Criada no bairro nobre de Moema, na capital paulista, Michelle Fernandes, 30 anos, se orgulha mesmo é de viver no Capão Redondo, periferia na zona sul de São Paulo. Sua mãe era empregada doméstica e morava nas casas em que trabalhava, como a de Moema, e só conseguiu comprar o próprio imóvel quando Michelle tinha 18 anos. Antes de inaugurar a Boutique de Krioula, em 2012, ela já era adepta dos turbantes coloridos e alegres. Hoje, sua marca conta ainda com uma linha de bijuterias de inspiração étnica. A empresária conta aqui sua trajetória e fala sobre formas de valorizar a beleza negra.
Por que as mulheres negras devem reverenciar suas raízes usando turbantes e acessórios étnicos?
Michelle – Acho importante porque resgata nossa autoestima e desvincula os turbantes do viés religioso. Já sofri preconceito e os turbantes, até por motivos anatômicos, me fazem andar de cabeça erguida e com a postura ereta. É isso que quero transmitir com o meu trabalho, que as mulheres negras se orgulhem de suas raízes e se sintam seguras assim. Além do mais, acho que as crianças negras carecem de referências da cultura dos seus antepassados.
Como surgiu a ideia da Boutique de Krioula?
Sempre quis empreender criando algo que valorizasse a cultura afro. Meu marido trabalhava na indústria têxtil e às vezes trazia retalhos para eu treinar novas amarrações de turbante. Foi então que tive a ideia de criar uma página no Facebook, em que vendíamos algumas peças, e um canal de tutoriais no YouTube. Em meados de 2013 lançamos o site e a linha das chamadas afro joias. Hoje temos representantes em Salvador, no Rio de Janeiro e em Angola.
O que te inspira a criar as peças?
Do meu ateliê, no Capão Redondo, testo tecidos adequados para amarrar no cabelo e busco referências de estampas africanas e em sites americanos. A padronagem de tecidos de Angola e da Costa do Marfim são as que mais encantam.
Qual é a sua rotina de beleza?
Não fico sem batom, blush e delineador, e não durmo de maquiagem de jeito nenhum, além de usar hidratante à noite. Mesmo tendo a pele negra, uso protetor solar, sim. No campo do bem-estar, acho superimportante praticar alguma atividade física (eu faço pilates) e beber muita água. Nada de refrigerantes ou sucos artificiais.
Como você cuida dos cabelos?
Muita gente pensa que cabelos black power não precisam de cuidados: pelo contrário, eles são muito sensíveis e passíveis de danos. Como a oleosidade natural do couro cabeludo não chega às pontas, eu faço hidratação toda semana e, em casa, uso uma linha de produtos específicos.
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