais no mundo, incluindo América Latina, Africa, e até em zonas de conflito, como na Ucrânia.
REFERÊNCIA MUNDIAL
A unidade da Amazônia começou a funcionar em 2021 e é hoje a mais completa que existe.
“O hub Amazônia é o único no mundo inteiro que atua de ponta a ponta para atender as necessidades da comunidade, com uma abrangência de serviços que não há em nenhum outro lugar. Tanto que está servindo de referência para a Austrália, onde haverá também um hub em lugar remoto. Querem entender se o modelo brasileiro é replicável”.
Tratam-se de contâiners reutilizados com revestimento de madeira e placas solares. Foi utilizada mão-de-obra local para a construção e a fachada pintada por um artista amazonense. De um lado, fica o espaço educacional, com educadores presenciais treinados vindos da própria comunidade, monitores ambientais e profissionais de saúde. No outro espaço tem a telemedicina, que também conta com profissionais de saúde, armazenamento de remédios, primeiros socorros e vacinas.
Por ser uma área remota, há diversos desafios. A proposta é capacitar as pessoas por meio da tecnologia para que elas possam enfrentar estes desafios. “Ao treinar a comunidade, podemos dar continuidade ao trabalho mesmo com as instabilidades climáticas da região, como ventos e chuvas fortes, por exemplo”, explica Tiaraju.
Além da educação, capacitação e saúde, o Solar Community Hub também realiza atividades de monitoramento socioambiental. Para isso, existem as oficinas socioparticipativas com focos nos jovens comunitários. As atividades dos monitores ambientais consistem em avaliar e monitorar imagens de satélite (focos de calor e desmatamento), roçados, produção agrícola e extrativista e o uso da madeira. Os dados gerados são utilizados para orientação da gestão e o manejo de recursos naturais.
Ao longo de 2022, foram sete jovens monitores ambientais capacitados, que monitoraram 13,5 hectares de floresta nativa e 211 hectares de capoeira (áreas de mata rasa do interior do país), por meio de entrevistas e visita às comunidades da região. A partir da coleta, análise e verificação dos dados e escuta ativa nos territórios, as associações comunitárias podem encaminhar pedidos formais aos órgãos responsáveis de fiscalização.
“A reserva de desenvolvimento sustentável onde trabalhamos é um espaço do poder público. As comunidades ali participam também de programas de governo do Estado. Nossa relação é conjunta. Nosso papel é empoderar a comunidade para que a gente tenha um ecossistema que beneficie as pessoas que trabalhem pela proteção da floresta”.
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