A crescente relevância dos temas ESG aponta para uma necessária agenda de transformação em direção a um novo modelo de desenvolvimento econômico. Na adoção de critérios e práticas mais sustentáveis, as empresas devem gerenciar seus riscos e mitigar seus impactos negativos, além de aproveitar as oportunidades de gerar impactos positivos e criar valor como estratégia de longo prazo. Nesse contexto, em 2020, a Firjan criou um grupo de trabalho empresarial com o propósito de compartilhar práticas, fortalecer e aprimorar a gestão nos aspectos correlatos à abordagem ESG.
A publicação “Critérios e Métricas ESG para a Indústria”, lançada em 2021, foi a primeira publicação brasileira a orientar a indústria sobre o tema, fruto de esforço do grupo de trabalho. Por meio da publicação, posicionamo-nos com protagonismo como uma instituição comprometida com a identificação das melhores práticas empresariais, estratégias de atuação e mapeamento de tendências.
Agora, apresentamos a Pesquisa Firjan ESG 2023 com escopo ampliado e um expressivo alcance que contemplou um público maior e mais diversificado de empresas. O resultado da pesquisa retrata as práticas de 162 empresas, sendo a maior parte delas indústrias de transformação, de médio e grande portes, com atuação nacional. As empresas com atuação multinacional voltaram a apresentar uma maior evolução e maturidade na Agenda ESG.
A participação expressiva da alta liderança na pesquisa demonstra o engajamento com a pauta e fortalece a governança necessária para que critérios ambientais e sociais sejam implementados de forma prática, ética, transparente e eficaz nas empresas. A Pesquisa Firjan ESG 2023 se configura como um importante termômetro para medir a aplicação de critérios e métricas em ESG na indústria fluminense.
Destaco um elevado nível de conhecimento das empresas sobre o ESG: 85% adotam os critérios na sua estratégia de negócios e 71% na gestão dos fornecedores. Entre os eixos temáticos mais adotados, o eixo Ambiental se destaca, mas houve também um crescimento expressivo na adoção de práticas do eixo Governança. Os critérios ambientais são amplamente usados no acesso ao crédito, na concessão de empréstimos e na classificação de empresas. Foi possível notar também um aumento no percentual das empresas que adotaram critérios do eixo Social.
Outro ponto relevante, é que a maioria das empresas enxerga a reputação junto à sociedade como a maior vantagem da adoção de critérios ESG em suas estratégias de negócios. Os principais desafios encontrados pelas empresas que adotam critérios ESG são externos e giram em torno da maturidade do tema no cenário empresarial brasileiro.
Apesar do alto conhecimento do termo e da ampla adoção dos três eixos, metade das empresas considera um desafio encontrar fornecedores e parceiros que adotem critérios ESG. Os impactos potenciais relacionados às mudanças climáticas foram considerados grandes ameaças de escala global ao desenvolvimento econômico atual e uma preocupação dos investidores, acionistas e do mercado de uma forma geral. A gestão do carbono vai além de um critério ambiental, sendo um aspecto crucial na gestão de risco do negócio e estreitamente associado à sua cadeia de valor.
As exigências de mercado por produtos com menor pegada ambiental e a precificação de carbono estão na pauta das questões que afetam a competitividade das empresas, por outro lado, existem oportunidades de inovação e participação em mercados de carbono.
As mudanças climáticas têm impulsionado nas empresas a adoção de compromissos públicos e metas de descarbonização. No estado do Rio de Janeiro, desde 2012 as indústrias reportam seus inventários de emissão de gases de efeito estufa ao órgão ambiental estadual. De acordo com o novo Portal de Mudanças Climáticas do governo do estado do Rio de Janeiro, em 2023, mais de 100 empresas reportaram seus inventários corporativos.
Os principais resultados da pesquisa indicam que encontrar o equilíbrio entre as prioridades financeiras e os aspectos ambientais e sociais é um grande desafio. Assim, incorporar uma perspectiva de ESG nos negócios não deve ser visto como algo distante e inalcançável, mas sim como uma jornada de transformação que pode ser percorrida por empresas de todos os portes e setores de atuação. Fica claro que as grandes empresas têm um importante papel como impulsionadoras das mudanças necessárias na cadeia de valor para ampla adoção da agenda ESG.
Uma boa governança é o caminho para negócios mais sustentáveis, por permitir que as empresas estejam preparadas a longo prazo, a partir de um senso de propósito e de entrega de valor para seus investidores, acionistas, colaboradores, consumidores e todos os outros stakeholders.
**Marco Saltini é vice-presidente da Firjan CIRJ, coordenador do grupo de trabalho empresarial ESG da Firjan e diretor de Relações Institucionais e Sustentabilidade da VW Caminhões e Ônibus.
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